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Observando os Rios 2017 – O retrato da qualidade da água nas bacias da Mata Atlântica

 Introdução

A Fundação SOS Mata Atlântica apresenta neste relatório o retrato da qualidade da água em bacias hidrográfcas da Mata Atlântica, construído pela sociedade com base no Índice de Qualidade da Água (IQA), apurado por meio do projeto Observando os Rios, no período de março de 2016 a fevereiro de 2017. Neste ciclo de monitoramento, foram realizadas 1.607 análises da qualidade da água, em 240 pontos de coleta, distribuídos em 184 corpos d’água, em 73 municípios de 11 estados do bioma Mata Atlântica – Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo –, além do Distrito Federal. As coletas e análises mensais da qualidade da água foram realizadas por 194 grupos de monitoramento, formados por voluntários e organizações civis que integram o projeto Observando os Rios, com acompanhamento e supervisão da equipe técnica da área de Recursos Hídricos da Fundação SOS Mata Atlântica.

Metodologia de Monitoramento

Os dados das análises reunidos neste relatório seguem a metodologia de monitoramento por percepção da qualidade da água, especialmente elaborada para a Fundação SOS Mata Atlântica, por Samuel Murgel Branco* e Aristides Almeida Rocha**. Desde 1993, essa metodologia vem sendo aplicada e aprimorada pelo projeto Observando os Rios com o objetivo de proporcionar condições e instrumentos para que a sociedade compreenda e identifque os fatores que interferem na qualidade da água e, dessa forma, possa se engajar na gestão da água e do meio ambiente.

O Índice de Qualidade da Água (IQA), adaptado do índice desenvolvido pela National Sanitation Foundation, dos Estados Unidos, é obtido por meio da soma de parâmetros físicos, químicos e biológicos encontrados nas amostras de água. Esse índice começou a ser utilizado no Brasil, em 1974, pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) para avaliar a condição ambiental das águas doces superfciais no estado. Nas décadas seguintes, outros estados brasileiros adotaram o IQA, que até hoje representa o principal índice de qualidade da água utilizado no país.

Os parâmetros que compõem o IQA foram escolhidos por especialistas e técnicos como sendo os mais relevantes para serem incluídos na avaliação das águas doces brutas, destinadas ao abastecimento público e a usos múltiplos. A totalização dos indicadores medidos resulta na classifcação da qualidade da água, em uma escala que varia entre: ótima, boa, regular, ruim e péssima.

Para a medição dos parâmetros defnidos no IQA, a SOS Mata Atlântica desenvolveu um kit de análise que utiliza reagentes colorimétricos que permitem realizar as coletas e análises dos indicadores de qualidade da água em campo, por voluntários do projeto Observando os Rios. Os indicadores apurados são reunidos em um sistema de dados georreferenciados, online, que totaliza e disponibiliza o resultado obtido em cada ponto de coleta pelos grupos de monitoramento em tempo real.

A metodologia do Observando os Rios agrega aos indicadores físicos, químicos e biológicos, parâmetros de percepção que permitem que a sociedade realize o levantamento, de acordo com a legislação vigente, utilizando 16 parâmetros do IQA: temperatura da água, temperatura do ambiente, turbidez, espumas, lixo flutuante, odor, material sedimentável, peixes, larvas e vermes vermelhos, larvas e vermes brancos, coliformes totais, oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), potencial hidrogeniônico (pH), fosfato (PO4) e nitrato (NO3).

Os pontos de coleta de água distribuídos na bacia hidrográfca são fxos, georreferenciados e espacializados de forma a permitir a leitura e a caracterização ambiental dos corpos d’água monitorados. As coletas de água são realizadas mensalmente e, ao fnal de cada ciclo de 12 meses, é feita a média dos indicadores aferidos.

A análise comparativa dos resultados obtidos a cada ciclo de monitoramento permite constatar a evolução dos índices de qualidade da água e os impactos da ausência ou da implementação de políticas públicas e de serviços de saneamento básico, usos do solo, cobertura florestal e usos da água nas bacias hidrográfcas monitoradas.

A qualidade da água sofre interferências diversas decorrentes do clima, usos do solo, conservação ou degradação dos ecossistemas da bacia hidrográfca e também dos diferentes usos da água. Os limites defnidos na legislação vigente para os parâmetros que compõem o IQA variam de acordo com a classe do corpo d’água.

Cada classe é defnida com base no uso preponderante da água e no grau de restrição ou permissão de lançamento e de concentração de substâncias presentes na água. No Brasil, esses padrões variam de acordo com a classifcação das águas interiores fxadas na Resolução Conama 357/2005, da seguinte forma (…)

Autor: Fundação SOS Mata Atlântica.

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