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Projeto de reuso de água do RN vai se expandir para o País

Iniciado em um projeto-piloto na fábrica de São Gonçalo do Amarante, o que inicialmente era um plano para tratar a água com produtos químicos que era despejada no rio Potengi pela empresa se transformou em um projeto de reuso que já levou para 50% o volume de água reutilizado no local, e está sendo levado para outras unidades do Brasil, inclusive em locais que não necessariamente sofrem com a seca.

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Projeto inicialmente era um plano para tratar a água com produtos químicos que era despejada no rio Potengi. Se transformou em um exemplo de reuso que já elevou para 50% o volume reutilizado no local

A ideia dos gestores da empresa é reutilizar a água que é produzida nos municípios em que as fábricas estão instaladas, medida que exige tempo e cuidado. A primeira adutora de água de reuso do Nordeste vai ser construída na Paraíba. O vice-presidente industrial João Lima, descreveu que a estrutura vai ser construída com recursos próprios da empresa. A estação fica a cerca de 7,3 km da fábrica, nas proximidades na alça sudoeste. O planejamento começou em 2014, quando a empresa começou a procurar alternativas para reduzir os custos com a refrigeração do maquinário.

Para ser reutilizada, a água que vai para o tratamento de tecidos e recebe uma série de produtos químicos precisa ser tratada. O tratamento, de acordo com João Lima, varia de acordo com a coloração do tecido e os produtos utilizados. Por isso, foram necessários uma série de testes e tempo para desenvolver as técnicas adequadas, juntamente com um sistema eficiente para fazer com que o sistema de tratamento funcionasse de maneira devida.

“Nós sempre acompanhamos a qualidade da água que sai de nossa central e a que está indo para o Rio Potengi e percebemos que a que jogamos no rio é melhor que a qualidade da água do próprio Potengi. Então, chamamos o pessoal de processos químicos, testamos a água e chegamos gradualmente a 50% de reutilização da água, a possibilidade de chegar a 100% é difícil, mas pode ser que aumente mais. Mas em cada fábrica o processo é diferente, em algumas estamos com 20%.

A ideia de tratar a água para reuso surgiu na empresa há cerca de 10 anos, quando a fábrica começou a analisar as amostras de água que estavam sendo colocadas no rio Potengi. “Queríamos ver qual era a qualidade dessa água que estava sendo despejada no rio”, explicou João. Hoje, 10 anos depois do início do processo, os resultados já podem ser vistos na prática em números: no início do projeto, a empresa gastava 160 litros de água para processar 1kg de tecido. Em 2012, alguns anos após a implementação, o valor foi reduzido para 100 litros a cada quilo e, atualmente, o volume de água gasto está na casa dos 60 litros por quilo de tecido.

“Isso mostra que o reuso não apenas é necessário como também é economicamente viável e vai ser positivo para as empresas, além de para o meio ambiente”, disse João.

Além do caso de São Gonçalo do Amarante, o diretor da Coteminas também apresentou dados a respeito da fábrica da empresa em Campina Grande, outro local escasso em recursos hídricos. Na cidade, o método já está sendo replicado e já conseguiu reduzir 10% do consumo de água, com o objetivo de chegar aos 50% economizados em São Gonçalo do Amarante.

No Rio Grande do Norte, empresa Coteminas possui duas unidades, uma em Macaíba e outra em São Gonçalo do Amarante. A Coteminas possui outras seis unidades no Brasil, em Belo Horizonte, Blumenau, Campina Grande, João Pessoa, Montes Claros, São Paulo. No exterior, a fábrica está instalada na Argentina.

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O vice-presidente industrial João Lima, descreveu projeto em seminário do Motores do Desenvolvimento do RN sobre Crise Hídrica

Como reutilizar

“Nós temos como filosofia a ideia de ser uma empresa sustentável, tanto do ponto de vista social como ambiental. Acredito que quando você tem foco e quer aplicar sua filosofia na realidade, é possível reduzir o consumo de água, e foi o que fizemos, o que já pode ser averiguado em resultados reais. No começo, é claro que vão existir dificuldades, mas nós abraçamos essa causa porque acreditamos que se não colocarmos nossa filosofia na prática, não faz sentido algum ter uma filosofia”.

Dificuldades

“É claro que uma empresa, quando tenta dar início a um processo como esse de reuso da água vai se deparar com algumas dificuldades, inclusive culturais. É importante ressaltar que a economia de água não deve vir só a partir do tratamento da água e de sua reutilização industrial, mas também dentro da própria empresa, com os funcionários, instaurando essa consciência de que a água é um bem fundamental e muito escasso, por isso precisa ser muito bem cuidado. Algumas empresas passam pela situação de ter que reutilizar por alguma punição ou decisão judicial, mas acredito que o correto a se fazer é analisar que essa é a melhor alternativa para o ambiente, a sociedade e, consequentemente, para a própria empresa”.

Campina Grande

“Em Campina Grande temos o esgoto da comunidade, essa água é tratada em um nível que não pode ser usado como água potável, mas está em um nível tal que com algum investimento pode tratar e usar no processo industrial. Fizemos um acordo com a Cagepa, fazemos fazer uma adutora que liga essa estação de tratamento do município até a nossa fábrica. Vão pegar água que iria ser descartada no rio e vamos levar para usar no processo, o que até para nós é inovador. Em Campina Grande é a primeira cidade em que faremos isso. O nosso objetivo é aumentar a sustentabilidade, até do município. Dando resultado positivo, vamos tentar replicar a experiência em todas as unidades onde temos fábrica”.

Sustentabilidade

“Em todas as nossas unidades, não somente aqui no Nordeste, desenvolvemos o reuso. Nas unidades fabris fazemos o reuso de nossa água, fazemos o processo de acabamentos dos tecidos, depois tratamos essa água, e hoje grande parte volta para o processo. Isso começou na fábrica de São Gonçalo do Amarante. Na fábrica de Campina Grande, criamos um alternativa nova para fazer reuso da água utilizada na comunidade”

Fonte: Tribuna do Norte.

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