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Nanotecnologia e água no Brasil

Resumo: O texto analisa a situação da pesquisa e do desenvolvimento das nanotecnologias para tratamento de água (nano-água), com os propósitos de potabilizar, dessalinizar e/ou despoluir cursos de água no Brasil. Com esses objetivos, revisam-se as informações fornecidas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI – sobre pesquisas que receberam financiamento público no período de 2004 a 2012 e os grupos de pesquisa vinculados ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. Conclui-se que, no total de pesquisas desenvolvidas sobre nano-água no Brasil, a maioria diz respeito à remediação ambiental, o que indica as potencialidades no sentido da despoluição de importantes corpos de água. E, de fato, há suficiente infraestrutura e recursos humanos para a execução de uma política pública, direcionada a solucionar problemas de água para as populações com dificuldades no acesso, a partir da aplicação de nanotecnologias específicas. Porém não existe uma política pública sólida de acompanhamento das novas tecnologias com estudos dos potenciais riscos associados, o que levanta incertezas sobre a sustentabilidade da aplicação das nanotecnologias.

Introdução: Um dos maiores riscos sociais do mundo é a falta de água potável para milhares de pessoas. Mesmo em países como o Brasil, que tem enormes reservas de água potável, esta não é igualmente distribuída nas grandes áreas geográficas e para todos os setores sociais. Na região Nordeste, especialmente nas áreas de clima semiárido, há elevado déficit hídrico que produz escassez de água potável para consumo e para a produção de alimentos e que atinge mais acentuadamente os pobres que vivem nas áreas rurais. O acesso à água constitui um problema socioeconômico, porque, mesmo em áreas onde o recurso não é escasso, os setores mais pobres da população não têm acesso, ou têm acesso restrito; além de que, em muitos casos, a escassez de água está relacionada ao uso excessivo e ao controle privado de reservas por parte do setor agrícola ou industrial. O acesso à água é um problema políticoadministrativo, dados o desperdício e os vazamentos em instalações de distribuição e abastecimento. Mas o acesso à água é também um problema técnico, já que os sistemas de armazenamento, tratamento e distribuição dependem de procedimentos técnicos que podem ser crescentemente melhorados. Este artigo revisa a informação a respeito das potencialidades das nanotecnologias e a investigação que está se desenvolvendo no país com os propósitos de potabilizar, dessalinizar e/ou despoluir cursos de água.

Primeiro se revisa a situação da água no mundo e no Brasil, incluindo as políticas de água no Brasil. Em seguida se resumem as aplicações de nanotecnologia à água e analisam-se a pesquisa e o desenvolvimento desse tema no Brasil, principalmente a partir de informações fornecidas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, em relação a projetos de investigação com financiamento público e grupos de pesquisa no assunto. Conclui-se que, apesar de as investigações em nanotecnologia e água serem marginais no total de pesquisas sobre nanotecnologia no Brasil, há suficiente infraestrutura e recursos humanos para a execução de uma política pública direcionada a solucionar problemas de água para as populações com dificuldades no acesso, a partir da aplicação de nanotecnologias específicas. Porém há falta de orientações públicas em relação aos potenciais riscos das aplicações de nanotecnologia para o tratamento de água, o que suscita a dúvida sobre a viabilidade técnica e principalmente sobre a sustentabilidade em termos sociais e de saúde pública.

Autores: Sandra Maria Batista Silveira e Guillermo Foladori.

Leia o estudo completo: Nanotecnologia e Água no Brasil

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