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Mombak capta fundo de US$ 100 milhões para remover carbono

Startup de reflorestamento recebeu cheque de US$ 30 milhões do fundo canadense CPPIB e US$ 5 milhões da Rockefeller Foundation

 

 

A empresa de remoção de carbono via reflorestamento Mombak acaba de fechar a captação de um fundo de pouco mais de US$ 100 milhões para investir em seus projetos, um ano depois de ter iniciado o processo.

O fundo de pensão canadense CPPIB se comprometeu a aportar até US$ 30 milhões no Amazon Reforestation Fund e a Rockefeller Foundation injetará outros US$ 5 milhões.

Esses recursos se somam a US$ 49 milhões do grupo segurador francês Axa, anunciado no mês passado, além de cheques de outro investidor institucional de nome não revelado e de famílias de alta renda, a maioria estrangeiras.

Segundo o CEO da Mombak, Peter Fernandez, a tarefa de captar os recursos foi difícil e levou mais tempo do que o esperado, dada a novidade do negócio. “Tivemos que provar muita coisa porque estamos começando um modelo do zero”, diz ele.

“Mas conseguimos levantar capital com alguns dos maiores e mais sofisticados investidores institucionais, que buscavam ter uma exposição a carbono de alta qualidade em suas carteiras.”

Fernandez diz que a entrada da Rockefeller, que demandou uma auditoria extensa, faz com que o mix de investidores do fundo tenha um perfil diverso.

“A fundação tem experiência em investimento de impacto e a barra deles é alta, o que dá apoio à nossa tese de remoção de carbono com alta integridade [qualidade]”, diz. “Já o CPPIB traz uma escalabilidade muito grande, uma vez que eles fazem a gestão de quase US$ 600 bilhões.”

O fundo tem prazo de dez anos e, com o capital levantado, a expectativa é reflorestar 10 mil hectares de áreas degradadas na Amazônia brasileira. Quando toda essa área estiver implantada, a empresa espera remover 150 mil toneladas de carbono por ano da atmosfera.

Até agora o fundo da Mombak tem um projeto em andamento, numa fazenda de 3 mil hectares no Estado do Pará. “Estamos chegando a quase 1 milhão de mudas plantadas”, diz Fernandez. O projeto emprega 40 pessoas da comunidade local na operação.

Além do aporte no fundo, o CPPBI investiu US$ 500 mil na própria Mombak, ficando com uma fatia minoritária, num movimento semelhante ao da Axa. Segundo Fernandez, os aportes não tiveram o objetivo de preencher uma necessidade de caixa da empresa.

“Tínhamos caixa para rodar por três anos. Fizemos essas operações para alinhar o interesse desses dois investidores, porque a expectativa é seguir crescendo com eles.”

Compra de terras e concessões

Para executar o plano de negócios do fundo, um dos desafios é ter acesso às áreas de terra. A corrida para desenvolver projetos de reflorestamento na Amazônia desencadeou uma subida de preços, que se soma aos desafios fundiários já conhecidos da região, em que a titularidade das terras é um obstáculo.

Fernandez, que foi CEO da empresa de aplicativo de transporte 99, diz que a Mombak adotou uma abordagem de startup de tecnologia para o processo de seleção de fazendas.

“Funciona como um grande funil em que analisamos uma quantidade enorme de terras num processo quase todo remoto e tecnológico, no qual conseguimos descartar rapidamente áreas com problemas antes de fazer uma primeira visita”, diz. “Quanto aos preços, temos muita disciplina, pagando dentro do limite que previmos no nosso modelo.”

Para acelerar o crescimento, a empresa está interessada nos programas de concessões de reflorestamento dos Estados, como o Pará, e também federal.

“É uma forma de ter acesso a terra a um custo menor. Mas precisamos avaliar as condições dos editais, que ainda não saíram.”

Tendência do carbono

Fernandez acha que o futuro do mercado de carbono e o das metas climáticas para evitar que o aquecimento global ultrapasse 1,5°C estão intrinsecamente ligados.

“Para conseguir ficar dentro dessa meta, o mundo precisa remover 10 bilhões de toneladas de carbono [da atmosfera] por ano até 2050, sem falar na redução das emissões. E, para isso, as remoções terão que acontecer em escala; e o mercado terá que pagar por isso”, diz ele.

Hoje, Fernandez estima que a oferta de projetos de remoção está em torno de 5 milhões de toneladas de CO2/ano.

Nesse sentido, diz, o futuro é binário. “Ou essa remoção vai acontecer em escala, ou não vai acontecer.”

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