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Cultivo da cenoura (Daucus Carota) com efluente doméstico tratado

Resumo

O uso de águas residuárias de origem doméstica na agricultura é considerável uma alternativa viável, com relação à gestão de recursos hídricos e à economia do uso de fertilizantes químicos na agricultura, porque esses resíduos contêm, além da água, nutrientes importantes ao desenvolvimento das culturas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a viabilidade econômica do cultivo da cenoura (Daucus carota) irrigada com efluente doméstico tratado. O experimento está sendo conduzido na área experimental para uso agrícola de efluentes tratados do Centro Acadêmico do Agreste, da Universidade Federal de Pernambuco localizada, localizado no município de Caruaru. As plantas serão cultivadas em vasos, em casa de vegetação. Os tratamentos aplicados serão: T1-irrigação com água de abastecimento; T2- irrigação de água de abastecimento e adição de NPK; T3-irrigação com efluente tratado; T4- irrigação com efluente tratado e adição de NPK; T5- irrigação com efluente tratado diluído em água de abastecimento (50:50, v/v); T6- irrigação com efluente tratado diluído em água de abastecimento (50:50,v/v) e adição de NPK. O efluente tratado a ser utilizado neste experimento será o efluente de uma lagoa de maturação, em operação na Estação de Tratamento de Esgoto Rendeiras. Este efluente fornecerá a cultura em estudo as seguintes concentrações de macronutrientes: 19,36 kg N.ha-1, 29,33 kg P.ha-1 2 74,44 kg K.ha-1 na semeadura; 4,36 kg N.ha-1, 6,59 kg P.ha-1 e 16,8 kg K.ha-1 no desenvolvimento da cultura; e 17,38 kg N.ha-1, 26,39 kg P.ha-1 e 67,18 kg K.ha-1 na fase final de desenvolvimento da cultura.

Introdução

A água é um recurso natural indispensável à manutenção da vida. Estima-se que exista 1,26×109 Km³ de água no planeta; deste montante, 2,5% é de água doce e apenas 0,36% de toda água doce encontra-se em rios, lagos e pântanos. Todavia, a água doce não é uniformemente distribuída na Terra e sua disponibilidade varia sazonalmente. No Relatório das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento de Recursos Hídricos, destaca-se que o setor agrícola é o que mais demanda água para seu desenvolvimento, cuja demanda corresponde a 70% da quantidade total de água utilizada nas atividades agrícolas (UNESCO,2012). Com o crescimento acelerado da população mundial, estima-se que, em 2050, a demanda mundial por alimentos, cultivados ou não, seja da ordem de 70%, e que o consumo agrícola de água aumente cerca de 19%. Assim, o grande desafio do milênio será garantir que esses alimentos cheguem à mesa da população. Para isso, medidas para tornar mais eficiente a produção agrícola e meios de racionalização do uso da água são necessários para assegurar a alimentação e a manutenção dos recursos hídricos do planeta, no futuro. Dentro contexto da situação mundial de racionamento dos recursos hídricos, o uso de água residuárias tratadas, de origem doméstica ou não, como água de irrigação.

A respeito das características das águas residuárias, em especial o efluente doméstico tratado, é sabido que este é constituído de 99% de água e 1% de colóides suspensos e dissolvidos, orgânicos e inorgânicos, incluindo macronutrientes (principalmente, N, P e K) e, parcialmente, micronutrientes (Ca, Mg, S, Na, por exemplo).

Para Van Der Hoek et al. (2002), as maiores vantagens do aproveitamento de efluentes domésticos tratados para fins agrícolas, residem na conservação da água disponível e na possibilidade de aporte e reciclagem de nutrientes (reduzindo a necessidade de fertilização química) e promovendo a preservação do meio ambiente.

Com isso, a prática do reuso agrícola de efluentes domésticos tratados vem sendo apontada como excelente
medida para atenuar o problema da escassez hídrica no semiárido brasileiro. (SOUSA & LEITE,2003).

Assim, este trabalho pretende viabilizar o uso de um efluente doméstico tratado em lagoa de estabilização para
irrigação da cenoura contribuindo para a diminuição do uso de fertilizantes químicos e a poluição dos corpos
hídricos pelos lançamentos indevidos de esgoto não tratado.

Autores: Priscyla Gabrielly Nepomuceno e Kenia Kelly Barros da Silva.

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