Monitoramentos podem tornar públicos dados sobre danos do garimpo ilegal e qualidade da água consumida pelo roraimense
A qualidade da água que chega às torneiras da população roraimense, após denúncias no aumento das atividades ilegais nos garimpos de Roraima, é alvo de preocupação de pesquisadores ambientais. A Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, (Femarh-RR) em conjunto com o Centro de Estudos da Biodiversidade estão monitorando e pesquisando os principais rios que passam pelos municípios do Amajarí, Mucajaí, Caracaraí Pacaraima e Boa Vista, como o rio Amajarí, rio Uraricoera, Tacutú e Rio Branco.
O chefe da divisão de planejamento Hídrico da Femarh, Rogeano Gonçalves, explicou que o trabalho de acompanhamento da qualidade da água dos rios é feito de forma trimestral e possui ligação com o programa Qualiágua da Agência Nacional de Águas, que objetiva tornar os dados de monitoramento públicos.
“Todos os anos nós fazemos o monitoramento dos rios e estamos no segundo ano de trabalho. A água do estado de Roraima é considerada boa. O PH que indica a acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma solução está dentro da normalidade para consumo” disse.
Rogeano Gonçalves também falou que no monitoramento realizado entre dezembro e janeiro foi constatada alteração na cor das águas do rio Mucajaí e Uraricoera, o que denunciava atividades do garimpo ilegal.
“Elaboramos um relatório que foi enviado aos órgãos que combatem o trabalho do garimpo ilegal, mas ainda não foram realizadas e feitas as análises de metais pesados. Por se tratar de um trabalho minucioso, em que o Estado não dispõe de recursos para fazer, em breve enviaremos amostras a laboratórios fora de Roraima,” explicou.
A professora do curso de biologia da Universidade Federal de Roraima, especializada em água doce e pesca interior, Núbia Gomes, explicou que as últimas pesquisas que verificaram a qualidade das águas de alguns rios no Estado foram coletadas acerca de dois meses atrás mas que ainda não foram divulgados os resultados. Porém, de acordo com ela, a previsão é que sejam semelhantes às pesquisas de 2017 que apontaram coliformes fecais, agrotóxicos e chumbo nas aguas.
“Existe um trabalho feito por estrangeiros que apontam a presença de mercúrio no organismo dos indígenas ianomâmis e até nos peixes. Mas o tratamento da água feito pela companhia responsável em fornecer o abastecimento à população é em nossa avaliação excelente. O que pode acontecer é que com o aumento populacional, com esgoto clandestino sendo lançado em recursos hídricos próximo à cidade, aconteçam problemas. Quanto mais esgoto lançado, mais caro fica o tratamento da água captada” explicou a pesquisadora.
CAER diz que água consumida pela população é de boa qualidade
Diretor de Tecnologia e Gestão do Sistema de Água, Gabriel Mota, explicou como são feitas etapas que garantem água consumível ao roraimense (Foto: Diane Sampaio/FolhaBV)
A Companhia de abastecimento de águas de Roraima, CAER, garante que a água que chega à população é devidamente tratada, e não traz riscos à saúde da população. Em entrevista à Folha o diretor de Tecnologia e Gestão do Sistema de Água, Gabriel Mota, disse que o processo de monitoramento para verificar presença de elementos na água que será consumida pela população é feita de forma semestral por empresas contratadas por meio de licitação.
“Esse ano a última análise apontou a presença do mercúrio dentro dos padrões permitidos para o consumo, sendo de apenas 0,0002mg/l para água doce conforme legislação do Conselho Nacional do Meio Ambiente. Caso ocorra alteração nas águas, nós enviamos equipes ao município que foi constatado o problema e a água já é tratada de imediato. Por mês gastamos cerca de R$ 450 mil em materiais químicos para garantir rigidez no monitoramento”
Gabriel Mota explicou que o material químico utilizado no tratamento da água, é fiscalizado pela Polícia Federal e que, anualmente, são gastos cerca de R$ 2 milhões para manter os serviços.
“Nossa água está entre as três melhores do Brasil. Já conseguimos até atingir cerca de 96% da capital na questão do abastecimento. Temos alguns desafios quanto ao consumo consciente de água e embora ocorram reclamações, ocupamos a vigésima quinta posição de água mais barata no Brasil. Sabemos que a capital está crescendo e com ela os problemas de ligações clandestinas e invasões que fazem com que o ser humano consuma da forma que quer, mas trabalhamos da melhor maneira possível para garantir serviços de qualidade”
Etapas de tratamento da água – Conforme explicado por Gabriel Mota, o controle é executado pelo Núcleo de Controle de Qualidade (NCQ).
“Em cada região do interior são feitas análises diárias da cor, turbidez, cloro e Ph. Na capital é feita análises físico-químicas e bacteriológicas da água tratada a cada hora. Mensalmente os relatórios são encaminhados ao Ministério da Saúde e outros órgãos de controle de saúde que garantem a transparência do nosso trabalho” concluiu.
Fonte: Folha de Boa Vista.