NOTÍCIAS

ONE2030: Água Potável e Saneamento

Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável de água e saneamento para todos

A população mundial vem crescendo substancialmente ano a ano, junto com ela a falta de infraestrutura hídrica e de saneamento para atender às necessidades básicas dos habitantes. Os impactos negativos dessas questões são alvo do Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 6 – Águas Potáveis e Saneamento, da ONU, que busca, até 2030, encontrar soluções para assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos.

Como forma de contribuir com os debates, bem como apresentar ações efetivas dentro destas perspectivas e engajar mais e mais pessoas, o projeto ONE2030 promoveu, no dia 26 de setembro, no Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRC) na capital paulista, a Segunda Jornada ONE2030 ODS 6 – Água Potável e Saneamento. O projeto visa unir esforços e propor soluções para implementar uma gestão integrada dos recursos hídricos em todos os níveis, bem como dar apoio e fortalecer a participação das comunidades locais, para melhorar a gestão hídrica e do saneamento.

one2030

O ONE2030 é promovido pela MCI Brasil e pela Project Hub com o propósito de traduzir os ODS da ONU (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas) e apresentá-los de forma clara, simples e trazendo para o palco pessoas e empresas que trabalham muito em prol da causa, mas que poucas vezes foram vistas falando sobre aquilo que fazem.

O diretor da MCI Brasil – Acqua Consultoria, Rodrigo Cordeiro foi o mediador do evento. A primeira parte contou com o tema “Água Potável” e foi inaugurado por Cynthia Alario, sócia fundadora da Brazucah com o case: Projeto CINE SOLAR.

Cine Solar

Ela explicou que o CINE SOLAR é o primeiro cinema itinerante do Brasil movido a energia limpa e renovável, a energia solar. O projeto exibe filmes a partir da energia solar e promove arte e sustentabilidade através de oficinas artísticas e lúdicas.

O Cine Solar conta com dois carros equipados com placas solares que possibilitam, através de um sistema conversor de energia solar para elétrica, a exibição de filmes e apresentações artísticas. No interior dos veículos há cadeiras para o público, sistema de som, projeção e telão. A primeira unidade do Cinesolar é equipada com cabine de DJ com sistema de som para acompanhar as atividades. A segunda estação móvel de cinema, denominado Cinesolar Tupã, conta com um estúdio de TV.

Junto com a exibição de filmes, o Cinesolar realiza diversas atividades relacionadas à sustentabilidade e meio ambiente. “Quando tratamos a questão da sustentabilidade, falamos em desenvolvimento sustentável com foco nas energias renováveis. Para isso, temos a sala de aula no carro, explicamos o conceito de sustentabilidade e de energias renováveis. Também apresentamos um vídeo sobre o tema antes das sessões, explicando como funcionam esses conceitos. Através do lúdico mostramos novas possibilidades. As crianças não são o futuro, já são o presente”, disse.

Assista o que as crianças fizeram na “Oficinema do Cinesolar” no Rumo à Brasília 2018. O Norte das Águas, em Belém do Pará, junho 2016.

Acesse o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=zsf5JfKCOrM

Tatiana Silva, diretora da ONG, FA. VELA, discorreu sobre “ Visão e reais necessidades das zonas periféricas”.

Tatiana explicou que o FA. VELA é a primeira aceleradora de empreendimentos de base favelada. Uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que atua com educação empreendedora. Oferecendo programas de aceleração de negócios para moradores de favelas e periferias modelarem empreendimentos sustentáveis e assumirem a liderança na transformação local. “Nossa função é criar oportunidades para o desenvolvimento do capital humano, intelectual e econômico, apoiando a geração de renda e de impactos socioambientais positivos no âmbito local. Por menos planos de negócios e mais planos de vida”, destacou.

O FA. VELA nasceu em 2014 no Morro do Papagaio, Belo Horizonte/MG por jovens com trajetórias de vida marcadas por experiência pessoal e profissional em favelas, que tiveram acesso à educação formal superior e lutam para compartilhar seus conhecimentos com os empreendedores que mantém viva a economia local.

PIPA Voando Alto

Um dos projetos apresentados por Tatiana Siva, foi o PIPA Voando Alto. Com seis meses de duração, o PIPA promove uma experiência de formação e aceleração de negócios de empreendedores de favelas, com o objetivo de dinamizar territórios por meio da geração sustentável de emprego e renda. O programa oferece aulas em grupos sobre gestão de negócios e marcas, mentorias individuais com especialistas e conexões com o mercado. São abordados temas como tendências, inovação, fluxo de caixa, marketing, design, oratória, estratégias de venda, entre outros. Podem participar os moradores de periferias onde o FA. VELA atua, ter espírito empreendedor, ensino fundamental completo e ser maior de 18 anos.

O Prof. Ovidio Netto, representante da Uninove demonstrou o case: App Level Up +, uma espécie de Instagram, mas somente para denunciar o desperdício de água. A ideia que virou aplicativo foi realizada por quatro alunos universitários e conquistou o primeiro lugar na premiação do programa Benchmarking Brasil.

Aplicativo LevelUp +

Netto comentou, que os usuários do aplicativo LevelUp + podem qualificar a foto dentro de uma escala de uma a cinco “gotinhas”. “Desejamos que essas imagens sejam enviadas à Sabesp com mais eficiência para que os problemas sejam resolvidos de forma mais ágil”, afirmou Netto.

As fotos possuem um geolocalizador de onde foram tiradas, auxiliando os funcionários da companhia de abastecimento da cidade, identificar e solucionar rapidamente o problema. A ideia é que o recurso auxilie as companhias hídricas no Brasil, conforme Netto.

A segunda parte do evento prosseguiu com o tema “Saneamento” e teve início com o representante do Coletivo Raxa Kuka, Rodrigo Gamão apresentando o case: Grafitti Contra Enchente.

one2030-2

Rodrigo Gamão, é um dos artistas que fundaram o projeto Graffiti Contra Enchente. Mais de 3 km de paredes já foram pintadas por artistas de vários lugares do Brasil e do mundo.

Morador do Capão Redondo, periferia da zona sul São Paulo, Gamão discorreu sobre as condições precárias de tratamento de água e esgoto e enchentes constantes. “Há mais de 40 anos a região do Córrego Pirajuçara sofre com inundações que trazem muitos riscos à saúde da população. Além da perda de móveis, comércios e bens, o risco à vida é a principal preocupação. Na enchente de 2013, só consegui salvar o micro-ondas e a televisão em casa. A perda das fotografias com as recordações do passado, trouxe muita tristeza entre os moradores do bairro”, contou.

Graffiti Contra Enchente

Com esta causa mais que evidente, os moradores da região criaram o projeto Graffiti Contra Enchente, que conta com o apoio da Agência Casa Solano Trindade, localizada no bairro do Campo Limpo.

A iniciativa chama a atenção da mídia e de autoridades para a voz da comunidade local. Eles demonstram que querem mudanças neste cenário precário e marcam seu território com arte em conjunto.

O artista destacou a importância em elevar a autoestima da população, motivando o cuidado com o local. Apesar do tratamento hídrico também ser um caso de atenção pública, a população não perde a motivação em tornar o lugar mais bonito e habitável.

“A cor, a arte e a cultura estimulam cada vez mais o cuidado e a vontade em defender uma área que sempre sofre com as enchentes. O Projeto presta assistência a mais de 100 crianças da comunidade, por meio de palestras de formação cultural sobre dejetos e separação de resíduos, saúde e bem-estar, além de cortes de cabelo, aulas de artes, música e dança”, finalizou.

Graffiti Contra Enchente – Campanha de Financiamento, acesse o vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=dVt2feNIdvk

Carlos Hashish, representando a Superintendência de Comunicação da SABESP comentou sobre as medidas adotadas pela companhia para enfrentar a crise hídrica no estado de São Paulo em 2014 – 2016.

Hashish salientou que desde o verão de 2013, a região Sudeste do Brasil tem registrado um índice acumulado de chuvas que é o pior dos últimos 84 anos. Na Grande São Paulo, as temperaturas acima do normal e o tempo seco agravaram o problema, com aumento do consumo, levando a uma redução do nível dos principais reservatórios, o Cantareira e o Alto Tietê.

A Sabesp criou em fevereiro de 2014 uma forma de incentivo à economia de água através do bônus para quem reduz o consumo.

Em janeiro de 2015 também foi criada a tarifa de contingência, que acarreta uma multa para quem consumiu acima da média que tinha antes da crise hídrica. A Sabesp também intensificou o combate às perdas de água e instituiu a redução da pressão da água em determinados períodos do dia, além de novos prazos para conserto de vazamentos. Outro ponto importante foi o início da captação de água da reserva técnica da represa Jaguari/Jacareí, iniciada em 15/5/2014, que permitiu, através de bombeamento, o aproveitamento de um volume de água que não estava disponível.

Juntando os esforços da Sabesp e da população, foi possível reduzir a retirada de água do Sistema Cantareira de cerca de 33 mil litros de água por segundo, em janeiro de 2014, para algo em torno de 13 mil litros de água por segundo.

Algumas medidas tomadas na ocasião para garantir o abastecimento:

  • Desvio de água do córrego Guaratuba para o Alto Tietê: mais mil litros de água por segundo, desde janeiro de 2015

  • Bombeamento da represa Billings para o Alto Tietê: mais 4 mil litros de água por segundo

  • Ligação do rio Guaió ao Alto Tietê: mais mil litros de água por segundo

  • Ampliação da Estação de Tratamento de Água do Alto da Boa Vista (Guarapiranga): mais mil litros de água por segundo

São destaque ainda grandes obras como a reversão da represa do Jaguari (Bacia do Paraíba do Sul) para o Cantareira e o novo Sistema Produtor São Lourenço, que devem começar a ter reflexos em 2017 e 2018. A reversão do Jaguari deve trazer 5 mil litros de água por segundo de água bruta para o Cantareira e o Sistema São Lourenço representará um acréscimo de até 6,4 mil litros de água tratada.

E para ajudar a população a economizar água e enfrentar os períodos de redução de pressão, a Sabesp distribuiu caixas de água para clientes de baixa renda, além de kits redutores de pressão.

Carlos Hashish elogiou o trabalho realizado pelo Secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, Benedito Braga e o Presidente da Sabesp, Jerson Kelman. “São pessoas técnicas e qualificadas, fomos muito criticados na época da crise, notícia boa não é notícia, a educação é muito importante e a responsabilidade é de todos”, finalizou.

Joanna Cougo Duarte e Juliana Angeli de Angelo apresentaram, o Escape 60, uma experiência indoor entre amigos ou familiares, vivenciado em ambiente de mistérios e especialmente desenvolvido para aguçar as habilidades e inteligência de cada um de seus participantes, que são “trancados” em uma sala e têm uma hora para decifrar códigos, achar itens escondidos, resolver enigmas e conseguir encontrar a saída.

one-2030-3

Neste ano, durante a Virada Sustentável de São Paulo, ocorrida em agosto, o ESCAPE 60 de Santo André/SP criou, pela primeira vez, para o Colégio Miguel de Cervantes, em parceria com Grace Kelly Gonçalves, uma história voltada para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, criados pela ONU, para que os participantes (em sua maioria crianças entre a faixa etária de 7 a 14 anos) pudessem escapar da sala.

Metas estabelecidas pela ONU

Desta forma, as idealizadoras do projeto acreditam estarem contribuindo para com o contato e a formação de cultura a respeito de temas que impactarão negativamente no planeta, caso as metas estabelecidas pela ONU para até 2030 não tenham sido cumpridas em alguma porcentagem representativa para conter as mudanças climáticas, disseminar a pobreza e levar as necessidades básicas, como água e redes de esgoto tratadas, à população mundial.

Ariane Pelicioli da Rosa, Fundadora e Sócia da Piipee apresentou o case: Higienizador de banheiro sem utilização de água

Ela contou, que o marido e sócio Ezequiel Rosa, decidiu entrar em um período de jejum que durou quatro dias ininterruptos. Foi então que ele se questionou: por que desperdiçar tanta água no vaso sanitário apenas para eliminar a urina?

Acreditando ser a inspiração que lhe faltava e com esta pergunta em mente, começou a estudar o mercado e ver que para reduzir o consumo de água nos vasos sanitários, as alternativas existentes eram trocar o vaso sanitário por modelos mais econômicos, trocar tubulações para reduzir a vazão, ou até mesmo instalar um sistema de reutilização da água da chuva, porém todas estas opções eram caras e demoravam muito tempo.

Piipee

Vendo então a necessidade de reduzir este desperdício de água, pensou em um produto de baixo custo e que pudesse ser facilmente acoplado a qualquer modelo de vaso sanitário, surgia aí o Piipee.

“Até 80% do consumo de água do vaso sanitário é para eliminar apenas urina. Em algumas empresas isto equivale até 75% do consumo de água”, disse.

Através de um aditivo biodegradável e autorizado pela ANVISA, o Piipee atua nas características físico-químicas da urina, removendo o odor, alterando a coloração, higienizando e aromatizando o ar, eliminando em 100% o uso da água ao urinar.

Economia de mais de 5 milhões de litros de água potável

Desde novembro de 2015, o produto economizou mais de 5 milhões de litros de água potável, ou seja, o suficiente para abastecer mais de 33 mil pessoas por mês.

Em simulação realizada em uma empresa de São Paulo que tinha 350 vasos sanitários houve redução de mais de 12,5 milhões de litros de água e uma economia financeira de quase R$ 228 mil. A economia pode ser de até R$ 0,20 por descarga, conforme a região.

Ariane Pelicioli encerrou o evento comentando que o Piipee representou o Brasil em 2015, durante a COP21 na França e, em 2016, ficou entre os 14 startups mais inovadoras do país, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

“O produto é considerado como dentro dos programas de responsabilidade ambiental para as empresas, oferecendo baixo custo e grande apelo sócio- ambiental”, concluiu.

 

Gheorge Patrick Iwaki
[email protected]
Responsável Técnico

ÚLTIMAS NOTÍCIAS: