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Métodos de baixo custo para purificação de reagentes e controle da contaminação para a determinação de metais traços em águas naturais

Autores: Maria Lúcia A. M. Campos, Anderson Bendo e Fabíola C. Viel.

Introdução:  Apesar da preocupação com o meio ambiente ter surgido de modo significativo há apenas poucas décadas, dia após dia, esta preocupação vem tomando novas dimensões dentro dos mais diversos setores da sociedade mundial. A importância da preservação dos recursos hídricos tem levado à necessidade de monitorar e controlar a contaminação destes ambientes, e os metais pesados estão entre os contaminantes mais tóxicos e persistentes do ambiente aquático. Portanto, suas fontes, transporte e destino precisam ser avaliados. Visto que os organismos aquáticos tendem a acumular metais pesados e contaminantes orgânicos em seus tecidos, mesmo quando a água possui níveis desses compostos abaixo da concentração máxima tolerada pela legislação, há grandes riscos de contaminação dentro da cadeia trófica. No caso de peixes, a ingestão de alimentos e água é a rota principal de entrada de contaminantes nesses organismos. Animais filtradores como os mexilhões, filtram vários litros de água por hora, e consequentemente podem concentrar de 10 a 10⁵ vezes vários contaminantes em seus tecidos, com relação à água do mar¹. Se a fração tóxica de um metal encontrada num corpo d’água for alta o suficiente para inibir o crescimento de apenas uma parte da comunidade planctônica, isto pode acarretar no comprometimento de toda a cadeia trófica, levando-se em conta a bioacumulação e os efeitos crônicos que o metal pode causar. Uma das menores concentrações de metais pesados na natureza é encontrada nas águas oceânicas. Mesmo após o desenvolvimento de instrumentos, métodos analíticos suficientemente sensíveis e reagentes ultra purificados para a análise de metais traços (< 50 nmol kg-¹)³ nessas águas, a contaminação das amostras impedia a obtenção de dados coerentes sob o ponto de vista biogeoquímico. Somente após a conscientização de que a amostragem, preservação e manuseio das amostras antes da análise podiam representar maiores fontes de erro que a própria análise química, é que foram publicados, em 1977 e em 1981, os primeiros dados confiáveis da distribuição de cobre e chumbo, respectivamente, em águas de oceano aberto⁴˒⁵. Tendo em mãos métodos extremamente sensíveis e mantendo o controle da contaminação, foi então possível dar início aos estudos de especiação química de metais, e assim, verdadeiramente avaliar a toxicidade de distintas espécies químicas para os organismos aquáticos⁶. A necessidade de utilizar procedimentos limpos na determinação de metais traços não se restringe somente ao ambiente marinho, mas também são imprescindíveis nos estudos envolvendo águas de rios, lagos e estuários, onde pode haver concentrações mais elevadas de metais⁷˒⁸.

O estudo da biogeoquímica de metais traços e sua especiação química em ambientes aquáticos naturais no Brasil é bastante recente, tendo em vista a sofisticação de algumas técnicas e o alto custo da instrumentação e dos reagentes ultra-puros.  A literatura que aborda a prevenção da contaminação e análise de metais traços, na sua grande maioria se refere ao uso de laboratórios limpos classe 100 que, portanto, possuem sistemas de filtração de ar, bancadas de fluxo laminar, superfícies especiais, além de contar com a disponibilidade de reagentes ultra-puros ⁷-¹º; enfim, condições que não são facilmente encontradas em laboratórios de pesquisa no Brasil. Portanto, este trabalho tem como objetivos discutir métodos simples para minimizar a contaminação por metais em laboratório comum; demonstrar a necessidade de observar alguns cuidados de manuseio, que são indispensáveis para análise de metais no nível de traço, e divulgar alguns métodos de baixo custo para purificação de reagentes, que venham ser compatíveis com a realidade de muitas instituições de pesquisa no Brasil. O metal cobre foi escolhido como modelo para testar os métodos de controle da contaminação e purificação de reagentes por ser um metal abundante no ambiente e, portanto, o controle da contaminação durante os procedimentos de manuseio e análise das amostras requer grande rigor. Para a avaliação do cobre foi utilizada a voltametria de redissolução catódica que é uma técnica de grande sensibilidade¹¹ e de custo relativamente baixo, tanto para compra do equipamento como para sua manutenção e uso.

Confira o estudo completo: Métodos de baixo custo para purificação de reagentes e controle da contaminação para a determinação de metais traços em águas naturais

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