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Ozonização como tratamento de lixiviado de aterro sanitário: um estudo de revisão

Resumo

O lixiviado de aterro sanitário, formado pela decomposição de resíduos sólidos, possui alta complexidade e variabilidade e é composto por diversas substâncias orgânicas e inorgânicas, incluindo aquelas de difícil degradação. Tais características evidenciam a necessidade de seu tratamento antes do seu lançamento em corpos hídricos. Nesse contexto, diversos métodos de tratamento, isolados e combinados, têm sido testados para a degradação de lixiviados, como a ozonização, um dos processos oxidativos avançados (POA). A ozonização, além de ser considerada uma técnica limpa, por não gerar subproduto sólido (lodo), se destaca por promover a oxidação completa dos poluentes orgânicos presentes nos lixiviados ou ocasionar o aumento de sua biodegradabilidade, melhorando a eficiência de processos subsequentes. Diante do grande potencial da ozonização, este estudo objetivou realizar uma investigação sobre as características do ozônio, a sua aplicabilidade e eficiência na degradação de lixiviados de aterros sanitários. Os resultados obtidos pelos estudos avaliados foram consideravelmente bons, em termos de remoção de matéria orgânica e de outros poluentes. Quando combinada com outros processos, a redução dos poluentes pela ozonização foi ainda mais elevada, confirmando que sua associação com outros processos subsequentes, em geral convencionais, contribui para a obtenção de um efluente final de elevada qualidade.

Introdução

O lixiviado é formado pela degradação física, química e biológica dos resíduos sólidos presentes nos aterros, em associação com as águas pluviais que infiltram na massa de resíduo disposto no local. Esse efluente é em um líquido de elevada coloração e turbidez e, devido à presença de ácidos orgânicos, apresenta forte odor. É composto, também, por diversos poluentes orgânicos e inorgânicos, incluindo aqueles refratários à biodegradação, como substâncias húmicas e amônia (WICHITSATHIAN et al., 2004; SILVA et al., 2013).

Devido às altas concentrações de compostos orgânicos e inorgânicos (nas formas dissolvidas e coloidais) e à sua capacidade de poluir as águas superficiais e subterrâneas, o lixiviado é um dos principais problemas inerentes à degradação dos resíduos nos aterros. Dessa forma, o seu tratamento é de extrema importância para a proteção ambiental e garantia de melhores condições sanitárias para a população (MORAVIA, 2010).

O tratamento convencional dos lixiviados ocorre por métodos: (i) biológicos (aeróbios e anaeróbios), como lodos ativados, lagoas de estabilização, filtros biológicos e reatores anaeróbios, ou (ii) físico-químicos, como oxidação química, adsorção, evaporação, coagulação-floculação sedimentação, flotação-sedimentação e, para poluentes específicos, precipitação química e remoção por arraste de ar.

Comumente as técnicas de tratamento biológico são as mais empregadas, em função do seu baixo custo e simplicidade de operação. No entanto, estes são eficientes apenas para a degradação de lixiviados que apresentam elevada concentração de material biodegradável, relação de demanda bioquímica de oxigênio (DQO) e demanda química de oxigênio (DBO) alta (DBO/DQO>0,5) e baixa concentração de nitrogênio amoniacal, que são característicos de lixiviados mais novos (MARTTINEN et al., 2002; RENOU et al., 2008). Os métodos físico-químicos, por sua vez, têm sido sugeridos para tratamento de lixiviados antigos e diluídos, os quais tipicamente apresentam baixa biodegradabilidade e elevada concentração de amônia e que necessitam de tratamento mais efetivo para a redução de compostos recalcitrantes (MARTTINEN et al., 2002; RENOU et al., 2008).

De acordo com Moravia (2010), geralmente não há uma tecnologia isolada capaz de tratar eficientemente efluentes com elevada carga orgânica recalcitrante, como são os lixiviados. Em função do baixo desempenho dos processos convencionais para o tratamento de lixiviados, processos alternativos têm sido investigados. Dentre eles, os processos oxidativos avançados (POA), como a ozonização, têm se destacado devido à produção de radicais altamente reativos e com alto poder de oxidação.

Os POA são considerados tecnologias limpas e de alta eficiência para remoção de substâncias orgânicas de difícil degradação. Representam uma técnica promissora no tratamento de lixiviado, visto que têm maior capacidade de oxidação de compostos orgânicos que outros processos, como, por exemplo, os biológicos. Além disso, são aplicáveis a uma variedade de efluentes, podem destruir efetivamente os poluentes orgânicos e não simplesmente transferi-los de fase e não geram subprodutos sólidos, como lodo.

Diante desse contexto, este estudo de revisão visou investigar e discutir as pesquisas de aplicação da ozonização para o tratamento de lixiviados de aterros sanitários. Para tanto, foram pesquisados e analisados os principais artigos científicos, teses e monografias inerentes ao tema.

Autores: Ana Paula Jambers Scandela; Danielly Cruz Campos Martins; Renan Souza de Syllos e Célia Regina Granhen Tavares.

 

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