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Período de rodízio de água gerou gastos de R$ 6,5 milhões no Espirito Santo

Recursos foram usados em ações para garantir abastecimento.
Durante crise hídrica, são necessárias atividades fora da rotina normal.

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Base de captação do Rio Jucu, no Espírito Santo (Foto: Fernando Madeira/ A Gazeta)

Nos 10 meses em que o racionamento de água foi adotado, em setembro chegou a ser aplicado em 25 cidades capixabas, incluindo a Grande Vitória, a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) gastou um total de R$ 6,525 milhões.
Os recursos foram necessários para viabilizar ações que permitissem o abastecimentos das cidades, como a perfuração de poços. É o caso, por exemplo, de Conceição da Barra, que ainda permanece sob racionamento e cujo abastecimento é garantido somente por poços.

Os custos envolvem ainda os carros-pipas utilizados não só para abastecer hospitais, presídios e escolas, mas algumas localidades, como Cidade Nova da Serra, na Serra.

“O fim do racionamento significa benefícios que vão além do fornecimento de água”, explica Amadeu Wetler, diretor de Engenharia e Meio Ambiente da Cesan.

Houve gastos ainda com a manutenção do sistema, com comunicação e até com o aumento de ligações feitas para a central de atendimento ao cliente, pagas pela Cesan.

Só para que se tenha ideia do custo, antes da crise hídrica a média de ligações por dia era de 1.405. Após a crise esse número foi para 2.738, alcançando, em 19 de outubro, 12.261 ligações.

De acordo com Wetler, durante uma crise hídrica são necessárias atividades fora da rotina normal do abastecimento, além de medidas emergenciais, que impactam os custos da empresa.

“Todas necessárias para atender a população da melhor forma que o contexto nos permite”, explicou.

Empresas devem manter reúso

Com a suspensão do racionamento na Grande Vitória, a recomendação da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) é para que as indústrias continuem adotando os procedimentos de economia e reúso de água.

“Temos uma metodologia que estamos tocando desde quando a escassez começou, entre 2014 e 2015”, diz Wilmar Barbosa, presidente da Findes.

Ele explica que isso consiste em três medidas: economizar o que for possível, reaproveitar o que puder, e criar processos que usem o mínimo de água necessário.

“A indústria foi muito participativa nesse cenário e tem que ficar focada na redução, pois quando há um alerta de seca é o último na cadeia. O consumo humano e a agropecuária saem na frente como essenciais”, destaca.

Entre as indústrias que estão seguindo a orientação, a ArcelorMittal informou que mesmo com o fim do racionamento, seguirá mantendo a redução do seu consumo equivalente a um dia de racionamento por semana. Já a Vale disse que não havia sido comunicada pela Cesan sobre mudanças no racionamento e também continuaria com ações para reduzir o consumo de água.

Condomínios

A economia também continua sendo o foco nos condomínios, de acordo com o Sindicato Patronal dos Condomínios (Sipces).
“Além de não saber se a escassez voltará, a conta de água nos residenciais costuma ser alta, com muito consumo. por isso, quanto mais reduzir melhor”, comenta o vice-presidente do Sipces, Gedaias Freire.

Comitê de bacia critica fim de racionamento

A medida adotada pelo rodízio nas regiões abastecidas pelo Rio Santa Maria da Vitória foi classificada como irresponsável pelo Comitê das Bacias.

No relatório divulgado ontem pela Agerh, os rios Santa Maria e Jucu estavam com vazão de 23 mil litros por segundo. Isso corresponde a um volume cinco vezes maior que semana passada.

Apesar disso, o presidente do comitê do Rio Santa Maria da Vitória, Mario Camilo de Oliveira, disse que ainda é cedo para normalizar o abastecimento, já que os lençóis freáticos não tiveram tempo de absorver a água das chuvas.

“O rio estar cheio não significa que ele vai continuar com a vazão alta, por em algum momento ela vai cair e pode ser que semana que vem a gente volte a racionar porque não houve tempo suficiente para a água infiltrar no solo. O governo foi irresponsável”, disse.

Mario também frisou que a suspensão do racionamento não conscientiza a população. “Um ou dois meses de racionamento não vão mudar a consciência das pessoas ou das empresas”, disse.

Fonte: G1

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