ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE LIXIVIADOS DE ATERROS SANITÁRIOS: SISTEMA DE TRATAMENTO FÍSICO-QUÍMICO AVANÇADO (STFQA) PARA REMOÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS RECALCITRANTES
Lixiviado de aterro sanitário é o termo considerado mais adequado para denominar o liquido resultante da solubilização de compostos sólidos dentro de um aterro sanitário (Souto, 2009).
Os lixiviados podem ser caracterizados como uma solução aquosa com quatro grupos de poluentes: material orgânico dissolvido (DQO, DBO5, COT, AGV e compostos orgânicos mais refratários como ácidos húmicos e fúlvicos), macro componentes inorgânicos (Ca2+, Mg2+, Na+ , K+ , NH4+ , Fe2+, Mn2+ , Cl- , SO4 2- , HCO3- ), metais pesados (Cd2+, Cr3+, Cu2+, Pb2+, Ni2+, Zn2+) e compostos orgânicos xenobióticos (COX) originários de resíduos domésticos e químicos presentes em baixas concentrações (hidrocarbonetos aromáticos, fenóis, compostos alifáticos clorados, B2+, As3/5+, Ba2+ , Se2- , Hg2+, Co2/3+ , pesticidas, etc.) (CHRISTENSEN et al., 1994 apud KJELDSEN et al., 2002).
Os lixiviados de aterro sanitário consistem basicamente em uma mistura de substâncias orgânicas e inorgânicas, compostos em solução e em estado coloidal. Além disso, contêm diversas espécies de microrganismos (ANDRADE, 2002).
A composição química e microbiológica do lixiviado é bastante complexa e variável. Além de depender das características dos resíduos depositados, ela é influenciada pelas condições ambientais, pela forma de operação do aterro e, principalmente, pela dinâmica dos processos de decomposição que ocorrem no interior das células (EL FADEL et al., 2002; KJELDSEN et al., 2002).
Aterros Sanitários e Lixiviados
Por isso, o lixiviado é um subproduto dos aterros sanitários que merece maior atenção quanto ao seu tratamento. Devemos reincorporar o lixiviado ao meio ambiente de maneira cuidadosamente controlada, evitando efeitos prejudiciais às águas subterrâneas e superficiais (Great Britain, 2003). Os lixiviados de aterro sanitário têm diferentes processos de reação com base na sua idade, por isso, a sua composição varia significativamente.
Em geral, categorizamos o lixiviado de aterro sanitário em:
- Jovem
- Intermediário
- Maduro
Enquanto os lixiviados jovens são mais fáceis de tratar, os intermediários e maduros já apresentam maiores dificuldades devido, principalmente, à presença de vários poluentes orgânicos, nitrogênio amoniacal ou amônia dissociada (NH4 + ) e não dissociada (NH3), e metais pesados, bem como elevadas concentrações de compostos nocivos, tais como hidrocarbonetos aromáticos e halogenados e, ainda “contaminantes emergentes”, formados basicamente por produtos químicos de origem sintética ou natural, como, por exemplo, os PPCP – “Pharmaceuticals and Personal Care Products”, ou seja, produtos de cuidado pessoal e farmacêuticos. Os orgânicos macromoleculares tóxicos contribuem diretamente para a baixa biodegradabilidade desse resíduo altamente poluente.
Desafios no Tratamento
O nitrogênio amoniacal está presente em soluções aquosas sob duas formas inorgânicas: como amônia dissociada (NH4 + ), na forma iônica, e como amônia não dissociada (NH3), também conhecida como amônia gás, amônia volátil ou amônia. Em pH neutro e a 25°C, o nitrogênio amoniacal está na forma do íon amônio (NH4 + ). À pHs próximos de 9,5 apresenta 50% na forma de NH3 e 50% na forma de NH4 + . À pHs superiores a 11, praticamente todo nitrogênio amoniacal está na forma de NH3 (MOURA, 2008).
Em aterros mais maduros, verificamos que a relação DBO₅/DQO é muito baixa (com concentração de AGV igualmente muito baixa), enquanto as relações DQOrefr/DQOt e NTK/DBO₅ elevam-se, o que torna o lixiviado bruto mais complexo e difícil de tratar. Por essas razões, limitamos o efeito do tratamento biológico e precisamos complementá-lo com outras tecnologias para atender às exigências ambientais e/ou de reuso.
Sobre a BIOTECS
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Fonte: Biotecs
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