Brasil pode perder 18% do PIB até 2050 com impactos da mudança climática, aponta BCG
Os impactos econômicos da mudança climática podem causar uma perda de até 18% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil até 2050, afirma estudo publicado pelo grupo de consultoria BCG (Boston Consulting Group).
O dado faz parte de um relatório mais amplo, que mostra o cenário global em relação ao mesmo desafio. Na projeção, contudo, o Brasil é o segundo país mais exposto nos dez mercados analisados, sendo o Oriente Médio o primeiro. A América Latina como um todo tem projeções de perdas econômicas de 14% do PIB no mesmo período.
Como a consultoria já apontou anteriormente, a inação climática gera despesas significativas, podendo fazer encolher o PIB mundial em 15% até o final do século apenas com o custo de catástrofes climáticas como os incêndios de Los Angeles (EUA), que tiveram um prejuízo calculado às seguradoras em torno de US$ 20 bilhões (R$ 112,7 bilhões).
Embora o investimento em soluções climáticas seja crucial, o levantamento aponta que, globalmente, apenas 1% do PIB (US$ 1,2 trilhão) é investido anualmente em mitigação. O relatório aponta ainda a necessidade de multiplicar rapidamente os investimentos em mitigação (9x) e adaptação (13x) até 2050.
Projeção de perdas com a mudança climática por mercado até 2050
- Oriente Médio: -19%
- Brasil: -18%
- Índia: -17%
- Ásia: -16%
- África: -16%
- Austrália: -15%
- China: -14%
- América Latina: -14%
- Estados Unidos: -10%
- Europa: -9%
Reforçando o potencial de investimentos, estudo publicado recentemente pelo WRI (World Resources Institute), apontou que cada US$ 1 dólar investido em adaptação climática pode gerar mais de US$ 10 em benefícios ao longo de 10 anos. O próprio BCG já estimou que o Brasil possa atrair US$ 3 trilhões até 2050 em investimentos para soluções de baixo impacto ambiental, se observar uma série de melhorias necessárias, de infraestrutura a arranjos legais e financeiros.
Mudança climática
No documento atual, o BCG propõe como caminhos a construção de consenso, especialmente no ambiente do multilateralismo, como as COPs. O gerenciamento de custos e benefícios deve evitar a miopia e enxergar a longo prazo, abandonando ao menos em parte a atitude imediatista comum no ambiente político. A garantia de justiça social e o aprimoramento da compreensão dos riscos são outros fatores adicionados à análise.
“A ação climática é essencial não apenas para proteger o meio ambiente, mas para evitar danos econômicos severos. Parafraseando a primeira carta do presidente da COP30, a mudança é inevitável – seja por escolha ou por catástrofe”, analisa Ricardo Pierozzi, diretor executivo e sócio do BCG.
No Brasil, um dos setores mais afetados pela falta de planejamento em relação ao clima seria o agrícola, a exemplo da crise ocorrida no Rio Grande do Sul no ano passado, observa Santino Lacanna, também diretor executivo e sócio do grupo.
“Esses investimentos são fundamentais para limitar o aquecimento global e minimizar os danos econômicos. Por isso, recomendamos o fortalecimento das políticas nacionais, com foco na redução de emissões e no aumento da resiliência das economias frente aos riscos físicos das mudanças climáticas”, acrescenta o executivo.
Fonte: Um só Planeta