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SuperBAC, as bactérias “do bem” de R$ 1,3 bilhão

SuperBac – Com 90 % da receita com origem no agronegócio, a empresa planeja voltar à sua origem e crescer em segmentos como efluentes industriais, saneamento, óleo e gás e varejo.

Em meados dos anos 90, um jovem de 21 anos procurou a direção da fabricante de chocolates Lacta, ainda sob o comando da família do ex-governador Adhemar de Barros em São Paulo, oferecendo o uso de bactérias como solução para um problema na linha de produção. “Tá louco!”, foi o que ouviu. “Como colocar bactérias no processo de produção de chocolates?”, perguntaram. Após uma experiência piloto, no entanto, o que o então vendedor de gravatas Luiz Chacon ouviu dos mesmos executivos foi bem diferente: “Monte uma empresa que nós compramos de você”

superbac

Imagem: SuperBAC

Cerca de 25 anos depois, com receita de R$ 800 milhões em 2021, duas fábricas, um centro de pesquisa e 600 funcionários, sendo 70 pesquisadores, a SuperBAC ainda enfrenta o desafio inicial de mostrar os benefícios que a biotecnologia oferece comas “bactérias do bem”.

Com 90% da receita com origem no agronegócio, a empresa planeja voltar à sua origem e crescer em segmentos como efluentes industriais, saneamento, óleo e gás e varejo. A projeção para este ano é de crescimento de 60% e faturamento de R$ 1,3 bilhão.

“Somos uma empresa de substituição de processos. Não há genialidade da nossa parte. O que fazemos é replicar, o que a natureza já faz, de forma acelerada”, afirma Chacon. Ele explica que a biotecnologia permite reduzir ou substituir o uso de produtos químicos e poluentes por alternativas sustentáveis com uso de bactérias. “Ser pioneiro é positivo, mas impõe o desafio de mudar o hábito do cliente por uma nova tecnologia. Isso é custoso e exige tempo.”

Chacon é formado em administração de empresas e não tem nenhuma formação em biológicas. Ele conta que procurou especialistas da USP para saber quais as bactérias que poderiam resolver o problema da Lacta. Então começou a fazer acultura dos organismos sugeridos de forma artesanal em um escritório de 26 m² que dividia com um corretor de imóveis na rua Major Quedinho, no centro da capital paulista.

Quando fechou o primeiro contrato com a Lacta, Chacon procurou uma empresa que pudesse produzir com escala e estabilidade os produtos biotecnológicos. Encontrou um fornecedor em Wisconsin, nos Estados Unidos, e passou a importar tudo o que vendia no Brasil.

“É uma região nos Estados Unidos que concentrava fabricantes de cerveja, que tinha experiência em fermentação”, conta. Já nos anos2000 e com os primeiros aportes de investidores anjos, Chacon comprou a empresa americana.

O passo seguinte foi definir um segmento que permitisse ganhar escala e começar a gerar receita. A opção foi comprar uma pequena empresa familiar de fertilizantes em Mandaguari, no Paraná, em 2015, e começar a construção de um centro de inovação que incluía os laboratórios de pesquisa e uma biofábrica, numa área em frente à nova fábrica.

“Até então só queimávamos caixa. Éramos uma empresa pura de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento).” A outra fábrica fica em Cotia (SP) e atende os demais segmentos. Hoje tudo é produzido no Brasil.

Foto Divulgação – Fábrica da SuperBAC em Mandaguari/PR inaugurada em 10/2021


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Para sustentar a expansão ao longo dos anos, Chacon foi fazendo sucessivas captações, mas sempre mantendo o controle da companhia. Hoje a SuperBAC é uma S.A. de capital fechado, com balanço auditado, conselho de administração com membros profissionais e sócios de peso como o Temasek, fundo soberano de Cingapura, e o “family office” da família Feffer.  Abrir o capital não está descartado, mas não é uma alternativa para o curto prazo e é pouco provável que ocorra no Brasil. O mercado americano já tem empresas de biotecnologia com capital aberto e consegue precificar melhor o setor, avalia Chacon.

 

Luiz Chacon Filho, CEO e Cofounder da Superbac

Com o fim da construção do centro de pesquisa, que consumiu R$ 200 milhões, e bem posicionado no agronegócio com fertilizantes biotecnológicos, Chacon definiu 2022 como o início da diversificação. O objetivo é em três anos reduzir a dependência dos fertilizantes para 65% a 70% da receita. E em 10 anos ter pelo menos metade do faturamento vindo de outros setores.

“Graças ao agronegócio, em seis anos fomos de receita de R$ 20 milhões para R$800 milhões. Agora é hora de expandir em outros setores. As soluções já existem e tenho escala para atender a nova demanda com a mesma força do agronegócio. ”

Chacon garante que a biofábrica tem capacidade para atender as necessidades da empresa pelos próximos 10 anos.

Com um potencial de expansão no Brasil, a SuperBAC não pensa muito em crescer no exterior. Hoje a empresa é responsável pelo tratamento de todo o esgoto de três cidades em Israel, incluindo Jerusalém, com 875 mil habitantes.

Foto Divulgação SuperBAC – Centro de Inovação

Há 10 anos a SuperBAC realiza o levantamento de toda a biota brasileira.

“O Brasil tem a maior biodiversidade do planeta. Identificando, mapeando e caracterizando podemos saber o que cada bactéria pode fazer e que benefício pode trazer. Isso nos capacita a desenvolver soluções distintas.”

Foto: Divulgação SuperBAC (comparação entre plantações com e sem SuperBAC)

Fonte: Valor Econômico


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