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Concentração de fósforo total em sistema alternativo de tratamento por lagoa facultativa

Resumo

O crescimento da zona urbana e o aumento populacional levaram ao impacto dos recursos hídricos. A crescente demanda por água para abastecimento, processos industriais e a agricultura, também levaram a deterioração da água no planeta. O desenvolvimento da engenharia civil no ramo sanitarista possibilitou a introdução de novas tecnologias para tratamento do esgoto gerado pelos centros urbanos e agrícolas. Houve a introdução de uma gama de sistemas, tais como: aeradores, decantadores, reatores, leitos cultivados, entre outros. A proposta de pesquisa atual resultou no monitoramento e analise das concentrações de fósforo em uma lagoa facultativa.

As lagoas facultativas são grandes reservatórios onde, através de tempos de detenção hidráulicos distintos, pode-se resultar em uma melhora nos parâmetros de potabilidade. A presente pesquisa estudou um sistema de lagoa desenvolvido num município do estado de São Paulo, Brasil. O projeto foi desenvolvido no período de 02 de julho a 03 de setembro de 2018, que nos possibilitou avaliar os índices de fósforo. As analises foram realizadas semanalmente, pelo método AOAC Official Method 973.55 – Phosphorus in water e permitiram constatar numa concentração de fósforo médio de 10,76 mg.L-1 .

Introdução

O recrudescimento demográfico advindo do aumento de alimentos e melhoria continua no sistema público de saúde gerou uma grande problemática a ser enfrentada pelos novos engenheiros do século XXI; como a falta de abastecimento hídrico para as crescentes necessidades humanas (Melo Júnior, 2003). O problema enfrentado é tão desafiador que a Organização das Nações Unidas (ONU) em 2012 constatou que nenhuma região do mundo está livre das pressões sobre a falta de recursos hídricos. Segundo Albano (2014), na Europa, por exemplo, 120 milhões de cidadãos não têm acesso à água potável. Em certas partes do continente, os cursos de água podem chegar a perder até 80% de seu volume no período do verão. Quando se pensa em continente africano, os valores observados tendem a piorar, uma vez que taxa média demográfica tem um recrudescimento anual de 2,6%.

Enquanto a média mundial é de apenas 1,2% (Albano, 2014). Para Albano (2014) o aumento das necessidades hídricas para assegurar processos de fabricação e na agricultura entre outras atividades faz, com que a demanda de água acelere a deterioração de seus recursos hídricos. Coraucci Filho et al (2003), salienta que a não uniformidade e homogeneidade nas reservas hídricas em relação a crescente população têm levado em conta que continentes como a Ásia e o Pacífico que abrigam 60% da população do mundo, mas apenas 36% dos recursos hídricos têm sérios problemas de abastecimento hídrico. De acordo com o relatório da ONU, cerca de 480 milhões de pessoas não tinham acesso, em 2008, a uma fonte de água de qualidade, e 1,9 bilhão não tinham infraestrutura sanitária adequada. Na América Latina enquanto a taxa de extração de fontes hídricas foi duplicada no final do século XX devido as crescentes necessidades para abastecimento público e industrial.

No Oriente Médio, pelo menos doze países sofrem de escassez completa de água, sem fontes de água adequadas para o público (Albano, 2014). Pesquisadores como Albano (2014) relatam que o relatório da ONU informa ainda que mundialmente cerca de 80% das águas residuais não são recolhidas nem tratadas, mas vão direto a outros corpos d’água ou se infiltram no subsolo, o que 175 INOVAE – ISSN: 2357-7797, São Paulo, Vol.6, JAN-DEZ, 2018 – pág. 172-190 acaba causando problemas de saúde na população e a deterioração do meio ambiente. Considerando esta situação, torna-se acentuada a necessidade de tratamento e desinfecção dos efluentes sanitários. Para fazer frente ao desafio de garantir a preservação das fontes de água para garantir abastecimento à sociedade e permitir a manutenção das necessidades hídricas para o setor agrícola e industrial, novas tecnologias denominadas de Sistemas Alternativos de Tratamento de Esgoto (SATE) vem sendo estudados nos centros de pesquisas em universidades públicas (Melo Júnior, 2003). Melo Júnior (2003) relata que o SATE é formado por vários tipos de sistemas, tais como: wetlands, filtração lenta, tanque séptico modificado, reator aeróbico e anaeróbico, valas de infiltração e lagoas facultativas ou também conhecidas por lagoas de estabilização.

As lagoas de estabilização têm sido a técnica de tratamento de esgotos domésticos mais utilizada nos países em desenvolvimento (Yánez, 2000). Segundo Perígolo (2004), em Brasília, com relação ao sistema de tratamento de esgoto constituído por 16 Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) operadas pela Companhia de Saneamento do Distrito Federal (CAESB), 10 delas possuem, em parte ou no todo, o processo de lagoas de estabilização. Para Albano (2014) as lagoas são muito utilizadas por ser um processo natural de tratamento de esgotos, apresentar baixo custo de manutenção e instalação (quando o valor do terreno é baixo). Além disso, o autor relata também que o sistema de lagoas pode atingir excelentes eficiências de remoção de matéria orgânica, nutrientes e patógenos. As lagoas de estabilização têm sido largamente utilizadas, somente no Brasil elas estão presentes em 375 localidades (Perígolo, 2004). Contudo, Perígolo (2004) afirma que a forma de dimensionamento e o entendimento do processo ainda têm muito a serem estudados. O primeiro fator, dimensionamento, tem sido na maioria das vezes executado por métodos empíricos. São muitos os métodos propostos, mas quando seus resultados são comparados, grandes variações são encontradas (Perígolo, 2004).

Autores: Ariston Silva Melo Júnior; Kleber Aristides Ribeiro; Abrão Chiaranda Merij; Alex Lenildo Lima; Gustavo Rotondano Tavares e Juan Pablo Mandarino Riquelme.

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