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Análise comparativa da delimitação manual e automática de bacias hidrográficas na região Bragantina/SP

Resumo

Devido à importância das bacias hidrográficas, diversos métodos automáticos para delimitação de bacias têm sido desenvolvidos. O presente trabalho tem por objetivo comparar áreas das bacias hidrográficas em Joanópolis e Pinhalzinho, delimitadas manualmente com base em cartas do IBGE 1:50000 com curvas de nível a cada 20m, com as delimitadas automaticamente pelo ArcHydro utilizando MDE com pixel de 30m, e verificar a influência da escala. Os resultados foram similares quanto ao seu traçado, apresentando pequenas variações por conta do MDE ser formado por pixels, assim, sua aparência toma um aspecto retangular em determinados pontos da bacia, já no traçado manual é possível a obtenção de curvas sinuosas, acompanhando as curvas de nível. Quanto às áreas, observou-se uma diferença de 10,6% em Joanópolis e de 9,4% em Pinhalzinho, que pode ser explicada pela diferença da precisão das bases cartográficas, pois a resolução do MDE de entrada influencia nos valores dos atributos topográficos, os quais tendem a se concentrar próximos de valores médios, tendo uma influência direta sobre os parâmetros morfométricos derivados. Diante dos resultados obtidos, observou-se que a delimitação automática atinge resultados satisfatórios comparando com a delimitação manual, quando o MDE se encontra na escala adequada à finalidade do trabalho.

Introdução

A bacia hidrográfica é utilizada como unidade de gerenciamento dos recursos hídricos, portanto, o reconhecimento da sua área de abrangência facilita a mensuração de impactos e gestão ambiental, por isso, temse a delimitação de uma bacia como um dos primeiros e mais comum procedimento executado em análises hidrológicas ou ambientais (ARAÚJO et al., 2009).

Devido a essa importância e à consolidação dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG), foram criadas formas digitais e consistentes de representação do relevo, como os Modelos Digitais de Elevação (MDEs). A partir desses modelos, diversos métodos automáticos para delimitação de bacias têm sido desenvolvidos (CARDOSO et al., 2006 apud GARBRECHT e MARTZ, 1999).

Os MDE’s são arquivos que possuem dados altimétricos que permitem a delimitação de bacias hidrográficas e são utilizados em estudos de monitoramento ambiental e hidrologia, em atividades como: análise de processos erosivos, delimitação e caracterização de bacias hidrográficas, dentre outros. No ano de 2000, a NASA lançou a Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) para gerar MDE’s da superfície terrestre e disponibilizou gratuitamente esses dados na rede mundial de computadores.

Porém, é necessário lembrar que os modelos digitais de elevação estão sujeitos a distorções. Consequentemente, os atributos topográficos derivados apresentam limitações e nem sempre traduzem as informações fidedignas do terreno, em função de um conjunto de fatores de interferência. As resoluções horizontais e verticais dos dados de elevação utilizados para retratar uma superfície de terreno têm influência significativa no detalhamento e na qualidade das representações, levando vários autores a examinarem os efeitos da resolução espacial sobre o valor e a acurácia dos atributos topográficos, derivados de conjuntos de dados de elevação de resoluções diferentes (ZHANG E MONTGOMERY, 1994; FLORINSKY, 1998; JONES, 1998; WILSON et al., 2000;.Thompson et al., 2001;. TANG et al., 2002;. ZHOU e LIU, 2004; KIENZLE, 2004; WARREN et al., 2004; RAAFLAUB e COLLINS, 2006).

Diante disso, mesmo sendo comum encontrar diversos trabalhos que utilizam modelos digitais de elevação para a delimitação de bacias com grandes extensões, como Cecílio et al. (2013), Zamfir e Simulescu (2011) e Seyler et al. (2009), é importante saber o quanto uma escala influencia na determinação da área de uma bacia, visto que a área serve de base para trabalhos importantes como pedidos de outorga para uso dos recursos hídricos.

É possível obter cartas topográficas com escalas em um bom nível de detalhamento para esse tipo de serviço no site IBGE, já quanto aos Modelos Digitais, as opções são mais escassas, sendo possível obter dados SRTM com resoluções de 90 metros, ou ainda em alguns sites como o TOPODATA que após interpolações conseguem melhorar essa resolução para 30m, ambos modelos podem ser obtidos gratuitamente. Por outro lado, para se obter modelos mais precisos é necessário investir em soluções mais complexas, uma delas é o mapeamento aéreo com câmeras multiespectrais, geralmente utilizadas no setor agrícola.

Autores: Guilherme de Sá Alencar; Viktor Boyadjian Pereira; Lara Dias de Jesus e Sousa; Eduardo Conselheiro e Fagner Sampaio de Sousa.

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