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Contaminantes emergentes presentes em águas destinadas ao consumo humano: ocorrência, implicações e tecnologias de tratamento

Resumo

Os contaminantes emergentes são compostos que apresentam potencial danoso ao meio ambiente e à saúde, mesmo em baixas concentrações. É considerado um novo desafio para a comunidade científica, que vem conduzindo pesquisas mundialmente para subsidiar o desenvolvimento de padrões de qualidade da água para consumo humano, visto que o tratamento do tipo convencional utilizado pela maioria das ETAs é ineficiente para remoção de tais contaminantes. Visando ampliar e contribuir com os estudos que estão sendo realizados sobre a temática, o presente trabalho apresenta através de pesquisa bibliográfica, uma revisão sobre contaminantes emergentes presentes em águas destinadas ao consumo humano: ocorrência, implicações e tecnologias de tratamento. Os resultados apontam que os contaminantes emergentes são oriundos principalmente das águas residuárias lançadas sem tratamento nas águas superficiais. Uma vez contaminadas, as águas superficiais tornam-se fonte de contaminação a curto e longo prazo, ocasionando danos a biota aquática e aos seres humanos. Por não serem removidos no tratamento convencional de água, se faz necessário a utilização de tecnologias avançadas para remover contaminantes emergentes de águas destinadas ao consumo humano. Todas as tecnologias estudadas mostraram-se promissoras podendo ser utilizadas em escala real nas ETAs do país. Pesquisas relacionadas a contaminates emergentes presentes em águas destinadas ao consumo humano são de extrema importância ambiental, atraves delas será possivel identificar possiveis contaminates e desenvolver tecnologias apropriadas para sua eliminação evitando danos a saúde pública.

Introdução

No Brasil, a fragilidade das políticas públicas e a precariedade dos serviços de saneamento, somadas ao crescimento populacional desordenado nas grandes cidades têm sido considerados os principais responsáveis pela diminuição da qualidade dos recursos hídricos. Além disso, a escassez na alocação de recursos financeiros e a inexistência de um planejamento baseado em critérios toxicológicos e ambientais conduziram a um quadro onde o lançamento de esgoto doméstico não tratado, em conjunto com cargas industriais remanescentes, vêm causando impactos negativos aos sistemas de águas superficiais, necessitando de padrões mais exigentes de qualidade de água, devido a grande quantidade de contaminantes que podem estar presentes.

Até um pouco mais de duas décadas atrás, a preocupação com a qualidade da água concentrava-se nos contaminantes que causavam cor, odor, turbidez e microrganismos como bactérias, cistos de protozoários e ovos de helmintos, considerados os principais vilões que poderiam alterar a qualidade da água. Hoje, a preocupação é ainda maior, visto que mesmo quando submetida a tratamento pode conter outros contaminates tão prejudiciais quanto os citados, a exemplo dos contaminantes emergentes, que mesmo em baixas concentrações, podem causar sérios danos a biota aquática (MONTAGNER et al., 2017).

Os contaminantes emergentes são compostos que têm sido detectados no solo, água e ar, sendo eles tanto de origem antrópica (presentes em efluentes domésticos, industriais, hospitalares e aqueles provenientes das atividades agrícolas e pecuária), quanto de ocorrência natural (cianotoxinas) (LUO et al., 2014; PAL et al., 2014). Estes compostos podem apresentar riscos ao ecossistema causando alterações na qualidade da água e do solo, comprometendo sua fauna e flora. Em muitos casos, não estão incluídos nos programas de monitoramento de rotina e quando estão incluídos, em alguns casos precisam ser revistos. Assim, serão candidatos a uma futura regulamentação dependendo dos resultados obtidos em estudos de ecotoxicidade, efeitos à saúde humana, potencial de bioacumulação, transporte e destino nos diferentes compartimentos ambientais, além da quantidade em que são lançados e, portanto, da concentração no ambiente (SANTOS et al., 2013; ALVES et al., 2017).

Conhecer os riscos associados à exposição por centenas de novos contaminates permite antecipar e mitigar sérios danos para as gerações futuras. Muitos dos efeitos tóxicos são atribuídos à exposição crônica a esses compostos que ocorrem em concentrações extremamente baixas, principalmente em matrizes aquáticas, na ordem de nanograma a picograma por litro (PETRIE et al., 2014), o que torna ainda mais complexa a análise de avaliação de risco, seja considerando a preservação da vida aquática, dessedentação de animais, recreação ou à saúde humana.

Vários contaminantes emergentes têm sido identificados na água submetida ao tratamento do tipo convencional de potabilização (coagulação química, floculação, sedimentação e filtração rápida seguida de cloração) (LIMA et al., 2017) que é aplicado na maioria das Estações de Tratamento de Água do Brasil, sendo necessárias etapas adicionais para sua eliminação ou uso de novas tecnologias que promovam sua remoção total ou pelo menos que permitam atingir facilmente e com baixo custo a concentração máxima permitida pelo padrão de potabilidade, quando este estiver estabelecido na portaria de Consolidação 05/2017 do Ministério da Saúde, que dispõe do Controle e da Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano e seu Padrão de Potabilidade.

Nesse contexto, estudos que realizam o monitoramento dos recursos hídricos em relação à presença de contaminantes emergentes e, como esses afetam os seres vivos são de fundamental importância para o meio ambiente, saúde pública, sociedade e aos gestores de recursos hídricos, trazendo informações de grande relevância sobre a qualidade da água. Dessa forma, visando ampliar e contribuir com os estudos que estão sendo realizados sobre a temática, o presente trabalho objetiva apresentar através de pesquisa bibliográfica, uma revisão sobre tecnologias de tratamento que removam contaminantes emergentes presentes em águas destinadas ao consumo humano.

Autores: Amanda da Silva Barbosa Cartaxo; Maria Virgínia da Conceição Albuquerque; Maria Célia Cavalcante de Paula e Silva; Roberta Milena Moura Rodrigues; Railson de Oliveira Ramos; Josivaldo Rodrigues Sátiro e Wilton Silva Lopes.

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