Já são três meses em estado de alerta, ou seja, operando com volume igual ou menor do que 40%; nível atual está próximo do de 2013, época pré-crise de abastecimento.
Vista da Represa do Rio Cachoeira, do Sistema Cantareira, em Piracaia (SP), em agosto de 2018 — Foto: Renato César Pereira/Futura Press/Estadão Conteúdo
O Sistema Cantareira operava com 35% do seu volume neste domingo (25), um aumento de 0,6% em relação ao volume registrado no início do mês (34,4% no último dia 1º). Já são três meses em estado de alerta, ou seja, operando com volume igual ou menor do que 40%.
O Sistema Cantareira é o maior reservatório de água da região metropolitana e abastece cerca de 7,5 milhões de pessoas por dia, 46% da população da região metropolitana de São Paulo, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), órgão que regulamenta o setor.
Para o professor da USP Pedro Luiz Côrtes, a situação atual é ‘preocupante”, visto que o nível atual está próximo do de 2013, época pré-crise de abastecimento. Em 25 de novembro de 2013, o Sistema operava com 31,7%.
“Não conseguimos sequer alcançar o nível de um ano tipicamente seco, como foi 2017. Isso torna a situação ainda mais preocupante”, diz Côrtes.
De acordo com o especialista, a principal fase de recarga do Cantareira ocorre nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, mas essa recarga poderá não ser a ideal.
“Embora com o El Niño que se aproxima esteja previsto um aumento nas chuvas, elas ocorrerão sob a forma de pancadas isoladas (pode chover muito em uma região enquanto outras permanecem sem chuva). Essa não é a situação ideal para recarga dos mananciais. Além disso, o El Niño gera um aumento de temperatura, levando a um maior consumo de água e a maior evaporação nos mananciais.”
Nos últimos 13 meses, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) diz ter poupado mais de 27% do que estava autorizada a retirar do sistema.
Recuperação lenta no pós-crise
Desde 2014, o Sistema Cantereira tem sido lento para recuperar seu volume. Em 25 de novembro de 2016 o volume do Sistema era de 44,%. Na mesma data de 2017, o volume era de 44,6%. Este ano, são 34,4%).
“Esta demora na recuperação é um ponto que considero muito importante. Isso já havia sido previsto durante a crise e vem se confirmando só longo dos últimos anos”, diz Pedro.
A Sabesp alerta para a necessidade de economia de água por parte da população. “É essencial que a população mantenha sempre os hábitos de consumo consciente de água, evitando o desperdício”, disse em nota.
Fonte: G1.