Grupo de ONGs cria projeto para monitorar iniciativas de exploração com potencial de impacto na floresta e na área costeira do bioma
Uma nova plataforma de monitoramento da exploração de petróleo na Amazônia indica que o Brasil tem mais da metade dos projetos em áreas florestais e costeiras da região. O bioma abriga hoje 871 (29%) das 3.028 iniciativas da do setor nos nove países da bacia amazônica, quando incluídos blocos de exploração que ainda estão em estudo ou oferta.
A nova ferramenta de mapeamento foi criada por uma força-tarefa de ONGs ambientalistas, liderado pelo Instituto Arayara. O objetivo do grupo é alertar para o potencial de impacto ambiental do setor de petróleo e gás no bioma.
A maior parte dos projetos mapeados (78%) ainda ainda está na etapa de estudo ou oferta. Os outros 22% já estão sob concessão para exploração. O Brasil possui 52% dos blocos (451), considerando todas as etapas. A Bolívia vem em segundo com 129 blocos (15%), Colômbia em terceiro com 104 blocos (12%).
Ter mais blocos, porém, não implica necessariamente em maior produção, porque essas áreas delimitadas variam de tamanho. Os blocos no Brasil são pequenos, comparados aos da Guiana, Suriname e Venezuela.
Levando em consideração o histórico recente, o que chama à atenção no Brasil é a explosão de escala da prospecção, com a inclusão de 218 novos blocos em setembro de 2022, incluindo os da Foz do Amazonas.
Monitoramento Revela Impacto da Exploração de Petróleo na Amazônia
Segundo comunicado do Arayara e dos parceiros do projeto, existia a necessidade de se reunir as informações sobre petróleo na Amazônia em uma única plataforma, porque os dados de cada país estavam todos fragmentados em sites de diferentes governos e agências.
Além do Arayara estão envolvidos no monitor pesquisadores da Coalizão Energia Limpa, Coalizão Não Fracking Brasil pela Água, Clima e Vida (Coesus), a Frente Nacional dos Consumidores de Energia e o Observatório do Petróleo e Gás.
Ademais, entre os especialistas envolvidos na iniciativa está Suely Araújo, ex-presidente do Ibama, atualmente integrante do Observatório do Clima, que também faz parte do projeto.
“Acabar com a exploração de combustíveis fósseis é vital para alcançar as metas dos acordos de combate às mudanças climáticas”, afirmou Araújo em comunicado.
“Enquanto o mundo tenta organizar caminhos para a transição energética, o avanço da exploração desse setor sobre a maior floresta tropical do mundo causa perplexidade.”
Exploração de petróleo
Na Cúpula da Amazônia, em Belém (PA), presidentes regionais debateram a exploração de petróleo. Outros países se opuseram à proposta de moratória da Colômbia, excluída do acordo final.
Há hoje um enfrentamento sobre a questão do petróleo dentro do próprio governo federal, após o Ibama ter negado em maio um pedido de licença da Petrobras para prospecção na foz do Amazonas. No entanto, o Ministério das Minas e Energia criticou a medida na ocasião, e hoje o assunto é tema delicado dentro do Executivo.
Com a dificuldade e falta de praticidade para obter dados públicos sobre o tema, uma das vantagens da nova plataforma é analisar, por exemplo, sobreposições dos blocos de exploração em áreas críticas, como terras indígenas e unidades de conservação.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) divulgou na semana passada o 4° Ciclo da Oferta Permanente, com leilão marcado para 13 de dezembro. É possível separar projeto por projeto.
Além disso, você pode acessar os dados de monitoramento da exploração de petróleo na região amazônica no site do projeto.
Fonte: UM SÓ PLANETA