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Análise da concentração de alumínio residual no Rio Gramame proveniente dos efluentes da ETA-Gramame, João Pessoa-PB

Resumo: As estações de tratamento de água além de tratar a água bruta são grandes geradoras de resíduos, os chamados Resíduos de Estações de Tratamento de Água, gerados nos processos de decantação e filtração. Tais resíduos possuem alto teor de alumínio oriundo da adição de sulfato de alumínio na etapa de tratamento. Tendo em vista isso, o presente trabalho analisou o teor de alumínio nos resíduos gerados pela Estação de Tratamento de Água – Gramame que são despejadas no rio Gramame. Com isso, foram coletadas oito amostras, sendo quatro, referente ao momento da descarga do decantador e quatro referentes à água da lavagem dos filtros, para o momento da descarga do decantador foram coletadas uma amostra do lançamento e três amostras a montante, jusante e zona de mistura do rio Gramame. Para o momento da água de lavagem dos filtros foi coletada uma amostra no lançamento e três amostras a montante, jusante e zona de mistura do rio Gramame. Todas as amostras foram analisadas pelo espectrofotômetro Hach DR – 2400. Os seguintes resultados mostraram um teor elevado para os momentos de descarga do decantador e para a água da lavagem dos filtros.

Introdução: A água bruta apresenta inúmeras impurezas, sendo várias delas inócuas e outras prejudiciais à saúde humana, tais como substâncias tóxicas, bactérias e vírus. (FIGUEIREDO, 2004). Entretanto, as estações de tratamento de água (ETAs) tem a função de transformar esta água bruta, normalmente inadequada para o consumo humano, em água potável, através dos processos de coagulação, floculação, decantação e filtração (TSUTIYA e HIRATA, 2001). Com isso, as estações de tratamento de água têm o seu funcionamento semelhante a uma indústria, onde uma determinada matéria prima é trabalhada, através de diversos processos, resultando em um produto final que é a água tratada (ACHON, BARROSO e CORDEIRO, 2008). Com uma alta demanda na busca por uma água potável de qualidade, relacionada a uma piora na qualidade da água bruta, o tratamento da água bruta exige uma maior concentração de produtos químicos aplicados no seu tratamento (PORTELLA et. al, 2003). E os principais coagulantes usados são: sulfato de alumínio, policloreto de alumínio, sulfato férrico, sulfato ferroso clorado e cloreto férrico (TEIXEIRA et al., 2006). Segundo Oliveira, Barros e Junior (2014), com o passar dos anos, a principal preocupação que envolve o tratamento da água, passou a ser com a utilização desses mesmos componentes químicos. Como consequência desse aumento de uso de coagulantes químicos, há um significativo aumento nos resíduos provenientes das Estações de Tratamento de Água (PORTELLA et. al, 2003). Achon, Barroso e Cordeiro (2013), relatam que durante os processos de tratamento, são gerados resíduos com as mais diferenciadas características. A geração e a destinação final destes resíduos devem ser analisadas como um problema nas estações de tratamento de água (TSUTIYA e HIRATA, 2008; ACHON, BAROSSO e CORDEIRO, 2013). Pela NBR 10.004 estes lodos residuais devem classificados como resíduos sólidos, portanto devem ser tratados e dispostos conforme exigência dos órgãos reguladores. (PORTELLA et. Al., 2003). No entanto, a forma de disposição deste resíduo não tem a merecida atenção por parte das Companhias de Águas e Esgotos, por falta de conhecimento mais aprofundado sobre suas características e ações negativas que podem provocar no meio ambiente e em cursos de água onde é disposto (MENESES et. al., 2005). Ainda Oliveira e Holanda (2008) enfatizam ainda que no Brasil, o destino dos resíduos das ETAs tem sido ao longo dos anos, os corpos hídricos mais próximos. A legislação brasileira articula que o efluente não deverá causar ou possuir potencial para causar efeitos tóxicos aos organismos aquáticos no corpo receptor. Porém os metais, e em especial o alumínio, exerce papel de destaque face aos seus potenciais e ações tóxicas (Barroso e Cordeiro, 2001). Pois se apresentando em grande escala afeta as comunidades bióticas e abióticas do ecossistema onde é despejado. Assim a Resolução CONAMA nº 357/2005, estabelece que o limite máximo de alumínio dissolvido em corpos receptores em águas de classes I, II é de 0,1 mg/l, e para classe III é de 0,2 mg/l (BRASIL, 2005; OLIVEIRA, BARROS e JUNIOR, 2014). O alumínio é um elemento químico de símbolo Al e número atômico 13 com massa atômica 26,98154 g.mol^(-1). Ele é terceiro elemento mais abundante na crosta da Terra, acredita-se para ser contido em um percentual de 7,5% para 8,1%. E que segundo Alcalde (2001) está entre os produtos químicos relacionados a transtornos mentais após a exposição iônicas. Barroso e Cordeiro (2001) afirmam que a química e toxicidade desse metal são de grande importância na compreensão dos efeitos causados pelas descargas de resíduos de ETAs. Atualmente, os sais de ferro ou alumínio, e o mais amplamente utilizado é o Policloreto Básico de Alumínio- PAC são os coagulantes químicos mais empregados no tratamento de água (GUEDES et al., 2004). E existem outras preocupações no Brasil, pois a principal fonte de alumínio na água de consumo humano é proveniente do uso de sulfato de alumínio como coagulante químico no tratamento da água (OLIVEIRA, BARROSO e JUNIOR, 2014). Os resíduos primeiramente são formados nos decantadores das estações de tratamento de água como resultado dos processos de coagulação e floculação e juntamente com a água de lavagem dos filtros (TEIXEIRA, MELO e SILVA, 2005; GUIMARÃES e PÁDUA, 2005). Sendo, os resíduos dos decantadores os que possuem as maiores concentrações de alumínio, quando o sulfato de alumínio é empregado como coagulante primário (PROSAB, 1999). Contudo, esses resíduos apresentam grande potencial de poluição e contaminação devido à adição dos coagulantes químicos, durante o seu processo de tratamento (SCALIZE e DI BERNARDO, 2010). E com isso os ecossistemas aquáticos vêm sofrendo alterações ao longo do tempo em função, principalmente, da ação antropogênica, que tem levado à degradação da qualidade ambiental (FERNANDES et. al., 2010). Tendo as suas propriedades físicas e químicas significativamente alteradas com o impacto dos componentes químicos no corpo hídrico (COSTA et. al., 2008). Com isso, Garcia, Gioda e Nascimento (1997) salienta também que o uso do sulfato de alumínio como coagulante em estações de tratamento de água representa uma fonte adicional de contaminação, uma vez que traços de alumínio existentes na água bruta não são totalmente eliminados pelos processos convencionais de tratamento. Várias outras fontes de contaminação por metais podem ser consideradas, como a corrosão química ou microbiológica do próprio sistema, a origem da água que entra na estação de tratamento e os coagulantes químicos que são utilizados nos processos (FREITAS, BRILHANTE e ALMEIDA, 2001). Sabendo que o uso do sulfato de alumínio como coagulante químico, não altera só as águas de abastecimento, também os resíduos que são despejados possuem uma elevada concentração de alumínio. É o que relata Rosilano (2011) afirmando que a presença do alumínio é abundante no meio ambiente, estando presente no solo, ar e água, podendo ter origens naturais ou antrópicas. A presença de metais na natureza faz parte do ciclo natural do meio ambiente. Porém, no corpo receptor, só a presença natural do fluxo de sedimentação do alumínio é capaz de alterar o ciclo do fósforo (KOPÁCEK, MARESOVA e HEJZLAR, 2007). E em níveis altos de alumínio pode contribuir para redução na vegetação presente na barranca dos rios, contribuindo assim para aumentar a degradação ambiental via erosão das margens, visto que o alumínio mesmo em baixas concentrações pode afetar o sistema radicular, inibindo o crescimento e bloqueando os mecanismos de absorção e transporte de água e nutrientes (ROSSIELLO E NETTO, 2008). Pois, esses resíduos têm uma habilidade para ligarem-se fortemente os fosfatos imobilizando-o. Afetando assim, o ciclo do fósforo, essencial nutriente da vegetação aquática, de plâncton e de outros organismos (KAGGWA et al. 2001). Grassie et. al. (2013) também destacam que a toxidade do alumínio causa um impacto negativo na capacidade cognitiva dos peixes. Segundo Oliveira e Martinez (2011) há também uma relação direta entre o aumento dos metais no sedimento e o acúmulo destes nas brânquias dos peixes. Alguns organismos com membranas desprotegidas, tais como algas, peixes e anfíbios são particularmente sensíveis ao alumínio (IMRAY et. al., 1998). Os organismos aquáticos absorvem e integram metais direta ou indiretamente através da cadeia alimentar. O acúmulo de tais metais em vários órgãos dos organismos marinhos leva a doenças de longo prazo devido à sua toxicidade, colocando em risco assim, a biota aquática e outros organismos na cadeia alimentar (OLIVEIRA, SOUZA e BORTOCAN, 2014). Existem inúmeras situações que momentaneamente, causam impactos ambientais mais ou menos acentuados, de qualquer forma, os corpos receptores são significativamente poluídos e contaminados além de apresentarem aspectos visuais deploráveis (DI BERNARDO, DANTAS e VOLTAN, 2012). Contudo, o lançamento dos resíduos gerados em estações de tratamento de água, em corpos d’água, pode ser considerado crime ambiental, de acordo com a Lei 9.605/1998, devido aos efeitos diretos causados ao ambiente aquático no corpo receptor e danos à sua fauna aquática (ACHON, BARROSO e CORDEIRO, 2008). Contudo, com um gerenciamento adequado, os impactos ambientais podem ser minimizados, e os resíduos podem ser utilizados na confecção de tijolos refratários, pavimentação de estradas, aplicação no solo.

Autores: Alonso Freire de Almeida Neto; Ítalo Matheus de Araújo Macena e Josiane Silva de Oliveira.

Leia o estudo completo: Análise da concentração de alumínio residual no Rio Gramame proveniente dos efluentes da ETA-Gramame, João Pessoa-PB

 

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