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Avaliação in vitro de atividade antimicrobiana de óleos essenciais contra salmonella typhimurium e staphylococcus aureus

Resumo

O objetivo do trabalho foi avaliar a atividade antimicrobiana in vitro de diferentes óleos essenciais e suas combinações contra linhagens patogênicas de Salmonella typhimurium ATCC 13311 e Staphylococcus aureus ATCC 13565. Foram testados ao todo 41 óleos essenciais e as combinações em pares dos óleos de alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham.), capim-limão (Cymbopogon citratus Stapf.), tomilho (Thymus vulgaris L.), orégano (Origanum vulgare L.) e canela (Cinnamomum cassia (L.) D.Don. para observar efeitos adicionais ou não na inibição dos microrganismos. Os resultados mostraram que as melhores atividades antimicrobianas para os dois microrganismos foram obtidas utilizando os óleos de Thymus vulgaris L. (tomilho), Origanum vulgare L. (orégano) e Lippia sidoides Cham. (alecrimpimenta). As combinações de cada par dos óleos de alecrim-pimenta, capim-limão, tomilho, orégano e canela não apresentaram uma melhora adicional no efeito para os patógenos estudados quando comparados com os seus óleos testados isoladamente. As composições químicas dos óleos essenciais mais ativos foram obtidas por meio de análises por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-EM), sendo que os compostos majoritários do óleo de orégano foram carvacrol (69,1%) e p-cimeno (18,8%), do óleo essencial de tomilho foram timol (45,5%) e p-cimeno (35,6%) e do alecrim-pimenta foram o timol (77,2%) e pcimeno (14,2%). Análises quantitativas de pcimeno, carvacrol e timol nos três óleos foram realizadas e comparadas com as composições químicas mostrando resultados proporcionalmente coerentes, exceto para pcimeno, que foi quantificado com menores porcentagens por esse método. A aplicabilidade dos óleos selecionados, ou das substâncias presentes isoladas seria diretamente nos alimentos, com a finalidade de inibir ou controlar o crescimento desses patógenos, contribuindo assim para a segurança dos alimentos.

Introdução

Doenças transmitidas por alimentos (DTAs) são um grave problema de saúde pública em todo o mundo. Estima-se que 600 milhões de pessoas adoeçam depois de ingerirem alimentos contaminados em todo o mundo, e 420.000 pessoas morram de doenças transmitidas por alimentos a cada ano (Fernández et al., 2018). No Brasil, o patógeno mais prevalente encontrado em surtos de origem alimentar é a Salmonella spp., seguido pelo Staphylococcus aureus (Lentz et al., 2018). Estes microrganismos são geralmente transmitidos aos seres humanos por meio do consumo de alimentos contaminados como carnes, aves, ovos, leite, cremes, tortas recheadas com cremes, queijos, dentre outros (WHO 2019a; Franco & Landgraf, 2003; Germano & Germano, 2011). Uma das formas de controle das doenças transmitidas por estes patógenos é o uso de antibióticos (Germano & Germano, 2011), mas em razão ao uso difundido e frequente de antimicrobianos sintéticos, um aumento da resistência microbiana a estes compostos tem sido observado. Isto tem levado a uma crescente necessidade de encontrar novos produtos com atividades antimicrobianas para substituirem os já existentes (Andrade et al., 2014).

Embora diversas novas drogas antimicrobianas venham sendo descobertas, suas eficiências têm diminuído principalmente em função à resistência de patógenos a esses compostos. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) a resistência microbiana a antibióticos está entre as dez principais ameaças para a saúde em 2019 (WHO, 2019b). Além disso, os efeitos indesejáveis de muitas drogas (como alergias), aliados ao seu alto custo e aos problemas causados ao meio ambiente, têm sido motivos de grande preocupação (Vangay et al., 2015; Amsaleg & Laverman, 2016).

Em função disto, alternativas mais saudáveis e sustentáveis têm sido pesquisadas para substituirem os de oxidação lipídica (Santos et al., 2017b). Assim, em razão ao enorme potencial do uso de óleos essenciais como conservantes de alimentos, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a atividade antimicrobiana de óleos essenciais frente a dois patógenos de origem alimentar. A aplicação destes resultados pode ser no uso dos óleos essenciais diretamente nos alimentos, em substituição aos sintéticos, para consumo por animais ou seres humanos, a fim de controlar ou inibir a proliferação desses microrganismos.

Autores: Ana Lúcia Penteado, Raquel Andrade Eschionato, Débora Renata Cassoli de Souza e Sonia Claudia Nascimento Queiroz.

 

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