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Desempenho de reator UASB em escala plena no tratamento de esgoto sanitário e lodo ativado em excesso do pós-tratamento

Resumo

Esse trabalho avaliou o efeito do descarte de lodo aeróbio no desempenho do reator UASB. De modo geral, não houve impacto negativo no processo de digestão anaeróbia em termos de DQO dissolvida no efluente, que foi semelhante quando o afluente era composto essencialmente de esgoto bruto, na ordem de 60 a 80 mg/L. Por outro lado, os resultados indicaram uma tendência de redução da qualidade do efluente do reator UASB em termos de DQO total e sólidos em suspensão, quando da alimentação desse reator com excesso de lodo aeróbio.

A composição do biogás variou quando o sistema era alimentado com excesso de lodo aeróbio no afluente, apresentando, nessa condição, maior concentração de CO2 e menor concentração de H2S. Outro aspecto importante observado foi à falta de correlação entre os parâmetros DQO removida e produção volumétrica de biogás quando o afluente do reator UASB continha excesso de lodo aeróbio.
A qualidade do efluente final da ETE não foi impactada pela operação de descarte de lodo aeróbio no reator UASB, tendo mantido durante a maior parte do tempo DQO média na ordem de 40 mg/L no efluente e concentração de SST em média na ordem de 25 mg/L.

Introdução

A utilização de sistemas combinados (anaeróbio seguido de aeróbio) de tratamento de esgotos é uma solução bastante interessante, já que reduz a carga orgânica do esgoto e diminui o custo operacional da planta de tratamento com energia elétrica, além da unidade de tratamento anaeróbio gerar um lodo digerido e, portanto, mais estabilizado para disposição controlada no meio ambiente ou uso benéfico. Contudo, além do reator anaeróbio prejudicar o desempenho da desnitrificação no reator aeróbio, devido à baixa disponibilidade de matéria orgânica rapidamente biodegradável para o processo de redução do nitrato, diferentes pesquisadores apresentam posições contraditórias, principalmente quanto à viabilidade do uso da unidade anaeróbia para estabilização do lodo gerado na unidade de pós-tratamento aeróbio. Alguns autores entendem ser viável o descarte de lodo aeróbio na unidade anaeróbia, por permitir que o lodo seja parcialmente estabilizado e adensado na unidade anaeróbia, melhorando seu aspecto e facilitando as etapas posteriores de desaguamento e higienização. Outros pesquisadores afirmam que o descarte de lodo aeróbio deveria ocorrer após uma etapa de adensamento. Quem defende essa posição, alega que o descarte diretamente no reator UASB provoca eventuais perdas de sólidos junto com o efluente final, prejudicando, portanto, a eficiência do processo de tratamento, e causando efeitos deletérios indesejáveis no corpo receptor.

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