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Uso alternativo de lodo de estação de tratamento de água em pavimentação: uma revisão

Resumo

O rápido crescimento urbano e populacional aumentou a demanda por água potável. Consequentemente grandes quantidades de lodo são geradas nos decantadores das Estações de Tratamento de Água (ETA) como resultado do processo de tratamento. Esse resíduo, quando não descartado corretamente pode vir a ser um contaminante para o meio ambiente. O presente trabalho objetiva apresentar por meio de um estudo de revisão de literatura formas alternativas para a aplicação do lodo de ETA em pavimentação rodoviária com ênfase no agregado usado para estabilização e o processo de lixiviação, afim de avaliar uma destinação ambientalmente correta. Por meio da literatura estudada é possível concluir que o lodo pode ser aplicado nas camadas da pavimentação (base, sub-base e subleito), em concretos betuminosos e concretos para a recomposição de calçadas. No que se refere a estabilização, percebe-se o emprego de cimento, cal hidratada e solo. Quanto ao processo de lixiviação, verifica-se a maior presença de Mn, Fe, Al, Cd, Pb e Ni em vários estudos que contemplam esse teste.

Introdução

Com a intensa urbanização nos últimos séculos, especialmente no século XXI, nota-se a necessidade de melhorias na qualidade de vida para a população, principalmente no que se refere a salubridade ambiental por meio do saneamento básico. O crescimento caótico sem o devido planejamento dos núcleos urbanos, através da ocupação de áreas irregulares e sem infraestrutura, causou diversos problemas socioeconômicos e ambientais (Rangel, 2005). Neste contexto, destacam-se as questões desaneamento ambiental e saúde pública, intimamente ligada ao aumento na demanda por água potável e consequentemente na quantidade de resíduo gerado nas Estações de Tratamento de Água -ETA (Ribeiro & Rooke, 2010).

Para o fornecimento de água de abastecimento nos padrões de potabilidade estabelecidos pelas legislações vigentes, uma série operações e processos unitários de tratamento são realizados nas ETA visando garantir sua potabilidade, como: coagulação, floculação, decantação, filtragem e desinfecção (Achon, Barroso & Cordeiro, 2013).

No processo de floculação, caracterizado como a fase de mistura lenta pela adição e dispersão do coagulante para aglutinar as partículas de impurezas presente na água (geralmente o sulfato de alumínio –Al2(SO4)3) por mistura rápida, no qual a principal finalidade é acelerar a colisão das partículas formando a aglomeração de partículas coloidais, os chamados flocos de ETA (Kawamura, 2000), que posteriormente serão sedimentados. O material decantado é chamado de resíduo de ETA(lodo de ETA), característica intrínseca do tratamento.O lodo de ETA é um resíduo não biodegradável rico em minerais de silicatos e matéria orgânica, acrescentados de produtos resultantes dos reagentes químicos que são aplicados durantes os processos unitários (Rodrigues & Holanda, 2013).

A disposição final ambientalmente correta do lodo de ETA é um problema emergente para a sociedade, tendo em vista que quando dispostos em cursos de água sem tratamento adequado, esse material representa uma fonte potencial de riscos ao meio ambiente e a saúde humana pela sua alta toxicidade (Andreoli & Pinto, 2001). O lodo da ETA é caracterizado como resíduo sólido, e proibido em termos legais de ser lançado em praias, mar ou em corpos hídricos, pelo risco de contaminaçãotanto dos corpos aquáticos e animais que habitam esse ecossistema, quanto para população, pratica essa, muito adotada anteriormente a essa legislação (NBR, 2004).

O destino final do lodo provenientes das estações de tratamento é vista como uma atividade de grande importância e complexidade no mundo inteiro, já que normalmente extrapola os limites das estações de tratamento e exige a integração com outros setores da sociedade (Andreoli & Pinto, 2001). Atualmente fala-se em soluções ambientalmente corretas para destinação final desse resíduo. A maior questão é de que forma ele poderá ser empregado com o menor custo possível como alternativa quem não venha a causar danos ao meio ambiente pela degradação do solo ou da água, representando assim, uma problemáticaa ser solucionada. Os lodos gerados nas Estações de Tratamento de Água por serem classificados como resíduos sólidos, é necessário serem tratados e dispostos no meio ambiente e seu reuso deve ser devidamente desidratado em cerca de 65%, podendo ser destinado para adubação, incineração, aterro sanitários e compostagem com lixo urbano (Teixeira, Souza, Souza, Aléssio & Santos, 2006).

Além das utilidades do lodo citadas anteriormente, diversos estudos afirmam que o lodo da ETA pode ser utilizado na construção civil como aditivo para agregados na pavimentação (Hoppen, Portella, Joukoski, Trindade & Andreóli, 2006; Silva, 2008; Costa, 2011; Pereira, 2012; Martinez, 2014;Lucena, Thomé Juca, Soares & Portela, 2014; Coelho, Tahira, Fernandes, Fontenele &Teixeira, 2015; Delgado, 2016; Fernandez & Mikowski, 2016; Alves, 2019; Klein & Oliveira, 2019). Godoi (2013) afirma que o lodo pode ser utilizado em pavimentação de vias aplicando os resíduos provenientes do tratamento de água e esgoto, reduzindo gastose amenizando possíveis impactos ambientais.

Sendo a pavimentação rodoviária uma obra em crescente desenvolvimento e de grande influência na economia do Brasil (Pereira & Lessa, 2011) e o lodo de ETA com ótimas propriedades para ser utilizado na pavimentação rodoviária, contribuindo essencialmente na redução de impactos negativos ao meio ambiente, o presente trabalho objetiva a partir de um estudo de revisão de literatura, analisar o uso do lodo de ETA em pavimentação rodoviária mostrando as principais formas de aplicação desse resíduo. Com ênfase na comparação dos parâmetros do tipo de agregado usado; em segundo plano: o processo de lixiviação e presença de metais pesados.

Autores: Ana Millene dos Santos Silva; Eliezio Nascimento Barboza e Maria Fernanda da Cruz Silva.

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