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Projeto Águas na Amazônia

Elisabeth Waechter
Jornalista do PNUMA

Oito países atribuem a degradação e vulnerabilidade ambiental às mudanças climáticas.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) escolheu especialmente a cidade de Salvador, Bahia, para lançar, em 25 de Junho passado, durante a III Conferência Bi-anual do GEF sobre Águas Internacionais, o novo projeto da instituição para a Amazônia. O projeto, que tem duração prevista de dois anos e custará aproximadamente 1,5 milhão de dólares.

Esta iniciativa visa ajudar 10 milhões de habitantes da Bacia Amazônica a conservar e gerenciar melhor os seus recursos hídricos, considerados de grande importância econômica, assim como a floresta e as espécies selvagens. A Organização dos Estados Americanos (OEA) será responsável pelo gerenciamento e a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) será o organismo regional que levará adiante o projeto.

Áreas críticas de poluição, hábitats danificados e ecossistemas afetados, serão devidamente identificados. Medidas serão traçadas para reduzir as ameaças e restaurar os danos causados. Outros objetivos incluem a busca de harmonização de Leis que dizem respeito ao gerenciamento da Bacia Amazônica dos 8 países integrantes da OTCA.

Será traçada uma visão regional de como atingir o verdadeiro desenvolvimento sustentável obliquamente nos países participantes. Uma parte importante do projeto objetivará ajudar países e comunidades vulneráveis a se adaptar e lidar com os novos problemas gerados pelas mudanças climáticas. Klaus Toepfer, Diretor-Executivo do PNUMA, disse que acredita que o novo projeto fará parte de um reforço para que a região atinja os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) até 2015.

Este novo projeto, financiado pelo Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF), confirma fundamentalmente o valor econômico crucial da natureza e dos bens e serviços oriundos dos sistemas fluviais, florestas e outros ecossistemas. Isto reflete o fato de não ser o meio ambiente um bem supérfluo, que deve ser cuidado somente quando outros assuntos estiverem resolvidos, mas sim um “Capital Natural”, em par de igualdade, em relação ao Capital Humano e ao Capital Financeiro. “De fato, o projeto sublinha que desenvolvimento sustentável e a conquista dos ODM só serão possíveis por meio do respeito e da boa administração dos recursos naturais do Planeta”, disse Klaus Toepfer.

As pessoas, a terra e os animais selvagens da Bacia Amazônica estão se tornando absolutamente vulneráveis ao fenômeno climático, doenças e declínio do Capital Natural como resultado da devastação, mineração, urbanização e mudanças no uso da terra. Tal fato foi comprovado em 1997 pela ação do El Nino desse ano. A estiagem foi tão grave que milhões de alqueires de floresta foram tomados pelo fogo espontâneo, alavancando doenças respiratórias e outros males. Vários lagos secaram afetando as espécies selvagens locais, tais como tartarugas. A região vivenciou racionamento de energia e a redução da capacidade de transporte do Rio Amazonas e seus afluentes.

Especialistas estão preocupados com o fato de que as mudanças climáticas, vinculadas às crescentes emissões de dióxido de carbono e outros conhecidos gases de Efeito Estufa, possam agravar os problemas da Bacia, tornando a situação ainda mais complicada para as pessoas e animais selvagens. Entretanto, há também a urgente necessidade de lidar com outras questões ambientais, que incluem a poluição de rios originada de atividades como a agricultura e mineração, e que têm impactos para a água potável e para a saúde humana.

O novo projeto, que abrange Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, procurará coordenar os numerosos, porém fragmentados esforços em curso destinados a melhor gerenciar e conservar os recursos naturais da bacia e o “capital” natural.

Ele também desenhará uma estratégia compartilhada e de longo prazo de como alcançar um futuro verdadeiramente sustentável para as pessoas e para o meio ambiente desta vasta e diversa região.

Cinco projetos pilotos serão empreendidos, destinados a mostrar como diferentes comunidades podem lidar efetivamente como as extremidades do clima.

O projeto também tem o objetivo de ser a preparação ou pedra fundamental para um outro ainda maior e mais abrangente, o “Projeto Mega Bacia” de 10 milhões de dólares, agendado para começar em 2007.

Fonte: http://www.eco21.com.br
Julho – 2005

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