Resumo
A água é um elemento essencial para a sobrevivência dos seres vivos e a sua disponibilidade é um fator importante na estrutura do ecossistema. Dessa forma, é de vital importância que esse recurso natural apresente condições físicas e químicas adequadas para o consumo e que esteja isento de substâncias nocivas que possam produzir efeitos deletérios aos organismos (BRAGA et al., 2005). A qualidade de determinada água para consumo é avaliada por uma série de parâmetros que resultam em análises físicas, químicas e biológicas, esperando-se que a água apresente-se sempre livre de agentes patogênicos. O objetivo deste trabalho foi testar a eficiência de diferentes produtos na desinfecção da água da Estação de Tratamento de Água – ETA Santa Luzia 1, Formiga-MG. Foram aplicados à água da ETA agentes oxidantes como o Hipoclorito de Sódio (NaClO), Hipoclorito de Cálcio [Ca(ClO)2] e o Tricloro. Amostras de água tratada com cada desinfetante foram coletadas na ETA e em 6 pontos de distribuição, escolhidos aleatoriamente, determinando-se os parâmetros coliformes totais e Escheríchia coli, cloro residual livre, cor, turbidez e pH. De acordo com os resultados, o tricloro apresentou maior rendimento gerando menor perda de cloro residual (38%) do que o Ca(ClO)2 (47,3%) e o NaClO (41,7%). Os parâmetros físicos pH, turbidez, cor e temperatura mantiveram-se dentro dos padrões de potabilidade para todos os tratamentos e os coliformes totais e fecais mantiveram-se ausentes. O NaClO foi considerado o melhor produto a ser utilizado na ETA.
Introdução
A água é um elemento essencial à vida e ao funcionamento do ecossistema terrestre como a dinâmica dos solos, clima e o ciclo hídrico. Seu uso é indispensável para o desenvolvimento metabólico de todos os seres vivos, considerando-a como um solvente universal. Possui funções importantes no nosso organismo como a termorregulação, transporte de nutrientes e excreção de sais nocivos.
A água encontrada na natureza não é considerada pura, pois de acordo com Richter e Azevedo Netto (1991), água pura é um líquido incolor, inodoro, insípido e transparente. Mas, devido ser um bom solvente, nunca é encontrada em estado de pureza absoluta pois contém várias impurezas que vão desde alguns miligramas por litro na água da chuva e mais de 30 mil miligramas por litro na água do mar. Dos 103 elementos químicos conhecidos, a maior parte é encontrada de uma ou outra forma nas águas naturais.
Na década atual, o tratamento de água tornou se um fator primordial, visto que os impactos ambientais nos meios hídricos já são considerados fatores relevantes. A proteção, recuperação e melhoria das condições do meio ambiente, em particular dos recursos hídricos e do solo, visam minimizar os impactos ambientais e as incidências associadas a ocorrências de seca, cheias e deslizamentos nas encostas. Portanto, é necessário um maior investimento no saneamento básico e adequação às normas legislativas vigentes para promoção e melhoria da saúde coletiva e a sustentabilidade das futuras gerações.
A água que sai de uma Estação de Tratamento de água normalmente é utilizada para o consumo doméstico das comunidades, por isso há a necessidade de considerar as características físico químicas e microbiológicas tais como quantidade de cloro residual livre (CLR), pH, turbidez, sólidos em suspensão, temperatura, coliformes totais e Escherichia coli.
Segundo Meyer (1994), a reatividade do cloro diminui com o aumento do pH. As águas para abastecimento público apresentam, geralmente, valores de pH entre 5 e 10. Nessa faixa, a forma predominante do cloro é o ácido hipocloroso, definido como cloro residual livre (CRL), e o íon hipoclorito. A presença do CRL é importante pois garante a qualidade bacteriológica da água em todas as etapas.
O uso do cloro na desinfecção da água feita de acordo com os padrões da portaria nº 2914/11 do Ministério da Saúde (MS) assegura eficiência e segurança à população. Contudo, os derivados clorados de origem inorgânica, como o gás cloro, hipoclorito de sódio, hipoclorito de cálcio e os derivados clorados de origem orgânica cujo principal representante é o dicloro isocianurato de sódio, tem contribuído para o controle das doenças de origem hídrica e alimentar, do processo de desinfecção de pisos, equipamentos e utensílios em áreas de industriais e de residências (ANDRADE e MACÊDO, 1996).
A cloração da água contendo matéria orgânica favorece a formação dos trihalometanos (THMs). Essa reação ocorre devido à presença do halógeno (cloro) com substâncias húmicas ou fúlvicas presentes na água, as popularmente chamadas de matéria orgânica. Observa-se que apenas alguns tipos de cloro como o hipoclorito de cálcio e hipoclorito de sódio são capazes de gerar os THMs .Alguns tem sido identificados como cancerígenos, mas é possível fazer o controle através da remoção desses compostos precursores antes de sua reação com o cloro. Esse processo é realizado no tratamento convencional nas etapas de coagulação, floculação, decantação e filtração. Contudo, a Portaria nº 2914/11 do MS regulamenta a qualidade da água para consumo humano e limita o teor de trihalometanos a 0,01mg/L.
É importante ressaltar a observação de alguns pesquisadores (CLARK et al, 2001; BOCCELLI et al, 2003) que concluem que a formação e concentração de subprodutos da desinfecção na fase líquida resultantes da reação do CRL com compostos orgânicos naturais está diretamente relacionada com a sua demanda em fase aquosa. Sendo assim, quanto maiores forem os valores de demanda de cloro observados para uma determinada água bruta ou tratada submetida ao processo de cloração, também maiores serão suas concentrações de subprodutos da desinfecção, tipicamente quantificadas pelas concentrações de THMs na fase líquida.
Apesar disso, pode-se dizer que o clorofórmio, o principal composto dos THMs, em período de curta duração e exposição não constitui risco à saúde humana.
Sendo assim, o objetivo principal do presente estudo foi analisar a eficiência de diferentes produtos de desinfecção no combate dos microorganismos patogênicos causadores de doenças e avaliar os custos e rendimentos dos produtos utilizados no processo de potabilização das águas
Autores: Juliana Lisita de Souza Mattos; Luana da Mata; Kátia Daniela Ribeiro; Alex Magalhães de Almeida e Flávio Leonildo de Melo.