BIBLIOTECA

O que os governos estão fazendo para cortar emissões de metano?

Pelo menos 50 países desenvolveram planos nacionais de emissões de  metano ou planejam fazê-lo até a COP28

Lançado no mês de fevereiro, o rastreador global de metano da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) mostra um número crescente de países desenhando planos de ação para combater as emissões de metano – embora elas sigam em alta.

No ano passado, a indústria de energia foi responsável por 135 milhões de toneladas do gás de efeito estufa liberadas na atmosfera, apenas um pouco abaixo dos recordes registrados em 2019.

Hoje, o segmento responde por cerca de 40% do metano atribuível à atividade humana, perdendo apenas para a agricultura.

Nem mesmo a combinação de altos preços de energia, preocupações com a segurança do abastecimento e incerteza econômica foram suficientes para melhorar o cenário no ano passado.

Alcançar cortes significativos depende da indústria, mas também de políticas de Estado, defende a agência.

Desde 2021, cerca de 150 países aderiram a um acordo internacional para reduzir coletivamente as emissões de metano em 30% em relação aos níveis de 2020 até 2030.

E, apesar de 30% estar bem abaixo do ideal, pelo menos 50 países desenvolveram planos nacionais de metano ou planejam fazê-lo até a COP28, em novembro, incluindo Brasil, Vietnã, Canadá, Finlândia, Suécia, Noruega, EUA e a UE.

O metano é responsável por cerca de 30% do aumento das temperaturas globais desde a Revolução Industrial.

Ele se dissipa mais rápido que o dióxido de carbono, mas é um gás de efeito estufa muito mais poderoso no curto prazo.

Somente em 2022, mais de 500 eventos superemissores foram detectados por satélites de operações de petróleo e gás e outros 100 foram vistos em minas de carvão.

Como os países estão agindo?

Entre os que já colocaram sua estratégia na mesa, o Canadá planeja combinar regulamentações e incentivos aos setores de combustíveis fósseis, resíduos e agricultura para alcançar 35% de redução geral até 2030.

Nos Estados Unidos, a Lei de Redução da Inflação estabelece uma taxa sobre o metano emitido por empresas de petróleo e gás, além de disponibilizar US$ 1,55 bilhão em assistência financeira e técnica para esse setor.

Ambos os países, além da União Europeia, devem apresentar novas propostas regulatórias em 2023.

Vale dizer: nesta segunda (27/2) o enviado especial para o clima dos Estados Unidos, John Kerry, encontrou o ministro da Agricultura brasileiro, Carlos Fávaro, para discutir agro de baixo carbono e redução das emissões de metano na pecuária esteve em pauta.

Vizinha do Brasil, a Colômbia tornou-se o primeiro país sul-americano a regulamentar as emissões de metano de seu setor de petróleo e gás, incluindo padrões de equipamentos, requisitos para mitigação e limites para queima de gás, além de metodologias para quantificar a queima, ventilação e emissões fugitivas.

Na Ásia, o Vietnã traçou metas específicas de redução em 2025 e 2030 para emissões de extração de petróleo e gás, mineração de carvão e consumo de combustíveis fósseis, visando o corte de 30% no final da década.

Enquanto na África, Angola reduziu os volumes de queima em cerca de 60% entre 2016 e 2021, após o seu endosso à iniciativa Zero Routine Flaring do Banco Mundial.

E a Nigéria emitiu diretrizes para a gestão de emissões no upstream para apoiar a eliminação da queima de gás de rotina até 2030 e uma redução de 60% nas emissões fugitivas até 2031.

O Norte africano concentra também algumas das maiores oportunidades de redução da queima identificadas pela IEA.

“Cerca de 10 bcm de gás natural foram queimados em ativos upstream na Argélia e no Egito. A maioria dos flares opera de forma contínua e mais de três quartos estão em locais dentro de 20 km de gasodutos existentes que têm acesso imediato a um gasoduto de exportação existente ou instalação de GNL”, diz o relatório.

Gás que poderia ser direcionado com “políticas certas e a implementação no local de queima de medidas de redução das emissões de metano”, completa.

Falta ação da indústria

Menos de 3% da receita acumulada pelas empresas de petróleo e gás em todo o mundo no ano passado seria suficiente para cobrir os US$ 100 bilhões em investimentos em tecnologias necessárias para reduzir as emissões de metano do setor, defende a IEA.

Segundo a agência, as emissões do O&G sozinhas poderiam ser reduzidas em 75% com as tecnologias existentes e de forma relativamente barata.

Uma das medidas de impacto é a interrupção das queimas e descargas não emergenciais.

A organização calcula que cerca de 260 bilhões de metros cúbicos (bcm) de metano são perdidos para a atmosfera a cada ano nessas operações. E três quartos disso poderiam ser retidos e colocados no mercado usando políticas e tecnologias testadas e comprovadas.

“Os cortes de metano estão entre as opções mais baratas para limitar o aquecimento global a curto prazo”, comenta o diretor executivo da IEA, Fatih Birol.

Ele afirma que a explosão do oleoduto Nord Stream no ano passado liberou uma enorme quantidade de metano na atmosfera, mas as operações normais de O&G em todo o mundo liberam a mesma quantidade de metano todos os dias.

Fonte: epbr


LEIA TAMBÉM: BRASIL PODE REDUZIR EM 36% EMISSÃO DE METANO ATÉ 2030

ÚLTIMOS ARTIGOS:

CATEGORIAS

Confira abaixo os principais artigos da semana

Abastecimento de Água

Análise de Água

Aquecimento global

Bacias Hidrográficas

Biochemie

Biocombustíveis

Bioenergia

Bioquímica

Caldeira

Desmineralização e Dessalinização

Dessalinização

Drenagem Urbana

E-book

Energia

Energias Renováveis

Equipamentos

Hidrografia / Hidrologia

Legislação

Material Hidráulico e Sistemas de Recalque

Meio Ambiente

Membranas Filtrantes

Metodologias de Análises

Microplásticos

Mineração

Mudanças climáticas

Osmose Reversa

Outros

Peneiramento

Projeto e Consultoria

Reciclagem

Recursos Hídricos

Resíduos Industriais

Resíduos Sólidos

Reúso de Água

Reúso de Efluentes

Saneamento

Sustentabilidade

Tecnologia

Tratamento de Água

Tratamento de Águas Residuais Tratamento de águas residuais

Tratamento de Chorume

Tratamento de Efluentes

Tratamento de Esgoto

Tratamento de lixiviado

Zeólitas

ÚLTIMAS NOTÍCIAS