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Normas Brasileiras e a recomendação de eficiência energética para a elaboração do projeto de estação elevatória de esgoto sanitário

Resumo

Análise das orientações de eficiência energética constantes das normas brasileiras utilizadas em projetos de estações elevatórias de esgoto sanitário (EEE). A pesquisa foi desenvolvida em três etapas. Inicialmente foi realizada revisão bibliográfica, com caráter analítico, da concepção e das partes componentes de EEE. Na etapa II foram identificadas as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) relacionadas ao sistema de esgotamento sanitário, verificando os itens com orientação de eficiência energética para o projeto da EEE. Na última etapa foram analisadas as orientações de companhias de saneamento para a elaboração de projetos de EEE. Foi constatado que as informações de eficiência energética são deficientes nas 12 normas analisadas. Também foram identificados documentos de companhias de saneamento para orientar a elaboração dos projetos de EEE. Com a pesquisa foi constatada a necessidade dos projetistas avaliarem o aumento do tempo de detenção do esgoto no poço úmido, a instalação de medidores de parâmetros hidráulicos e elétricos e o dimensionamento dos conjuntos motor e bomba da EEE, observando o horário de ponta estabelecido pelo setor elétrico, entre outros. Assim, é oportuna a revisão e a atualização da NBR12208/1992 “Projeto de estações elevatórias de esgoto sanitário-Procedimento” e das normas complementares, para disponibilizar recomendações que atendam à evolução tecnológica com a consideração da eficiência energética ainda na etapa de projeto da EEE.

Introdução

A demanda de energia elétrica no Brasil ocorre de maneira irregular, tendo períodos críticos de consumo que exigem geração máxima, e outros com baixademanda (Castellanelli, 2015, p. 7 & Nitatori, 2016, p. 51). Além disso, apresenta tarifa mais onerosa no horário de ponta, normalmente de 18:00 às 21:00 horas, que a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) (2017) cita ser o período de 3 (três) horas consecutivas do dia definido pela distribuidora em função da curva de carga de seu sistema elétrico.
Esse cenário e o grande desperdício de energia elétrica resultam em mudanças na gestão dos prestadores de serviços de saneamento, com destaque para a implementação de ações que aumentem a eficiência energética e reduzam as despesas de energia elétrica na operação dos sistemas de saneamento.
Wallace et al. (2016, p. 165) e Basrawi (2017, p. 240) comentam a importância de minimizar o desperdício e reduzir o custo de energia elétrica na operação dos conjuntos motor e bomba (CMB). Gonçalves et al. (2013, p. 408) enfatizam que nove de cada dez quilowatts-hora são destinados aos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário.
Em muitos casos, o consumo de energia ocorre no período de maior valor da tarifa, no caso no horário de ponta do setor elétrico, em razão de planejamento inadequado, deficiências no projeto de engenharia, instalações construídas de forma provisória, rotina operacional inadequada, manutenção insuficiente dos equipamentos entre outros.
Considerando o custo de energia elétrica crescente, Gong (2012, p. 13), Park (2016, p. 258) e Freitas et al. (2019, p. 3) destacam que a eficiência global de um sistema de bombeamento de esgoto depende da capacidade de adequação às necessidades. Pereira & Soares (2018, p. 197) ressaltam que a eficiência energética das instalações deve ser considerada na elaboração do projeto do sistema de esgoto sanitário (SES).
Ronga et al. (2017, p. 5) e Zeng et al. (2017, p. 71) observam que o planejamentoe o projeto de engenharia devem ser elaborados para operação da estação elevatória de esgoto (EEE) com eficiência energética, sempre observando as ações a serem realizadas de forma sistêmica. Portanto, ainda na fase de projeto devem ser analisadas opções para o funcionamento das instalações ao longo da vida útil do empreendimento.
Assim, o objetivo da pesquisa foi analisar se os procedimentos, critérios e recomendações das normas brasileiras (NBR) são suficientes e adequados para que as condicionantes de eficiência energética sejam analisadas e inseridas ainda na etapa de elaboração do projeto de engenharia da EEE.
Autores: Francisca Nara da Conceição Moreira; Jorge Fernando Hungria Ferreira e José Almir Rodrigues Pereira.
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