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Desenvolvimento de indicadores de desempenho hidroenergético em redes de distribuição de água

Resumo

No contexto dos sistemas de abastecimento de água, os custos energéticos representam o segundo item mais oneroso nas empresas de saneamento, ficando atrás somente dos custos da mão-de obra. Associada à preocupação com um consumo mais consciente dos recursos naturais, surge a necessidade de indicadores que representem o desempenho dos sistemas de abastecimento em relação ao consumo energético, necessário ao transporte de água nas redes de tubulações urbanas. Inexiste, na bibliografia especializada, algum indicador que seja capaz de aferir a eficiência energética de determinada rede de distribuição de água. Nesse sentido, este trabalho propõe o desenvolvimento de um indicador, denominado de Indicador de Eficiência Energética (IEE), que possibilite, aos operadores das companhias de saneamento, o controle do comportamento hidráulico e energético da rede de distribuição de água a partir da comparação entre a operação da rede em um cenário de referência (em geral o de projeto) e o cenário para o qual se deseja analisar essa eficiência. Para tanto, analisou-se uma rede de abastecimento de água em diversas situações operacionais, ao longo da vida útil do projeto, com relação à capacidade de transporte de água das tubulações. Os resultados obtidos foram bastante coerentes, possibilitando a geração de informações aos gestores e técnicos das concessionárias de abastecimento no tocante a possíveis necessidades de intervenção de reabilitação nas redes analisadas. Foi elaborado um estudo de caso para a rede de abastecimento da cidade de Itororó, Bahia, Brasil, cujos resultados constataram a validade do indicador proposto.

Introdução 

Os sistemas de abastecimento urbano de água, constituídos pelas adutoras, redes de tubulações de distribuição de água e instalações elevatórias, são projetos, em geral, muito onerosos e, ao mesmo tempo, fundamentais para a geração do bem-estar social. Os investimentos, incluindo gastos de operação e manutenção, são, igualmente, bastante elevados. Gomes (2009b) destaca que os subsídios fornecidos pelo poder público com o objetivo de promover a redução dos dispêndios com água e energia, fundamentais aos projetos de saneamento, têm se reduzido consideravelmente nas três últimas décadas, tanto no Brasil quanto no mundo. Tal diminuição, sobretudo nas tarifas de energia elétrica, tem aumentado, significativamente, os dispêndios com energia nas empresas concessionárias de abastecimento de água.

Esses dispêndios, em muitas empresas prestadoras de serviços de saneamento, constituem o segundo item dos custos de exploração, sendo inferiores apenas aos gastos com mão-de-obra de modo geral. Outro problema de relevância, segundo Gomes (2009b), consiste nas perdas de água que existem, muitas vezes de forma inevitável, nos sistemas de abastecimento urbano. Tal problema tem se agravado, ao longo do tempo, por diversas razões, tais como: envelhecimento das instalações, expansões desordenadas dos sistemas urbanos de abastecimento, ausência de sistemas adequados de medição e problemas de gestão operacional.

Assim, é cada vez mais imperativa a necessidade de melhoria das condições hidráulicas e energéticas de operação e manutenção dos sistemas de abastecimento, a fim de garantir todos os benefícios técnicos, sociais, econômicos e ambientais, por meio, por exemplo, da implementação de intervenções de reabilitações nas redes. É justamente nesse contexto que surge a figura dos indicadores de desempenho hidroenergético das redes de distribuição de água.

Uma significativa quantidade de literatura especializada está disponível sobre a aplicação dos indicadores em sistemas de abastecimento de água diversos. Exemplos importantes recentemente publicados podem ser encontrados em Vilanova e Balestieri (2015); Nudurupati et al. (2011);Vilanova, Magalhães Filho e Balestieri (2015); Alegre et al. (2004) e Vilanova (2012).

De maneira geral, os indicadores de desempenho possibilitam a transposição de um conhecimento científico de natureza física ou social para unidades de informação gerenciáveis e que, dentre outros fatores: facilitam a tomada de decisões; auxiliam a medir e calibrar a progressão feita, dando meios para avaliar o quanto já foi atingido e os eventuais desvios; e constituem um sistema de alerta antecipado para evitar a instalação de situações indesejáveis, a ocorrência de danos irrecuperáveis ou, simplesmente, a ultrapassagem de limites pré- estabelecidos (MARANHÃO, 2007).

Tendo em vista, cada vez mais, a premente necessidade de melhoria das condições hidráulicas e energéticas de operação dos sistemas de abastecimento, surge a necessidade de se dispor de um indicador de desempenho, que permita auferir se uma determinada rede está ou não com alguma incapacidade de transporte de água. O valor desse indicador poderá servir de base para saber se uma determinada rede de distribuição de água necessita, ou não, de reabilitação, com vistas a melhorar a sua capacidade de transporte das vazões demandadas pelo sistema.

Este trabalho tem por objetivo desenvolver e aplicar uma metodologia para a obtenção de um índice e de um indicador de eficiência energética, que sirva de parâmetro de análise para avaliação da capacidade de transporte de água nas tubulações de uma rede de abastecimento.

Autores: Heber Pimentel Gomes; Moisés Menezes Salvino; Luiz Simão de Andrade Filho; Pedro Augusto Silva Sabino de Farias e Graziela Lopes de Sousa


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