A ficorremediação é definida como a utilização de algas para remoção ou biotransformação de poluentes das águas residuais oriundas da criação de animais e que apresentam elevada carga orgânica, bem como no tratamento de esgotos urbanos e efluentes agroindustriais.
A demanda por tratamentos eficientes e de baixo custo neste setor é grande, considerando que as massas de água superficiais e subterrâneas em várias regiões do mundo estão sofrendo eutrofização.
Uma pesquisa realizada na Universidade Nacional de Entre Rios (UNER), Argentina, busca desenvolver um processo biotecnológico sustentável, utilizando microalgas capazes de biotransformar poluentes presentes nos efluentes industriais em biomassa de microalgas e água adequada, para lançamento nas bacias receptoras.
Fonte: Argentina Investiga
Jimenez Veuthey, engenheira com especialidade em Biotecnologia Industrial e Agroalimentar, trabalha e realiza sua pesquisa de PhD no Laboratório de Análise de Metais em Alimentos e Outros Substratos (LAMAS) da Faculdade de Ciências de Alimentos (UNER). Nessa linha, a especialista enfatiza os problemas ambientais gerados pelos efluentes industriais com altos níveis de nitrogênio, fósforo e matéria orgânica.
A poluição das zonas costeiras, rios e aquíferos é cada vez maior devido à descarga desses resíduos, por isso é necessário o manejo adequado desses efluentes, já que esses resíduos não só causam a eutrofização de águas superficiais e subterrâneas, também são responsáveis pelos gases de efeito estufa.
Atualmente, as estações de tratamento de esgoto têm diferentes processos para reduzir a matéria orgânica presente no efluente. No entanto, eles têm dificuldade na remoção de nitrogênio e fósforo, o que requer processos adicionais que envolvem custos mais elevados de energia.
De acordo com o trabalho realizado por uma equipe de pesquisadores da UNER, uma alternativa para as estações de tratamento de esgoto é a ficorremediação, que consiste no uso de macro ou microalgas para a remoção ou biotransformação de contaminantes, incluindo nutrientes, xenobióticos e CO2 a partir dos efluentes. Esta tecnologia é econômica, versátil e tecnologicamente simples.
Novos processos de tratamento de efluentes
Jiménez Veuthey diz que “embora os processos convencionais de tratamento de efluentes industriais demonstrem eficiência, é importante desenvolver novas estratégias”. Ela acrescenta:
“Neste contexto, a ficorremediacão é uma alternativa que pode complementar os processos tradicionais e, ao mesmo tempo, reduzir os custos de energia, melhorar a eficiência do processo e gerar uma biomassa de microalgas enriquecida em bioprodutos de valor agregado para vários fins comerciais, destacando os biofertilizantes, por exemplo, para animais e biocombustíveis, entre outros. “
No laboratório são realizados testes, que permitem o dimensionamento das variáveis do processo em um fotobiorreator de uma indústria avícola da região. Esse dimensionamento envolve o estudo dos problemas associados à transferência das informações, obtidas no laboratório na escala da planta piloto e a partir dela em escala industrial. Em cada uma das etapas, são avaliados alguns aspectos do processo, como cinética de crescimento da cepa, forma de operação do biorreator, tempo de retenção hidráulica, velocidade de agitação, aeração, entre outros.
Os pesquisadores salientaram que os resultados obtidos pelo projeto denominado “Ficorremediação de efluentes agrícolas usando microalgas autóctones isoladas do rio Uruguai”, foram muito positivos. Foi possível reduzir o Nitrogênio Total em 90% e o Fósforo Total em 98%. Por fim, destacam-se os resultados de coliformes totais, onde o tratamento por ficorremediação conseguiu eliminar 100% desses microrganismos, indicadores de contaminação fecal.
Este trabalho busca responder à demanda do setor produtivo em termos de melhoria da gestão ambiental de seus efluentes, otimizando os mecanismos de controle das bactérias coliformes, matéria orgânica, nitrogênio e fósforo presentes nos mesmos. Da mesma forma, é feita uma tentativa de reduzir o impacto sobre o meio ambiente, a fim de melhorar a qualidade de vida da população.
Fonte: Argentina Investiga, Autor: Carolina Campos, adaptado por Portal Tratamento de Água
Traduzido por Gheorge Patrick Iwaki
