Resumo
O problema da disponibilidade de água potável vem se agravando com o passar do tempo, devido especialmente ao aumento da população e da poluição dos mananciais. Com isso, há a necessidade de procurar novas formas de aproveitamento de água. A captação de água da chuva para posterior utilização para fins não potáveis tem se tornado uma prática cada vez mais comum. Sendo assim, o objetivo neste trabalho foi analisar as diferentes formas empregadas para tratamento de águas pluviais visando identificar a alternativa mais adequada. Para tal, foi utilizada uma base de dados de pesquisa com uso de palavras-chave distintas para seleção e feita a comparação de diferentes tratamentos de acordo com critérios como: tipo de material empregado, uso de coagulante, descarte dos primeiros milímetros de chuva, dentre outros. Foram encontrados 17 artigos subdivididos em três grupos de acordo com a forma de tratamento empregada: 14 com uso de filtro de areia, 1 com uso de manta sintética e 6 com outro tipo de tratamento. Além disso, foi analisado 1 estudo com emprego de manta sintética para filtração da água para irrigação de forma a agregar dados para a discussão. Notou-se que apesar do filtro de areia ser a opção mais utilizada para o tratamento de águas pluviais, há uma variedade de configurações e variações quanto à taxa de filtração, granulometria, espessura das camadas. A falta de padrão em relação aos parâmetros monitorados foi uma das principais dificuldades encontradas para a comparação das tecnologias empregadas. Verificou-se que dependendo da qualidade da água pluvial apenas o descarte dos primeiros milímetros se faz necessário. Concluiu-se também que o uso de filtro de areia com camadas de seixo e areia com espessuras específicas se mostrou eficiente. Por fim, a manta sintética pode ser um potencial meio filtrante para o tratamento de águas pluviais.
Introdução
A água está presente em todas as atividades do ser humano, desde o abastecimento doméstico até no lazer e na geração de energia. Este recurso natural atende às necessidades de higiene e dessedentação da população, entretanto, o desperdício e o descaso são fatos marcantes no cotidiano. A discussão sobre escassez de água potável no mundo é amplamente difundida na sociedade atual.
A escassez não é atributo somente de regiões áridas, muitas regiões de recursos hídricos abundantes podem sofrer por demandas excessivamente elevadas, podendo ser vítimas de conflitos de uso e restrições de consumo. A necessidade de conservação da água é notória e medidas já estão sendo instituídas por governos e órgãos não-governamentais para ação de controle de desperdícios e uma política de redução no consumo da água.
O conceito de substituição de fontes de água se mostra a alternativa mais plausível para satisfazer demandas mais restritivas, liberando a água de melhor qualidade para uso mais nobre, enquanto águas de qualidade inferior podem ser consideradas como fontes para uso menos restritivos.
Sendo assim, na busca de fontes alternativas de abastecimento, o aproveitamento de águas pluviais surge como prática potencialmente capaz de suprir parte da demanda hídrica de usos menos nobres. Os sistemas de aproveitamento de águas pluviais baseiam-se na captação das precipitações escoadas sobre áreas impermeáveis e no armazenamento dessas águas em reservatórios de acumulação, para uso imediato ou a longo prazo.
Entretanto, além da captação e armazenamento das águas pluviais, é interessante também que ocorram alguns estudos para sua utilização, no que diz respeito à aspectos quantitativos e qualitativos, para julgar a real necessidade de um sistema de tratamento simplificado desta água.
O descarte inicial de primeira chuva é uma prática comumente empregada para controlar a qualidade de água pluvial produzida, garantindo que as sujeiras acumuladas na superfície de captação não sejam armazenadas na cisterna. Melo (2007) ratifica que as primeiras águas de chuva realmente promovem a limpeza da atmosfera, e que a partir de certa quantidade da precipitação, a água se torna de excelente qualidade.
Outras formas de tratamento empregadas, com a aplicação do descarte ou não, são os filtros de areia. Esses filtros são compostos de materiais de fácil obtenção como brita e/ou areia e/ou pedregulho. O desenvolvimento deste filtro para a retirada de resíduos sólidos proveniente do arraste da água da chuva é amplamente utilizado para fins não potáveis e não necessita de mão de obra especializada para seu manejo.
Além desses, há a manta sintética que é vista como possível alternativa ao filtro de areia presente em um sistema de aproveitamento de água pluvial. Mantas sintéticas não tecidas são fabricadas a partir de polímeros ou fibras naturais entrelaçadas de forma aleatória. Estudos nesse contexto ainda são escassos no Brasil, reforçando a necessidade da aplicação desta alternativa para avaliação da qualidade da água da chuva após um tratamento.
Sendo assim, neste trabalho buscou-se comparar estratégias de tratamento de águas pluviais por meio de uma análise crítica da literatura afim de gerar um debate sobre a alternativa mais eficiente.
Autores: Andréa Puzzi Nicolau e Dirlane Fátima do Carmo.