Resumo: Vários estudos já foram realizados no Brasil, a grande maioria em escala de bancada, para avaliação da eficiência de remoção de nutrientes através do uso de macrófitas, atestando a sua viabilidade técnica. Os sistemas de tratamento de esgoto doméstico por lagoas não removem fósforo e nem a amônia, o que tem gerado uma série de problemas para atendimento às exigências legais brasileiras para a qualidade de corpos d’água que recebem esses efluentes. Além disso, o excesso de nutrientes ocasiona problemas ambientais que podem inviabilizar outros usos para esses recursos naturais. A ampla disseminação da tecnologia de tratamento por lagoas de estabilização se deu pelo baixo custo de implantação e operação, e pelos bons resultados para a remoção de parâmetros até o nível secundário. Portanto, o país possui um passivo ambiental significativo, o qual requer melhorias para que se ajuste à realidade que se busca alcançar com as restrições pelos órgãos ambientais e pelo arcabouço legal atualmente existente. Neste trabalho foram realizadas duas baterias de testes em escala real na Lagoa da Estação de Tratamento de Recreio, no Município de Charqueada, SP. Os testes foram feitos em dois períodos sazonais completamente distintos, e demonstraram que as variáveis ambientais como radiação solar, ventos e chuvas exercem influencia direta na capacidade de desenvolvimento e remoção de nitrogênio e fósforo para o grupo de macrófitas Lemnaceae, que se encontrava naturalmente instalado nesse sistema. Apesar disso, os resultados obtidos foram muito promissores, chegando a remoções médias de 75% para ambos os parâmetros, sendo os melhores resultados pontuais obtidos para a amônia. Outras constatações evidenciam a necessidade de aprofundamento quanto a melhor forma e periodicidade de manejo, considerando que não pode ser realizada retirada única com o risco de diminuir a capacidade de competitividade dessa macrófita com as algas, que também geraram impacto negativo nas remoções. Após essas constatações, foi realizado um estudo de viabilidade econômica, onde a alternativa de remoção de fósforo total por macrófitas considerou a mão-de-obra, periodicidade e destinação, com o diferencial de que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo adquiriu em 2013 um equipamento de baixo custo que permite compostar a massa retirada com o lodo do esgoto e dar uma destinação agrícola ao material final. O Valor Presente Líquido (VPL) 2 foi positivo quando comparado à alternativa de implantar um sistema anexo à lagoa instalada, apenas para polimento; e comparado à implantação de um sistema compacto com remoção físico-química. Ambos os estudos foram analisados apenas para sistemas para remoção de fósforo total (PT), e não considerou a remoção de amônia.
Autor: Mario Eduardo Pardini Affonseca.
Leia o estudo completo: Avaliação da viabilidade e aplicabilidade de macrófitas aquáticas para polimento de efluentes de estações de tratamento de esgoto doméstico – estudo em escala real