As propriedades organolépticas da água são aquelas que podemos perceber pelos sentidos humanos — ou seja, visão, olfato, paladar e, em alguns casos, tato.
Elas não indicam necessariamente se a água é potável ou não do ponto de vista químico ou microbiológico, mas afetam diretamente a aceitabilidade e a percepção de qualidade da água.
Podemos citar as seguintes propriedades Organolépticas da água:
-
Cor
A água potável deve ser incolor.
A presença de cor pode indicar material orgânico em decomposição, ferro, manganês, ou até poluentes industriais.
-
Turbidez
Refere-se à clareza da água. A água ideal deve ser transparente.
A turbidez elevada pode indicar partículas em suspensão, como argila, matéria orgânica ou microrganismos.
-
Odor
A água potável deve ser sem cheiro.
Odores desagradáveis podem vir de compostos orgânicos, presença de algas, contaminação química ou biológica.
-
Sabor
A água pura tem um sabor neutro.
Sabores estranhos, como metálico, salgado ou terroso, podem ser sinal de substâncias dissolvidas, como ferro, cloro ou sulfetos.
-
Temperatura
Embora não seja uma propriedade química, a temperatura afeta a percepção do sabor.
A água muito quente ou muito fria pode ser menos agradável ao paladar.
-
Tato
Sensação ao toque: Pode parecer oleosa, pegajosa ou espumosa, indicando substâncias estranhas.
Essas propriedades são usadas para avaliar a qualidade sensorial da água e são consideradas nos padrões de potabilidade estabelecidos por órgãos como a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o Ministério da Saúde (Brasil).
Como esses parâmetros são fiscalizados ou quais são os limites aceitáveis segundo a legislação brasileira?
A Portaria GM/MS nº 888, de 4 de maio de 2021, estabelece os padrões de potabilidade da água para consumo humano no Brasil, incluindo parâmetros organolépticos que afetam diretamente a aceitação sensorial da água. Esses parâmetros são fundamentais para garantir que a água fornecida à população seja não apenas segura, mas também agradável ao consumo.
Parâmetros Organolépticos e seus Limites
Abaixo, seguem os principais parâmetros organolépticos definidos na Portaria GM/MS nº 888/2021, juntamente com seus respectivos valores máximos permitidos (VMP):
Parâmetro | Unidade | VMP |
Cor Aparente | uH | 15 |
Turbidez | uT | 5 |
Gosto e Odor | Intensidade | 6 |
Alumínio | mg/L | 0,2 |
Amônia (como N) | mg/L | 1,2 |
Cloreto | mg/L | 250 |
Ferro | mg/L | 0,3 |
Manganês | mg/L | 0,1 |
Monoclorobenzeno | mg/L | 0,02 |
Sódio | mg/L | 200 |
Sulfato | mg/L | 250 |
Sulfeto de Hidrogênio | mg/L | 0,05 |
Zinco | mg/L | 5 |
Observação: O nível de turbidez da água é mensurado por aparelhos chamados de turbidímetros ou nefelômetros. Esses dispositivos utilizam a unidade de turbidez NTU (Nephelometric Turbidity Unit) para medir o nível de turvação. Mas de maneira genérica, a unidade que expressa a turbidez também é citada como U.T. ou uT.
Esses parâmetros são essenciais para assegurar que a água não apresente características sensoriais que possam comprometer a experiência do consumidor e, consequentemente, a confiança na qualidade da água fornecida.
Por que as propriedades Organolépticas da água são importantes?
Embora os parâmetros organolépticos não estejam diretamente relacionados a riscos à saúde, eles desempenham um papel crucial na aceitação da água pela população. Águas com características sensoriais desagradáveis podem levar os consumidores a buscar fontes alternativas, muitas vezes sem tratamento adequado, o que pode representar riscos à saúde. Portanto, o monitoramento e controle desses parâmetros são fundamentais para garantir a qualidade da água distribuída.
Técnicos e consumidores podem notar alterações antes mesmo de análises laboratoriais detectarem contaminantes.
Para mais informações detalhadas sobre os padrões de potabilidade e os parâmetros estabelecidos pela Portaria GM/MS nº 888/2021, você pode consultar o texto completo da portaria no site da Imprensa Nacional
Exemplos de Interpretação de alguns dos parâmetros:
- Cor aparente – até 15 uH (unidades Hazen)
O que é: Medida da coloração visível da água.
Causa comum: Presença de ferro, manganês, ou matéria orgânica em decomposição.
Importância: Cor elevada pode indicar contaminação ou problemas no tratamento da água.
- Turbidez – até 5 uT (unidades de turbidez)
O que é: Medida da quantidade de partículas em suspensão.
Causa comum: Argilas, sedimentos, micro-organismos.
Importância: Alta turbidez interfere na desinfecção (cloro menos eficaz) e pode indicar risco microbiológico.
- Gosto e Odor – até intensidade 6
O que é: Avaliação sensorial feita por painel treinado ou percepção da população.
Causa comum: Cloro excessivo, presença de algas, contaminação orgânica.
Importância: Sabores ou cheiros desagradáveis reduzem a confiança na água e podem indicar matéria química ou biológica anormal.
- Ferro – até 0,3 mg/L
O que é: Mineral comum em águas subterrâneas.
Causa comum: Corrosão de tubulações, solo rico em ferro.
Importância: Pode causar manchas em roupas, gosto metálico e alterar a cor da água.
- Manganês – até 0,1 mg/L
Semelhante ao ferro, o manganês pode causar gosto ruim e formação de depósitos nos sistemas de distribuição.
- Sulfeto de Hidrogênio – até 0,05 mg/L
Causa comum: Água com matéria orgânica em decomposição.
Cheiro típico: Ovo podre.
Importância: Pode indicar contaminação por águas residuais ou ambientes anóxicos.
- Cloreto – até 250 mg/L
Em excesso, dá à água um gosto salgado. Pode indicar intrusão de água do mar ou contaminação por esgoto.
- Sódio – até 200 mg/L
Altos níveis de sódio podem afetar pessoas com problemas renais ou hipertensão. Também interfere no gosto.
Para mais informações detalhadas sobre os padrões de potabilidade e os parâmetros estabelecidos pela Portaria GM/MS nº 888/2021, você pode consultar o texto completo da portaria no site da Imprensa Nacional.
Fonte: elaborado por Portal Tratamento de Água com auxílio de IA.
LEIA TAMBÉM: OS IMPACTOS DO PLÁSTICO NOS OCEANOS: MICROPLÁSTICOS NA VIDA MARINHA E NO CORPO HUMANO