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O lixo é um saco

O Ministério do Meio Ambiente, através da Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, lançou uma campanha de conscientização cidadã sobre o grave problema ambiental gerado pelos sacos plásticos utilizados nos supermercados. Distribuídas gratuitamente, as sacolas foram utilizadas inicialmente para transportar os insumos para alimentação e posteriormente, na sua grande maioria para acondicionar lixo. Isto significa que seu destino final são os aterros sanitários ou “lixões” onde levam até 500 anos para sua degradação. Mas, as “sacolinhas” são uma forma de poluição que vai além dos lixões e dos aterros sanitários, responsáveis em grande parte por verdadeiras tragédias urbanas, como inundações e destruição de complexos ecossistemas, como os litorâneos, principalmente manguezais. Elas foram encontradas até nos Pólos. Confundidas com alimento, as aves e animais da fauna marinha, principalmente os cetáceos e tartarugas, são as grandes vítimas. Mais de um milhão de aves e mais de 100 mil mamíferos marinhos e tartarugas morrem a cada ano por essa causa. Em 1996, o empresário francês da área de supermercados, Michel-Édouard Leclerc, lançou a primeira campanha para suprimir o uso de sacos plásticos como embalagem de produtos. Após convencer o poder público, a França adotou a campanha e logo constatou que a taxa cobrada pelas sacolas tinha provocado uma diminuição de mais de um bilhão de sacolas num lustro e poupou o uso de 35 mil toneladas de plástico para este fim. Os desdobramentos benéficos, além de evitar Gases de Efeito Estufa também foram muito significativos no campo da saúde humana. Da França, a ideia espalhou-se pela Europa e os EUA. São Francisco foi a primeira cidade, no mundo, a proibir o uso de sacolas, em novembro de 2007 e, logo a seguir, outras cidades promulgaram diversas leis mediante as quais a data máxima para retirar as sacolas plásticas de circulação é o ano 2015. Paradoxalmente, o primeiro país a proibir as bolsas de plástico foi Bangladesh, em 2002, depois de constatar que os sacos foram um dos fatores que provocaram as devastadoras inundações de 1988 e 1998. Alguns países como Uganda, Quênia, Tanzânia, Ruanda, África do Sul; e da Ásia, Bangladesh, China, Índia e Taiwan decidiram cobrar uma taxa pelas sacolas, com uma significativa redução na sua utilização, em alguns casos em até 90%. No mundo todo, são mais de 500 bilhões de sacolas lançadas ao lixo anualmente e menos do 1% delas são recicladas. A China já poupou 37 milhões de barris de petróleo graças à sua proibição. O Brasil consome anualmente 12 bilhões de sacolas plásticas e cada brasileiro utiliza aproximadamente 66 sacos por mês. Esses dados da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) e outros do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mostram que o estrago das sacolas plásticas já está chegando até locais distantes, considerados verdadeiros paraísos ecológicos e turísticos. Achim Steiner, Diretor-Geral do PNUMA recentemente, ao celebrar oficialmente o primeiro Dia Mundial dos Oceanos apelou aos governos do mundo a proibirem a fabricação e o uso das mencionadas sacolinhas. Há um clamor internacional para acabar com elas. O Brasil, ao adotar a campanha “Saco é um saco”, se alinha com as melhores iniciativas ambientais do mundo.

Gaia Viverá!
Lúcia Chayb e René Capriles
EDIÇÃO 152
JULHO 2009
capa152 Capa: Lixão de Pouso Alegre – MG Foto: Cortesia de Alberto Hektor El-Khouri

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