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Leitos de drenagem cobertos: a busca pela aceleração da remoção de água de lodos de estações de tratamento de água

Resumo

A grande maioria das Estações de Tratamento de Água (ETAs) existentes no Brasil lança seus resíduos (lodos) diretamente em corpos d’água. Por estes resíduos serem de característica fluida, foram desenvolvidas algumas tecnologias para remoção de suas águas. Uma tecnologia natural para remoção de água de lodos de ETAs de ciclo completo é o leito de drenagem, desenvolvido e proposto por Cordeiro (2001). O leito de drenagem possui basicamente duas etapas envolvidas: drenagem e evaporação. Este trabalho apresenta resultados de uma pesquisa, cujo objetivo central foi alcançar melhorias temporais na remoção da água destes resíduos através da utilização de cobertura plástica no leito de drenagem (etapa de evaporação). Dados obtidos para os ensaios realizados em protótipos de leitos de drenagem instalados na ETA de São Carlos-SP demonstraram que, quando se utiliza cobertura plástica (referência comercial PVC 0,30mm), o processo de evaporação da água presente no resíduo é acelerado. A ocorrência de precipitação não interfere em momento algum na remoção de água do lodo. A altura da cobertura em relação ao leito que apresentou os melhores resultados foi de 0,20 m, permitindo-se obter resultado de lodo até mesmo duas vezes mais “seco” que na ausência de cobertura.

Introdução

Os sistemas de tratamento de água para abastecimento público no Brasil, na sua grande maioria, utilizam captação de águas superficiais. Para que ocorra o tratamento da água captada em um manancial, alguns procedimentos devem ser seguidos. Em geral, os procedimentos de tratamento em Estações de Tratamento de Água (ETAs) de ciclo completo são compostos de etapas conhecidas como coagulação, floculação, decantação e filtração. Para que ocorra a coagulação e posterior floculação, produtos químicos (sais de ferro e de alumínio, cal, cloro, polímeros, entre outros) são adicionados à água bruta, facilitando as etapas posteriores. Nos decantadores, grande parte das partículas presentes floculadas sedimenta-se, resultando numa água mais clarificada na camada superior do tanque. Após isso, nos filtros, ocorre a remoção de flocos não sedimentados, permitindo que se atinja um resultado de água com qualidade tal que, para que ocorra sua distribuição à população, geralmente necessita apenas de desinfecção, correção de pH e fluoretação, sendo, esta última, necessidade regida por legislação federal brasileira (Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde).

Uma vez em funcionamento, ETAs de ciclo completo são geradoras de resíduos, os quais se fazem presentes principalmente nos decantadores (devido à sedimentação dos flocos) e na água de lavagem dos filtros (geralmente realizada com ar e água, em fluxo ascendente).

Estes resíduos possuem características variadas (dependendo basicamente da qualidade da água captada, dos produtos químicos adicionados e de condições operacionais), mas geralmente se apresentam na forma fluida e com concentração de sólidos de cerca de 0,1 a 5%. Portanto, trabalhar estes resíduos, consiste em buscar soluções para diminuição de seu volume (remoção da parte líquida), para que se possa dar destinação final adequada.

A grande maioria das ETAs existentes no Brasil lança seus resíduos em corpos d’água sem nenhuma forma prévia de tratamento. A Lei Federal nº 9.605 de 1998, conhecida como “Lei dos Crimes Ambientais”, no seu artigo 54, § 2º, V, tipifica tal conduta como crime, sujeitando o autor do delito às respectivas sanções cominadas.

Dessa forma, como contribuição para evitar a prática do crime ambiental citado, tem-se desenvolvido tecnologias para remoção de água dos resíduos gerados em ETAs. Uma destas tecnologias consiste no método não mecanizado conhecido como leito de drenagem. Este método foi estudado e proposto por Cordeiro (2001) e, mesmo com sua eficiência e viabilidade já comprovadas, novos ensaios realizados com utilização de cobertura plástica demonstraram ainda maior eficiência, sendo uma alternativa para aceleração na remoção da água de lodo de ETAs, cujos gerentes têm interesse pela utilização de tecnologias naturais de remoção de água de lodo.

Esta pesquisa foi desenvolvida na ETA de ciclo completo, localizada no município de São Carlos, SP, Brasil, atualmente gerenciada pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE).

Autores: Beatriz Vaz de Melo; Fernando Bezerra  e Alessandra Lima.

 

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