Planeta registra média confortável na relação entre consumo e água disponível, mas mudança climática e crescimento das populações devem aumentar impactos
Chegar à beira de um riacho e beber água limpa é talvez um dos grandes luxos do planeta. Águas superficiais, como a de rios e cachoeiras, compõem apenas 0,3% de toda a água potável disponível na Terra. Para acessar o restante das reservas disponíveis, é preciso trabalho duro.
Em uma revisão sobre o andamento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em 2023, metas definidas no Pacto Global da ONU para a evolução das nações até 2030, o Banco Mundial destaca o mapa de estresse hídrico no mundo, e faz alguns alertas ao analisar o ODS 6, que diz respeito à água potável e saneamento.
Apesar de, em médio, o mundo ainda operar em relativo conforto hídrico, o aumento do consumo nos últimos 60 anos revela uma tendência que merece acompanhamento cuidadoso, afirma a instituição. Isso porque a população do mundo não está diminuindo e os efeitos da crise climática tendem a prejudicar o ciclo das águas.
Usando uma escala de 0 a 100%, onde até 25% o impacto é insignificante, e 100% ou acima disso é considerado crítico, o planeta hoje está em confortáveis 18%. Porém, como o Banco Mundial alerta, este número mascara realidades preocupantes. Da década de 1960 até 2020, 67% dos países do mundo tiveram aumento de consumo de água.
No caso do Brasil, o volume de água disponível por habitante encolheu mais que a metade neste período, de 106 metros cúbicos para 40 metros cúbicos nos dias atuais. Isso não significa uma diminuição da água disponível, mas que o país, hoje mais populoso, desenvolvido e com maior área de agricultura, usa muito mais água.
O Brasil não sofre o que se pode classificar de estresse hídrico, com índice geral de 1%. A região com pior índice é o Nordeste, onde o nível de estresse fica entre 25% e 50%, considerado baixo.
Na América do Sul, à primeira vista não há estresse hídrico. Contudo há bacias hidrográficas altamente pressionadas pelo consumo, como ocorre no Norte do Chile, região desértica com intensa atividade mineradora e de agricultura. A situação é similar no nordeste argentino, alerta o estudo.
Olhando o mapa mundial de estresse hídrico, as zonas críticas, onde há mais consumo do que água renovável disponível, o que provoca interferência humana nos aquíferos, estão no Norte da África e Oriente Médio, segundo o Banco Mundial.
A enorme maioria (97,5 %) da água da Terra é salgada. Apenas 2,5 % da água disponível no planeta é doce, porém 69% deste recurso está preso em geleiras. A água subterrânea dos aquíferos constitui a maior parte restante do precioso líquido e esta é a principal fonte de abastecimento em muitos países, muitas vezes demandando perfuração.
Segundo as Nações Unidas, uma pessoa precisa de 50 a 100 litros de água por dia para atender às necessidades básicas de consumo, cozinha e higiene, a Organização de Alimentos e Agricultura (FAO), agência da ONU dedicada à alimentação, estima que “entre 2 mil e 5 mil litros de água são necessários para produzir as necessidades diárias de comida para uma pessoa.
Fonte: UM SÓ PLANETA