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Influência do saneamento na qualidade de água em rios: uma análise através da modelagem de qualidade de água

Resumo

A poluição hídrica é um problema nas bacias hidrográficas brasileiras e, embora o monitoramento seja fundamental, não é suficiente para a gestão de recursos hídricos. Dessa forma, o presente trabalho visou apresentar a modelagem de qualidade de água como ferramenta de apoio à decisão na gestão hídrica na bacia do Piabanha/RJ. Devido à urbanização na bacia, essa foi diagnosticada quanto às condições de esgotamento sanitário e qualidade das águas do rio Piabanha, por meio do índice IQAFAL. A qualidade da água no rio foi modelada, através da ferramenta QUAL UFMG, para os regimes de vazões médias, QMLT, e de referência, Q95. Comparou-se os cenários a partir das concentrações e classes de enquadramento, por trechos do rio. Diagnosticou-se que a cidade de Petrópolis, apesar de possuir os melhores índices de esgotamento sanitário da bacia, é a principal responsável pela poluição na bacia do  rio Piabanha. Através da modelagem, caracterizou-se os trechos iniciais do rio com parâmetros comparáveis as classes 3 e 4. Verificou-se ainda que a bacia do Piabanha apresenta vulnerabilidade a cenários de escassez, principalmente, devido à demanda de vazão na calha do rio para diluir os efluentes lançados. Por fim, a modelagem de qualidade de água permitiu identificar, pontualmente, as regiões que mais impactam no rio, e se apresenta como uma importante ferramenta de apoio à decisão na gestão hídrica.

Introdução

A qualidade da água de um rio está ligada, não somente às suas condições morfológicas, hidrológicas e hidrodinâmicas, mas também ao uso e da ocupação do solo na bacia hidrográfica (VON SPERLING, 2014b). O crescimento do uso da água, somado à crescente degradação dos rios, por conta do despejo de efluentes, vem aumentando a procura por novas fontes de água (BENEDINI; TSAKIRIS, 2013; BRAGA et al., 2005). Nesse contexto, a bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul possui grande importância econômica, está localizada no Sudeste e se encontra em progressivo processo de industrialização, urbanização e degradação ambiental (MARENGO; ALVES, 2005).

A poluição advinda do lançamento de esgotos sanitários e efluentes industriais não propriamente tratados impacta gravemente a qualidade da água de rios (DAS et al., 2014). O impacto do despejo de matéria orgânica causa a diminuição da concentração de oxigênio dissolvido (OD) e influencia as condições bióticas do ecossistema, uma vez que a redução da concentração de oxigênio dissolvido impacta gravemente a biota local (ROBINSON; WARD, 2017).

Além disso, o déficit de oferta de serviços de saneamento está diretamente ligado ao aumento dos riscos à saúde através de doenças de veiculação hídrica e do desequilíbrio ambiental (PEREIRA; LIMA; REZENDE, 2018). Essa situação reflete na insalubridade de regiões que não são atendidas por serviços de saneamento básico (ALBUQUERQUE; DALTRO FILHO, 2015; MARCHI, 2015).

Dessa forma, ressalta-se a importância do monitoramento da qualidade de água para o controle e gestão dos recursos hídricos (AMÉRICOPINHEIRO; BENINI, 2019). Contudo, os autores ressaltam que o monitoramento fornece apenas informações passadas, e condições em pontos isolados. Nesse sentido, Dalcin e Marques (2019) afirmam que o modelo de qualidade de água (MQA) é uma boa ferramenta de gestão dos recursos hídricos. MQA permite: diagnosticar a dinâmica dos fenômenos físico-químico-biológicos em corpos hídricos; desenvolver diagnósticos e prognósticos de qualidade de água; interpolar e extrapolar espaço temporalmente as séries de monitoramento qualitativo; além de apontar a deficiência desses dados para planejar redes de monitoramento (CHAPRA, 2008; ROSMAN, 2021).

Portanto, conforme observado em Silva Junior (2020), a plataforma QUAL-UFMG (VON SPERLING, 2014a) se apresenta como uma ferramenta adequada para simular prognósticos de qualidade de água em rios. Dessa forma, esse trabalho objetivou apresentar a modelagem de qualidade de água como uma importante ferramenta de apoio à gestão de bacias hidrográficas, através da ferramenta modelagem de qualidade de água QUAL-UFMG. Diagnosticou se, na bacia do rio Piabanha, sub-bacia do rio Paraíba do Sul, os serviços de esgotamento sanitário na bacia do rio Piabanha e condições de qualidade de água. Dessa forma, foi possível analisar as fontes de poluição, assim como seus impactos neste rio, amparados nos limites estabelecidos para classes de enquadramento.

Autores: Luis Carlos Soares da Silva Junior e José Paulo Soares de Azevedo.

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