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Simulação da implantação de uma bacia de detenção para amortecimento do pico de vazões no bairro jardim primavera, localizado em rio Paranaíba, interior de Minas Gerais

Resumo

Rio Paranaíba, cidade de pequeno porte, localizada no interior de Minas Gerais, tem enfrentado grandes problemas em virtude de uma expansão sem planejamento que houve em seus últimos dez anos, devido à chegada do Campus da Universidade Federal de Viçosa. Esse crescimento implicou em um aumento considerável na área impermeável, ocasionando em um maior volume de escoamento de águas pluviais pelas ruas; o qual não é suportado pelas redes de drenagem já existentes, ou mesmo não tem para onde escoar, devido a não existência dessas redes em determinados bairros. Destaca-se, em Rio Paranaíba, um bairro particular, chamado Jardim Primavera, no qual o loteamento foi aprovado para a venda pela Prefeitura Municipal, antes que toda infraestrutura estivesse concluída, inclusive a rede de drenagem de águas pluviais. E desde então foram construídas casas e edifícios, os quais já possuem habitantes e a construção da rede de drenagem não foi iniciada. A inexistência do sistema de drenagem pluvial tem causado problemas aos moradores desse local, bem como à jusante, onde existe a rede de drenagem, porém essa é insuficiente para amortecer toda a vazão que chega a ela, gerando enxurradas no centro da cidade. Em busca de uma solução para o amortecimento do pico de vazões, optando pela utilização de estruturas que remetem a características naturais de escoamento e infiltração, foi proposta a simulação da implantação de uma técnica compensatória. A técnica escolhida foi uma bacia de detenção, pois tem capacidade de atender a uma área de contribuição relativamente grande, sendo o caso do bairro Jardim Primavera e, além disso, essa bacia em períodos secos seria uma quadra de futsal e duas quadras de peteca, visto que Rio Paranaíba conta com poucas áreas de lazer e prática de esporte. Seu dimensionamento foi realizado de acordo com a metodologia proposta por Miguez, Veról e Rezende (2015), diferindo apenas das considerações realizadas para a descarga do reservatório. Foram plotados gráficos retratando o pico de vazão real e o pico de vazão simulando a construção da bacia de detenção e estes foram comparados. Os resultados apresentados indicam que seria satisfatória a construção de uma bacia de detenção, pois essa teria grande efeito de amortecimento no pico de vazão, solucionando o problema frequente no bairro Jardim Primavera; mostrando dessa forma o quanto as técnicas compensatórias podem ser eficientes.

Introdução

O país, nos últimos anos, tem enfrentado grandes problemas relacionados à ocorrência de enchentes e enxurradas nos centros urbanos, que causam grandes prejuízos econômicos, transmissão de doenças de veiculação hídrica, entre outros. Essa problemática se deve ao grande crescimento da população na área urbana, que impacta de forma direta o ambiente, modificando características naturais de escoamento e infiltração, devido à impermeabilização da área; o que eleva os picos de vazões provenientes de precipitações.

Segundo Bezerra et al. (2016) é necessário que haja investimentos em infraestrutura para que a cidade se desenvolva de forma à garantir qualidade de vida para todos seus habitantes. Geralmente um dos maiores problemas relacionados à infraestrutura urbana está ligado à construção de redes de drenagem pluviais insuficientes; o não cuidado com as existentes, o que acaba diminuindo a capacidade de amortecimento de vazões que elas possuem; ou mesmo a sua inexistência. De acordo com a Prefeitura de São Paulo (2009), há ainda a problemática da inexistência de Planos Diretores de Drenagem Urbana, que procurem equacionar os problemas de drenagem sob o ponto de vista da bacia hidrográfica.

Rio Paranaíba é uma cidade pequena, com área territorial de 1.352,353 km² e cerca de 12.431 habitantes, segundo o IBGE. Nos últimos dez anos houve uma grande expansão urbana na cidade devido à chegada do campus de uma universidade, para a qual não estava preparada, principalmente em relação ao sistema de drenagem urbana existente. Essa expansão veio acompanhada de grandes problemas, visto que o crescimento ocorreu de forma rápida e sem planejamento.

A expansão da cidade resultou na construção de novos loteamentos, visto que houve um grande crescimento na atividade imobiliária devido à chegada de universitários, professores, técnicos e servidores. De fato de acordo com Stephan et al. (2013) a instalação do campus universitário em questão trouxe novos moradores para a cidade e juntamente com a chegada de estudantes, professores e funcionários vêm aumentando a demanda por moradia, transporte, alimentação, comércio, lazer dentre outras necessidades.

Apresentando topografia predominantemente plana, moradores residentes na região mais baixa sofrem pela falta de planejamento referente ao sistema drenagem de águas pluviais. Ressalta-se que na maior parte dos bairros antigos da cidade não existem bocas de lobo nem galerias de drenagem nem tampouco sistemas alternativos do tipo técnicas compensatórias. Além disso, nas áreas em que existe algum sistema de drenagem pluvial este se apresenta subdimensionado e em situação precária, conforme apresentado nos estudos de Santos (2014) e Araújo & Coelho (2015).

Desta forma, quando ocorrem chuvas mais intensas, o volume de água que escoa é muito alto e provoca transtornos aos moradores. Outro agravante é a diminuição do número de áreas permeáveis ocasionado pelo número de construções desordenadas, minimizando assim a infiltração e consequentemente aumentando o escoamento superficial.

Salienta-se ainda que em alguns dos novos loteamentos os proprietários começaram a vendê-los antes de concluírem toda a infraestrutura, inclusive existem alguns desses loteamentos que até o momento não possuem sistema de drenagem pluvial, mesmo possuindo casas e edifícios construídos e habitantes nesses.

A inexistência do sistema de drenagem pluvial tem causado uma série de problemas aos moradores desses locais; pois conforme a intensidade e duração das precipitações pluviométricas, a água invade calçadas, chegando a entrar nas residências; prejudica a vida útil do asfalto, devido ao acúmulo de água e, além disso, se torna um problema à jusante, onde existe a rede de drenagem, porém essa se torna insuficiente para amortecer toda a vazão que chega a ela, o que mais uma vez traz o problema das enchentes e enxurradas.

Por outro lado existem as chamadas técnicas compensatórias, ou ainda técnicas verdes, que tem a função de amortecer os picos de vazões nos centros urbanos, com a construção de estruturas que remetem a características naturais de escoamento e infiltração, diminuindo o impacto que as águas pluviais viriam a causar. Depois de muitos anos seguindo uma única diretriz de soluções para drenagem urbana de águas pluviais, agora se entende que quanto meno s se interfere nas condições naturais do meio, mais perto se estará de um equilíbrio ambiental; e é exatamente essa a função das técnicas compensatórias (SOUZA, 2015).

A utilização de bacias de detenção subterrâneas possui como inconveniente a necessidade de maiores investimentos para sua construção. Já as bacias de detenção a céu aberto necessitam de manutenções após a ocorrência de evento pluviométrico para garantir que a outra função do equipamento urbano (praça, quadra, campo de futebol) não seja limitada pelo acúmulo de sólidos trazidos pelas águas pluviais. Estas em geral possuem um custo de construção entre três e cinco vezes menor que os custos de construção das bacias subterrâneas (DEP, 2015). Levando em consideração as vantagens e desvantagens dos dois tipos de bacias, escolheu-se para este estudo a bacia de detenção do tipo superficial para que seja implantada na região do Rio Paranaíba.

Autores: Fernanda Rocha Braes; Lucas Henrique Batista de Souza Pontelo e Lineker Max Goulart Coelho.

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