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Estudo inédito mostra o que é necessário para o Brasil se tornar um campeão do hidrogênio verde

Dados do Boston Consulting Group (BCG) foram destaque no Brazil Climate Summit e mostram que o país pode obter até 15% das exportações globais de H2 de baixo carbono até 2030
Estudo inédito mostra o que é necessário para o Brasil se tornar um campeão do hidrogênio verde

Um dos destaques do Brazil Climate Summit foi um relatório inédito do Boston Consulting Group (BCG) sobre o potencial do hidrogênio de baixo carbono, ou hidrogênio verde, para a indústria brasileira. Os números mostraram que, com os devidos incentivos, o país pode obter até 15% das exportações globais do produto em diferentes formas, o que significaria mais de 10 milhões de toneladas até 2030.

O estudo “Unleashing Brazil’s Low Carbon Hydrogen Potential” (Desencadeando o Potencial Brasileiro do Carbono de Baixo Carbono) foi escrito por Arthur Ramos, diretor executivo e sócio do BCG e líder da prática de Clima e Sustentabilidade. A ideia foi apresentar o conceito do Brasil como produtor de hidrogênio verde à plateia da conferência, que este ano foi composta em grande parte por investidores estrangeiros.

Mas o que é exatamente hidrogênio verde? O hidrogênio (H2) é um composto usado como combustível e em vários processos industriais, e é criado a partir da quebra da molécula de água via eletricidade ou a formação de gás metano. A fonte de energia para esse processo pode vir a partir de gás ou carvão, associado ou não a captura de carbono (hidrogênios cinza e azul), energia nuclear (hidrogênio rosa), biomassa (hidrogênio laranja) ou usando fontes de energia renováveis (hidrogênio verde).

Segundo Ramos, o hidrogênio verde está passando por este momento porque o custo da energia eólica e solar baixou significativamente nos últimos dez anos, e os processos de produção ficaram mais acessíveis.

“Este é uma oportunidade muito especial para o Brasil de conseguir viabilizar uma das soluções mais competitivas de hidrogênio do mundo”, afirmou em entrevista ao Um Só Planeta. Isso é decorrente de três fatores, de acordo com o executivo: o país ter energia limpa renovável barata, um grid energético interconectado e 92% baseado em energia renovável, além de já haver demanda industrial local que pode dar a partida para um projeto de exportação.

O documento também indica alguns incentivos para esse potencial se tornar realidade. Entre eles, estão otimização da localização das plantas de produção de acordo com as condições de sol e vento ou logística, isenção de ICMS/PIS/COFINS na eletricidade usada para a produção de H2 e incentivos para baratear o custo de capital — como investimentos como taxas menores de empréstimos e contratos de longo prazo.

“Eu acredito que o hidrogênio verde pode iniciar um processo de retomada industrial verde, que gere produtos industriais que saiam do Brasil com conteúdos baixíssimos de emissão de carbono,” disse.

Os setores com mais potencial para exportação seriam a produção siderúrgica, fertilizantes, construção e transportes. Para o produto em sua forma pura, H2, o mercado consumidor em vista seria o local, já que não há tecnologia disponível para exportar hidrogênio puro para a Europa nos próximos dez anos. Outra ideia seria exportar amônia, que tem um custo baixo, e convertê-la em H2 no destino final, mas o custo se torna proibitivo.

“O estudo mostra que o mais natural seria apenas exportar amônia produzida com hidrogênio verde, que teria um custo bem mais competitivo, do que tentar por enquanto vender hidrogênio verde direto no mercado externo”, explicou Ramos. “Nós vamos competir com a amônia”.

Fonte: UM SÓ PLANETA


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