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Reparo e proteção de ETEs com sistemas de cristalização integral

A grande maioria das estações de tratamento de efluentes (ETE) municipais ou industriais é construída em concreto. Em função do grau de agressividade a que essas estruturas estão submetidas, há uma preocupação maior em relação às premissas informadas pela norma ABNT NBR 6118 – Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimentos.

“Nas ETEs, encontram-se situações de agressividade Classe III ou IV, conforme o documento normativo. Os efluentes podem ter características de pH neutro ou com variações de pH ácido a alcalino, presença de cloreto, sulfato oriundo dos coagulantes ou ácidos lançados no efluente. Nos reatores, há formação de H2S na zona de gás, com a formação de H2SO4, erosão de tanques de contato, entre outros”, lembra o engenheiro Claudio Ourives, diretor executivo da Penetron Brasil.

Em muitas ETEs, as manifestações já estão presentes na execução da estrutura, como baixo cobrimento do concreto, segregação do concreto, fissuras de retração por secagem ou térmica, pontas de aço expostas, concreto de alta permeabilidade, entre outras. Essas ETEs já apresentam deficiências na proteção original contra essas agressividades na idade de zero.

“O uso de argamassas de cristalização integral do concreto é solução para reparo e proteção do concreto. Essas argamassas reagem com a pasta de cimento do concreto e com a água, formando cristais insolúveis nos poros e fissuras do concreto”, diz. Além de reduzirem a penetração de água, reduzem a penetração de agentes agressivos ao concreto, como cloreto e sulfato. Também são aplicados em tanques com grande variação de pH.

Entre os cases apresentados pela Penetron Brasil no 58º Congresso Brasileiro do Concreto, promovido pelo IBRACON, em outubro último, estão as obras da ETE Taubaté/ Tremembé, da SABESP (2009), e da ETE Capivari, em Vinhedo (2008), que empregaram a cristalização integral na recuperação e proteção do concreto.

 

Estação de tratamento de efluente Taubaté/Tremembé, SP

 

Essa estação de tratamento de efluente da SABESP foi construída entre 2007 e 2008 e está localizada em Taubaté, São Paulo, na região do Vale do Paraíba. Recebe e trata todo o esgoto de Taubaté e da região adjacente de Tremembé, totalizando uma população combinada de mais de 300 mil pessoas. A capacidade atual da primeira fase é de 1.050 l/s e com previsão de aumento para 1.450 l/s até o ano 2020. Na primeira fase, foram construídos 3 decantadores, com 39m de diâmetro e 5,5m de altura e 2 reatores de 40m x 20m x 7,0m de altura.
Após a execução dos decantadores e desforma, foram identificadas fissuras verticais a cada 1,20m, com aberturas de no máximo 0,3mm. O diagnóstico dado foi retração por secagem do concreto e projeto inadequado da fôrma. Outras manifestações patológicas executivas também foram identificadas, conforme sequencia de fotos abaixo:

 

Reparo e proteção de ETEs com sistemas de cristalização integral

Reparo e proteção de ETEs com sistemas de cristalização integral

 

Foram realizados ensaios de Penetração de Água sob Pressão conforme a norma ABNT NBR 10787/94 para aprovação do sistema de proteção com cristalização integral. A moldagem dos prismas foi realizada na obra com o mesmo traço de concreto dos tanques; foram posicionados rente a parede do tanque para que todo o processo de preparação da obra, com jato de água de alta pressão e saturação, fossem realizados ao mesmo tempo; também a aplicação da argamassa de proteção por cristalização integral foi aplicada na sequencia da aplicação no tanque. Os resultados obtidos foram:

 

Tabela 1 – Ensaio de penetração de água sob pressão, ABNT NBR 10.787/94.

Reparo e proteção de ETEs com sistemas de cristalização integral

 

Os procedimentos de reparo estão nas fotos abaixo:

Reparo e proteção de ETEs com sistemas de cristalização integral

Reparo e proteção de ETEs com sistemas de cristalização integral

Reparo e proteção de ETEs com sistemas de cristalização integral

 

Após 15 dias de teste de carga e estanqueidade, verificava-se a eficácia do selamento das fissuras pelo processo de autocicatrização. Os tanques eram então liberados para continuidade das instalações elétricas e mecânicas. O sistema de cristalização adotado foi eficaz quanto a proteção e impermeabilização das estruturas.

 

Estação de Tratamento de Efluentes Capivari, Vinhedo, SP

 

A estação de tratamento de esgoto Capivari localiza-se no Distrito Industrial e foi inaugurada em outubro de 2011.  A ETE Capivari trata 30% do esgoto coletado na cidade, em média 86 mil m³ de esgoto/ mês e envia para aterro sanitário uma média de 206 t de lodo /mês. O tratamento feito pela estação é biológico, baseado no processo de lodo ativado com aeração prolongada por aerador de superfície.

Foram identificadas fissuras com abertura acima de 0,4mm e muitas regiões com segregação do concreto, armadura exposta e baixo cobrimento.

As fissuras com aberturas maiores e juntas de concretagem foram abertas no formato de canaleta (20mm x 20mm) e reparadas com a argamassa de reparo estrutural com cristalizante. As regiões com baixo cobrimento também foram reparadas com essa argamassa. Segue abaixo o registro fotográfico.

Reparo e proteção de ETEs com sistemas de cristalização integral

Reparo e proteção de ETEs com sistemas de cristalização integral

Por problemas financeiros do município, a obra ficou mais de um ano parada após a aplicação do sistema de cristalização. O teste de estanqueidade foi realizado após esse período e não foi identificado nenhum vazamento, estando em operação em perfeito estado até o momento.

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