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Por que pular o Gás Natural na Transição Energética é um Erro Estratégico

Por que pular o Gás Natural na Transição Energética é um Erro Estratégico

Por que pular o Gás Natural na Transição Energética é um Erro Estratégico?

Todos sabemos que a transição energética é um dos desafios mais complexos da nossa época, exigindo equilíbrio entre urgência climática, segurança energética e impacto econômico à sociedade.

Nesse contexto, o gás natural emerge como um componente-chave, essencial – não como destino final, mas como ponte – indispensável para um futuro de baixo carbono.

Este artigo demonstra por que ignorar o papel do gás natural na transição energética constitui um erro estratégico, analisando aspectos econômicos, de infraestrutura e seus benefícios para os setores energointensivos.

I. O Papel Estratégico do Gás Natural em uma Transição Energética Ordenada

Combustível de Transição: Mais que um conceito, uma necessidade prática

Costuma-se chamar o gás natural de ‘combustível de transição’ por causa de suas características intrínsecas, que o tornam único.

Se quiser uma alternativa ainda mais direta e com tom institucional:

“Especialistas chamam o gás natural de ‘combustível de transição’ devido às suas características intrínsecas, que o tornam único.”

Posso ajustar conforme o tom que você deseja (acadêmico, jornalístico, técnico etc.). Deseja?

Menor intensidade de carbono.

  • Conforme pode ser verificado abaixo, temos um quadro comparativo entre os combustíveis mais utilizados, considerando tanto o fator de emissão direta quanto as emissões totais. Este último leva em conta as etapas do ciclo de vida do combustível. O gás natural é o menor emissor entre todos.
    • Escoamento e Processamento. O Brasil possui, conforme EPE, aproximadamente 6.600 km de extensão de gasodutos de escoamento e transferência (inclui Rota 3) e 17 unidades de processamento de gás natural (incluindo a UPGN Rota 3), além da previsão de mais 128 km de escoamento, referente ao projeto da Bacia Sergipe-Alagoas (SEAL). Convém apontar que os custos de escoamento e processamento respondem hoje por cerca de 45% do custo do gás no Brasil e que o Governo Federal está tomando ações para garantir uma regulação sobre esse serviço, objetivando uma redução no custo total do gás natural.
    • Rede de Distribuição e de Transporte. Esses gasodutos podem ser adaptados para transportar misturas de gás natural e hidrogênio e, eventualmente, até hidrogênio puro, representando uma forte vantagem estratégica. Hoje, o Brasil possui cerca de 9.400 km de rede em gasodutos de transporte e mais de 50.000 km de rede de distribuição.
    • Sistemas de Armazenamento. O armazenamento hoje está limitado ao “linepack” dos gasodutos existentes; contudo, já existem projetos para armazenagem subterrânea em análise para serem implementados. Essa solução garante flexibilidade e versatilidade, aumentando a segurança energética e reduzindo as perdas no controle de balanceamento do sistema de transporte. Além disso, alternativas de armazenagem em gás natural liquefeito e gás natural comprimido já têm sido utilizadas para aumentar a capilaridade da distribuição.

Terminais de GNL

Atualmente, existem 07 (sete) terminais de regaseificação de gás natural liquefeito em operação (já excluindo aqui o Terminal do Pecém). Esses terminais são importantes para a segurança energética.As distribuidoras podem transportar e armazenar o GNL em grandes quantidades, o que permite responder rapidamente às variações na demanda de energia.

Se quiser manter um tom mais neutro ou técnico, posso adaptar também. Deseja alguma variação?

Quadro Comparativo de Emissões Entre Combustíveis

  • Flexibilidade Operacional. O gás natural pode ser armazenado e utilizado conforme a necessidade da demanda. Essa característica garante a sua utilização para a geração de energia como um backup essencial para as fontes renováveis, como hídrica, solar e eólica. Para o Brasil, considerando que a nossa matriz elétrica é majoritariamente renovável (89,2%, conforme EPE, através do Balanço Energético Nacional 2023), trata-se de um fator muito relevante.
  • Infraestrutura adaptável.

    A rede existente pode ser customizada para atender à demanda, assim como pode ser racionalizada para integrar os produtores de biometano e, até mesmo, no futuro, hidrogênio renovável, maximizando os investimentos realizados pelas distribuidoras e transportadoras. Essa característica permite uma redução de custos com a transição como um todo.

Impacto Econômico e Social: Protegendo a Sociedade Durante a Transição

A transição energética não pode ser um processo que ignora a realidade econômica da sociedade.

  • Competitividade e Estabilidade de Preços. O gás natural oferece uma alternativa mais estável que os derivados do petróleo, com menor volatilidade de preços, além de ser uma fonte de energia mais abundante, necessária para garantir a segurança energética. Outro fator bastante relevante refere-se à sua aplicação na indústria como matéria-prima, dispensando custos de desenvolvimento e conversão/adaptação elevados, diferentemente da necessidade de utilização de novas tecnologias para essa finalidade, como o hidrogênio.
  • Custos acessíveis. Para as famílias de baixa renda, a substituição imediata do gás natural por alternativas mais limpas, mas ainda mais caras, representaria um grande impacto socioeconômico. Um processo gradual permite que as novas tecnologias alcancem economias de escala e se tornem mais acessíveis.
  • Manutenção de empregos. Muitos setores da economia, como indústrias químicas, de fertilizantes, entre outros, dependem atualmente do gás natural como matéria-prima. Uma transição abrupta colocaria em risco milhões de empregos antes que alternativas sustentáveis estejam plenamente disponíveis.

Não se pode desprezar a infraestrutura existente: um ativo estratégico

O Brasil possui uma grande infraestrutura existente, além de investimentos planejados para aumentar a oferta e reduzir o custo da molécula de gás natural para a nossa sociedade. Desprezar essa infraestrutura em favor de uma transição baseada exclusivamente na eletrificação renovável representaria um grande desperdício de recursos e aumentaria significativamente o custo da transição.

Complementaridade com as Renováveis

A infraestrutura de gás natural não compete com as renováveis, mas as complementa:

  • Balanceamento da rede: Quando a geração eólica e solar é excessiva, o excedente pode ser convertido em hidrogênio verde através da tecnologia Power-to-Gas (P2G), utilizando a mesma infraestrutura.
  • Segurança energética: Em países com grande dependência de hidrelétricas, como o Brasil, termelétricas a gás fornecem segurança durante períodos de seca, evitando crises, recorde as secas que afetaram o país entre 2001-2002, 2012-2015 e 2020-2021. Além disso, essas termelétricas permitem maior penetração de energia eólica e solar sem comprometer a segurança do sistema.

II. Setores Energointensivos: Onde o Gás Natural Faz a Maior Diferença

Indústria de alta temperatura

Setores como siderurgia, cimento e cerâmica exigem altas temperaturas, que são difíceis de alcançar com eletricidade renovável direta. Para esses “setores de difícil abatimento”, o gás natural oferece:

  • Redução imediata de emissões: Substituindo carvão e óleo combustível em processos industriais.
  • Caminho para descarbonização: A infraestrutura de gás pode posteriormente transportar hidrogênio verde ou biometano para esses mesmos setores.

No Brasil, o setor industrial responde por 16% das emissões por queima de combustíveis. A substituição por gás natural onde ainda se utiliza combustíveis mais poluentes pode acelerar a descarbonização.

Transporte de cargas

O setor de transportes é o maior emissor no Brasil (49% das emissões por queima de combustíveis), com o diesel respondendo por 36% do total . Aqui, o gás natural oferece:

  • Alternativa imediata ao diesel: GNV (Gás Natural Veicular) e LNG (Gás Natural Liquefeito) para caminhões reduzem emissões locais (material particulado, NOx) e de CO₂ em até 20% .
  • A infraestrutura de abastecimento pode adaptar-se para hidrogênio ou biometano no futuro: uma ponte para tecnologias futuras.

III. O Gás Natural é um Aliado Estratégico na Transição Energética

Ignorar o papel do gás natural na transição energética é um erro que pode comprometer a segurança energética, a competitividade industrial e a acessibilidade da energia para a população. Enquanto as fontes renováveis ainda enfrentam desafios de intermitência, armazenamento e custos, o gás natural oferece uma solução viável para reduzir emissões imediatamente, sem sacrificar a estabilidade do sistema.

A transição energética não deve ser vista como uma corrida para eliminar todos os combustíveis fósseis de forma abrupta, mas como um processo estratégico que aproveita as melhores soluções disponíveis em cada etapa. O gás natural não é o destino final, mas um passo necessário para alcançar uma matriz energética verdadeiramente sustentável.

IV. Conclusão

Pular o gás natural na transição energética seria um erro caro e arriscado. Em vez de demonizá-lo, devemos usá-lo de forma inteligente, como uma ponte estratégica para um futuro de baixo carbono. A verdadeira sustentabilidade exige pragmatismo – e o gás natural, quando bem empregado, é parte da solução, não do problema.

Fonte: Linkedin / Gustav Costa


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