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Panorama da cobertura dos sistemas de tratamento de efluentes domésticos de um município no estado de Mato Grosso

Resumo

A situação do setor de saneamento no Brasil, em especial ao esgotamento sanitário apresenta índices alarmantes. No caso dos municípios mato- grossenses, mesmo aqueles que incluem uma pequena parcela de esgotamento por redes coletoras, em geral, atendem apenas uma parte da população, em que muitas vezes apresentam eficiências reduzidas e problemas operacionais frequentes. Nesse contexto, o presente estudo teve como objetivo apresentar uma visão panorâmica dos sistemas de tratamento de esgotos urbanos existentes no município de Várzea Grande – MT. Foram identificadas três modalidades de tratamento, compreendendo os processos: (a) fossa séptica seguida de filtro anaeróbio, (b) lagoas de estabilização, (c) sistemas combinados de reatores anaeróbios (UASB, RAFA, RAC) alguns com tratamento terciário. Sendo assim, o presente trabalho vem relatar um estudo realizado a fim de identificar o Panorama da cobertura dos Sistemas de Tratamento de Efluentes Domésticos existentes no município de Várzea Grande – MT, assim como analisar a magnitude da atual cobertura destes sistemas. Os estudos realizados demonstram predominância nos sistemas de tratamento do tipo Reator UASB, assim como, o resultado do percentual total de efluente coletado e tratado no município foi considerado baixo (29%), porém sabe-se que embora insatisfatório este resultado, ainda não está condizente com a realidade precária e deficiente encontrada no município.

Introdução

Com o crescente desenvolvimento urbano e tecnológico, há consequentemente o aumento do consumo de água nos centros urbanos, gerando assim um maior volume de efluentes sanitários. Estes, uma vez não submetidos a um tratamento e destinações adequados, podem provocar a poluição e degradação do solo, contaminação dos ecossistemas aquáticos e implicações na saúde pública (SOUSA et al., 2004).

Nozaki (2007) afirma que, a maioria das doenças associadas à ausência de saneamento básico está relacionada à água contaminada. Observa-se a veracidade desta informação acerca de diversos indicadores, como segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) em que informa que a cada R$ 1 investido em saneamento gera economia de R$ 4 na área da saúde. E esses dados são considerados conservadores, segundo o Instituto Trata-Brasil, que realiza estudos sobre saneamento e saúde, a economia na saúde pode ser ainda maior: de sete a dez vezes o valor dos investimentos realizados em saneamento.

Usando dados do Sistema Nacional de Informações de Saneamento, SNIS 2013, verifica-se que o percentual de esgotos tratados no Brasil era, no ano 2010, apenas 39,01% em relação à população consumindo água. Já no caso dos municípios brasileiros, de acordo com indicadores da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – PNSB realizado pelo IBGE (2010), os serviços de coleta e de tratamento do esgoto são ainda muito pouco difundidos entre os municípios brasileiros, sendo apenas 28,5% destes fizeram tratamento de seu esgoto, o que impacta negativamente na qualidade de nossos recursos hídricos, e com sérias implicações na saúde pública.

Nos munícipios mato-grossenses não é diferente, estes vivem abandonados pelo governo estadual, que não contribuem para a melhoria e expansão das estruturas existentes. SNIS (2013) destaca que no caso de Mato Grosso, dos 141 Municípios existentes apenas 22 (15,60%) são atendidos com esgotamento sanitário, representando segundo IBGE (2010) 1.579.131 habitantes da população residente total.

O mesmo informa ainda que:

Muitos dos problemas enfrentados no setor de saneamento básico nas regiões brasileiras envolvem uma falta ou má qualidade de projetos; dificuldade na agilidade para obter licenciamento ambiental, assim como para conseguir a regularização dos terrenos em que serão construídas as unidades operacionais dos sistemas projetados; além disso, há exemplos de processos muito lentos para licitações das obras e dificuldades de diversas naturezas para a sua execução dentro dos prazos programados (SNIS, 2013).

Segundo SNIS (2013), em relação aos indicadores do município de Várzea Grande, este encontra-se colocado na posição de 93º dentre os 100 piores índices de coleta no Brasil, apresentando um índice de 16,7%. Destaca ainda que VG apresentou 16,7% de atendimento para coleta de efluente, enquanto a média nacional é de 48,6%. Já em relação ao tratamento, SNIS 2013 destaca para o município de VG atendimento total de esgoto de 15% de esgoto tratado por água consumida, em que a média nacional para tratamento dos municípios é 39%, ou seja, possui tratamento de esgoto em níveis baixos e semelhante à média nacional.

Neste contexto, neste estudo será apresentado uma visão panorâmica dos sistemas de tratamento de efluentes domésticos existentes no município de Várzea Grande (MT) e a amplitude da atual cobertura.

Para melhor entendimento da importância deste trabalho é preciso que se conscientize de que os serviços de saneamento básico devem ser inseridos como prioridade dentro da infraestrutura da sociedade, de maneira a atender às demandas sanitárias mínimas e essenciais da população. Para isso, há a necessidade de se desenvolver e, ou, adaptar tecnologias economicamente viáveis de sistemas de tratamento de efluentes.

Autores: Heloisa Gomes Araujo; Karytany Ulian Dalla Costa e Nayra Nalessa de Campos Monteiro.

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