Como o planejamento e a adoção de soluções complementares podem mitigar os prejuízos causados pelas cheias em grandes centros urbanos
Basta começar a estação das chuvas para o assunto enchente tomar conta dos noticiários – e junto com ele todos os problemas decorrentes das cheias. Para minimizar os efeitos negativos dos alagamentos nas grandes cidades é preciso somar esforços e olhar o problema sob vários ângulos.
Para começar, é indicado realizar um criterioso estudo de macrodrenagem para avaliar melhor o problema e traçar um plano de ações. Este trabalho é bem abrangente e envolve a análise minuciosa de rios, bacias, canais e escoamento do local a ser pesquisado. A macrodrenagem nada mais é que é a retirada do excesso de água do solo, acumulada em áreas relativamente grandes, a nível distrital ou de microbacia hidrográfica.
O estudo faz uma análise macro e propõe medidas para minimizar ou mitigar os danos das enchentes com obras estruturais. Depois, a partir deste trabalho é possível verificar de forma mais clara as reais necessidades de cada área para minimizar os efeitos das cheias e, então, traçar projetos e planejar investimentos.
Só para se ter ideia, em um terreno natural, por exemplo, a absorção da água de chuva chega a 80%, ou seja, grande parte do volume infiltra no solo. Mas em lugares que cresceram desordenadamente, sem áreas verdes e planejamento, há apenas 20% de infiltração. O restante escoa para pontos baixos e, se não tiver mecanismos para transportar esta água para o caminho natural que ela faria antes, as enchentes são praticamente certas.
Os famosos piscinões – muito frequentes em grandes cidades – podem colaborar para diminuir o problema, mas não é possível adotá-los como solução única. Eles conseguem segurar um pouco o pico de uma cheia, pois armazenam a água por um tempo e vão liberando-a mais lentamente. No entanto, a questão exige vários agentes para ser resolvida, tais como: controle da ocupação do solo, reserva de área de várzea para rios, aumento e preservação de áreas verdes e também uma ação mais consciente da população, especialmente de não jogar lixo nas ruas.
– Wagner Hawthorne é engenheiro civil e consultor de macrodrenagem da Geasanevita, empresa especializada em consultoria e projetos de engenharia, saneamento e meio ambiente.
O profissional tem quase 20 anos de experiência na área, e já atuou em orgãos públicos nacionais e em consultorias de empresas de engenharia norte-americanas.