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Bagaço de cana vira embalagem que protege equipamentos eletrônicos sensíveis

Material sustentável desenvolvido no CNPEM reduz risco de dano em dispositivos por descargas eletrostáticas

Dispositivos eletrônicos sensíveis, como chips e semicondutores, têm alto valor e precisam ser acondicionados em embalagens especiais para evitar danos por descargas eletrostáticas. Eles estão presentes no nosso dia a dia, em computadores, celulares, TVs e até automóveis. Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) desenvolveram uma nova embalagem antiestática e sustentável, feita a partir do bagaço da cana-de-açúcar e de negro de fumo, para proteção desses equipamentos.

Chamado de criogel condutivo, o composto é feito a partir da celulose extraída de plantas e resíduos agroindustriais, como o bagaço de cana e o negro de fumo. Além disso, este material é produzido pela combustão incompleta de matéria vegetal (carvão e alcatrão de carvão, por exemplo) ou produtos petrolíferos. Dessa forma, combina sustentabilidade com funcionalidade. Portanto, representa uma alternativa promissora aos materiais plásticos convencionais. O criogel condutivo protege microchips, semicondutores e outros componentes eletrônicos quando o utilizam em embalagens, garantindo segurança sem comprometer o meio ambiente.

Criogel Vegetal Substitui Espumas Plásticas para Eletrônicos

A pesquisa inova ao oferecer um material alternativo às espumas plásticas, derivadas de petróleo, hoje usadas para proteger componentes eletrônicos e evitar danos por descargas eletrostáticas. A ideia é que o criogel, de origem predominantemente vegetal, substitua o produto plástico, altamente poluente.

A FAPESP financiou o estudo, além disso, as pesquisadoras Gabriele Polezi (também doutoranda na Universidade Federal do ABC), Elisa Ferreira, Juliana da Silva Bernardes, e o pesquisador Diego Nascimento assinam a pesquisa. Vale destacar que todos trabalham no Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano-CNPEM). Em seguida, a equipe divulgou os resultados na revista Advanced Sustainable Systems.

O produto não tem similares no mercado e já teve a patente depositada. O CNPEM buscará agora, por meio de sua Assessoria de Inovação, parcerias com empresas dispostas a investir na produção em escala industrial.

Criogel Sustentável Revoluciona Embalagens Eletrônicas

A nova embalagem protege materiais cada vez mais presentes em equipamentos eletrônicos avançados. Segundo relatório do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, o mercado global de embalagens de produtos sensíveis a descargas eletrostáticas deve atingir US$ 5,1 bilhões até 2026.

“Nosso objetivo é oferecer uma alternativa sustentável para a indústria de embalagens de produtos eletrônicos sensíveis, substituindo materiais plásticos por opções menos poluentes e de alto desempenho”, disse Bernardes, coordenadora do estudo, à Assessoria de Comunicação do CNPEM.

O material tem estrutura leve e porosa, com alta resistência mecânica e propriedades que dificultam a propagação de chamas. O criogel condutivo ajusta sua capacidade de conduzir eletricidade conforme a necessidade. Em baixas concentrações de negro de fumo (1% a 5%), ele dissipa cargas eletrostáticas lentamente. Em concentrações mais altas (acima de 10%), ele conduz eletricidade de forma eficiente e protege equipamentos eletrônicos altamente sensíveis em aplicações avançadas.

Apesar de os custos de produção ainda não estarem precificados, o criogel condutivo tem uma série de vantagens ambientais e competitivas. Oferece maior resistência ao fogo, versatilidade e usa matérias-primas abundantes. Pesquisadores obtêm a celulose do bagaço de cana e de outros resíduos agroindustriais, como palha de milho e cavacos de eucalipto. O negro de fumo serve para produzir pneus e outros produtos industriais – chineses e egípcios antigos já aplicavam o pó preto em pinturas de murais e impressões.

Fonte: Agência FAPESP


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