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Enchentes no Rio Grande do Sul impulsionam investimentos em energia renovável

Com o agravamento da crise climática, que provoca desastres naturais como as enchentes que flagelam o Rio Grande do Sul nas últimas semanas, pesquisadores, investidores e empresas intensificaram a busca por soluções de geração de energia renovável.

Isso não significa que o Brasil esteja engatinhando nessa área. Como se sabe, a participação de fontes renováveis na nossa matriz energética é elevada, puxada, sobretudo, pelas usinas hidrelétricas. De acordo com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em 2023, o país bateu seu recorde na produção de energia renovável, atingindo 93,1% de participação.

Ao todo, o país gerou 70.206 megawatts médios de energia a partir das suas usinas hidrelétricas, eólicas, solares e de biomassa. Gustavo Luedemann, técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), destaca que a transição para energia renovável trouxe oportunidades de negócio para quem trabalha no setor.

“Obviamente a necessidade de reduzir as emissões do setor energia vai muito além e, certamente, vai ter um impacto na economia”, ressalta Luedemann.

De acordo com ele, os grandes investidores estão cada vez menos propensos a investir no setor de carvão mineral, por exemplo.

“Trabalhadores e economias locais inteiras precisam se adaptar a uma nova realidade”.

As principais fontes de energia renovável no Brasil

Em 2023, o Brasil foi o terceiro país no mundo que mais atraiu investimentos em energia renovável, de acordo com dados do Energy Transition Investiment Trends 2024, relatório da BloombergNEF (BNEF).

No total, o investimento no país chegou a US$ 34,8 bilhões, ficando atrás de China, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e França.

De acordo com dados do Operacional Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em janeiro de 2023, as fontes renováveis de energia hidráulica, eólica e solar, somadas, foram responsáveis por 91,2% do abastecimento do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Além disso, os dados de Energia Armazenada (EAR) – que representa a capacidade de gerar eletricidade pelo sistema hidráulico – demonstram que, em março de 2023, o Sudeste/Centro-Oeste registrou 82,6%, sendo recorde desde 2011. O número é quase 20% maior do que o registrado no mesmo mês do ano anterior.

No ano passado, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou o investimento de aproximadamente R$ 50 bilhões para a execução do maior programa de transmissão de energia elétrica no Nordeste brasileiro.

O investimento em renováveis faz parte do planejamento energético do Ministério de Minas e Energia. Até 2031, o Plano Decenal de Expansão (PDE) estima investir cerca de R$ 119 bilhões na geração renovável centralizada.

De acordo com os dados, cerca de 60% desse total irá para as fontes solar e eólica, principais vetores da expansão renovável no Brasil. Na geração descentralizada, incluindo Geração Distribuída e Sistemas Isolados, o montante pode alcançar R$ 121 bilhões, com quase 80% desses recursos provenientes das fontes citadas.

Como proteger a economia mantendo o planeta saudável?

Há uma linha tênue entre manter o planeta saudável enquanto protegemos a economia. Para Luedemann, a forma conhecida atualmente é a de teto de emissão.

“Se eu tenho um teto de emissão, posso distribuir as emissões entre os agentes da economia. Então, diversas plantas de geração de energia ou empresas que produzem determinado produto vão receber ou comprar [as permissões de emissão] de alguma forma, para poderem atuar no seu setor”, destaca.

O técnico destaca que o mercado de carbono é apenas uma válvula de escape para políticas restritivas de redução de emissões.

“Isso obviamente afeta a economia, no sentido de aumentar o preço da produção dos setores”, completa.

Luedemann sugere adotar subsídios para evitar impactos negativos em setores devido à restrição, diante da competitividade do mercado.

“Se por um lado a gente exige a redução de emissão, por outro, fornece as ferramentas necessárias para que o setor consiga se adaptar”, afirma Luedemann. Mas isso tem que ser de forma pontual, alerta o técnico. “A gente não pode ter um setor produtivo que viva de subsídio”.

Fonte: Money times


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