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Avaliação da Qualidade da Água da Lagoa de Marapendi – Rio de Janeiro, RJ

Resumo

Lagoas costeiras são ambientes naturais, localizados entre o continente e o oceano, proporcionam uma série de serviços ambientais e servem como corpo receptor de águas pluviais. No entanto, estas zonas têm sido submetidas a constantes processos de degradação, devido às atividades antrópicas. O presente trabalho teve como principal objetivo realizar o diagnóstico ambiental da Lagoa de Marapendi, localizada no município de Rio de Janeiro, utilizando-se como base os dados históricos de qualidade da água de três estações de monitoramento, no período de 2010 a 2017. As variáveis utilizadas foram a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Oxigênio Dissolvido (OD), Fósforo Total (PT), Série Nitrogenada e Coliformes Termotolerantes. Os dados foram comparados com os padrões estabelecidos pela legislação e os resultados, para todos os parâmetros físico-químicos, não estavam em conformidade com os valores da Resolução CONAMA nº 357/2005 na maior parte do período, revelando que a Lagoa de Marapendi não apresenta um grau de qualidade adequado, provavelmente em razão de lançamentos irregulares de esgoto sem tratamento. A parte leste da Lagoa, por ter maior influência do regime de marés, apresentou os menores valores dos parâmetros de qualidade da água. O ponto localizado a montante da Lagoa apresentou a pior condição de qualidade ambiental, que pode ser justificada pela mesma razão, i.e., a baixa capacidade de renovação de águas nesta região da Lagoa.

Introdução

As lagoas costeiras estão localizadas entre os ambientes marinho, terrestre e dulcícola, ocupando áreas deprimidas e alagadiças, caracterizando-se por possuir pouca profundidade e alta produtividade (KJERFVE, 1994). Estes ambientes funcionam como importantes indicadores ambientais, pois são receptores naturais de água e sedimentos, sendo, portanto, áreas representativas das condições ambientais de planícies costeiras e da qualidade da água da sua bacia de contribuição. Elas são encontradas na linha de costa de todo o mundo, representando cerca de 13% da área costeira mundial (KNOPPERS, 1994). Estes corpos aquáticos urbanos, além de servirem como zonas naturais de captação de escoamento de águas pluviais, oferecem valores estéticos e recreativos à população. Além disso, fornecem alimento e proteção para diversas espécies animais e vegetais (STEWART et al., 2008). No entanto, devido à baixa cota altimétrica aliada à sua condição lêntica, além de estarem localizadas em regiões de grande ocupação humana, estes sistemas são classificados entre os mais ameaçados do mundo, pois estão sujeitos a poluição e ocupação desordenadas (SANTOS, 2014).

No Brasil, as lagoas costeiras são encontradas ao longo de toda a sua costa, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, destacando-se o estado do Rio de Janeiro, onde estão localizadas grande parte delas (MARINHO; FONSECA; ESTEVES, 2016).

Entretanto, nas últimas décadas, estes sistemas vêm sofrendo grandes transformações decorrente do intenso processo de degradação causado pelas atividades humanas, que submete estes ecossistemas a um forte estresse, contribuindo para a deterioração da qualidade de suas águas (KJERFVE, 1994).

Dentro deste contexto destaca-se o bairro da Barra da Tijuca no município do Rio de Janeiro, que vem passando por uma rápida expansão, tendo seu grande impulso de ocupação na década de 70, mas que perdura em menor escala até hoje (RIGUETTI, 2009). No período entre 1960 a 2013, a população da Barra da Tijuca cresceu quase 10 vezes mais que a do município do Rio de Janeiro, causando um aumento significativo da densidade populacional da região (DATA RIO, 2013).

No entanto, o poder público nem sempre consegue acompanhar o ritmo dessa expansão, carecendo de infraestruturas urbanas de água e esgoto. Com isso, a região pode ser afetada pelo lançamento inadequado de esgoto doméstico e resíduos industriais em seus corpos d´água, prejudicando a qualidade das águas, com riscos de propagação de doenças de veiculação hídrica, além da ocupação irregular de suas margens. De fato, o Complexo Lagunar de Jacarepaguá (CLJ), particularmente a Lagoa de Marapendi, vem sofrendo um processo de eutrofização devido ao enriquecimento de nutrientes, potencializado pelo lançamento de despejos domésticos em suas águas (CERQUEIRA, 2006; SILVA, 2004). A degradação da qualidade da água tem causado modificações significativas em suas condições físicoquímicas, nas comunidades biológicas no ambiente e na produtividade do sistema, prejudicando o exercício dos usos múltiplos da Lagoa (PIMENTA; MARQUES, 2003).

Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo principal realizar o diagnóstico ambiental da Lagoa de Marapendi com base na análise da condição de qualidade da água no período de 2010 a 2017, através de indicadores físico-químicos, gerando conhecimento a respeito da condição atual desta Lagoa, que vêm sofrendo com a intensa ocupação urbana em suas margens. Além disso, os dados gerados com o presente estudo podem vir a contribuir como uma importante ferramenta de planejamento e gerenciamento ambiental de suas águas e do uso da terra no seu entorno.

Autores: Gabriela Cardoso Lyra; Lauren Nozomi Marques Yabuki; João Gabriel Thomaz Queluz; Marcelo Loureiro Garcia.

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