O evento foi realizado nos dias 22 e 23 de março, no Hotel Renaissance em São Paulo, pelo Ministério do Comércio Internacional do Reino Unido
O evento foi realizado nos dias 22 e 23 de março, no Hotel Renaissance em São Paulo, pelo Ministério do Comércio Internacional do Reino Unido. A abertura foi feita pela Cônsul-Geral Britânica em São Paulo, Joanna Crellin, e pelo Ministro Britânico para Comércio, Investimento e Infraestrutura, Greg Hands. Também esteve presente o Secretário Nacional de Saneamento Ambiental, Alceu Segamarchi Jr.
O objetivo do evento foi discutir as diversas possibilidades de parcerias que podem ser desenvolvidas entre o Reino Unido e o Brasil no setor de saneamento ambiental, tanto no que diz respeito a tecnologias, quanto a investimentos.
O primeiro painel de apresentações do primeiro dia começou com Luciana Capanema, Gerente de Saneamento Ambiental do BNDES. Ela deu uma visão geral do setor no Brasil, onde ficou evidente o potencial de obras e serviços que ainda podem ser realizados:
Ela também falou sobre as condições impostas pelo BNDES para financiamento e mostrou um quadro que resume o histórico desse apoio que, apesar de ser ainda insuficiente para a universalização do saneamento, tem sido fundamental até agora:
Na sequência e, dentro do mesmo painel, tivemos a apresentação de Santiago Crespo, Presidente da ABCON (www.abconsindcon.com.br – Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgotos), que mostrou as dificuldades do setor para cumprir suas metas sem a participação do capital privado e mostrou o quanto já representa essa participação no Brasil:
Já são 31,1 milhões de pessoas atendidas em 316 municípios e os contratos têm diversas modalidades como: concessão plena, concessão parcial, participação público privada (PPP). sub-delegação e locação de ativos. Ele também falou sobre o novo programa do Presidente Temer, chamado “PPI – Programa de Parcerias de Investimento” com a possibilidade de adesão de 18 Estados em programas de privatização do saneamento.
Na sequência, tivemos a palestra de Steve Bungay, especialista da CIWEN – Chartered Institute of Water and Environmental Management (www.ciwem.org ), com uma visão geral do setor de águas e efluente no Reino Unido.
Com uma população de 65,4 milhões de pessoas e área de 243.20 Km², são as seguintes as agências de controle ambiental no Reino Unido:
Com relação às companhias prestadoras de serviços de águas e efluentes são mais de 20, como por exemplo:
www.stwater.co.uk www.thameswater.co.uk
www.bristolwater.co.uk www.wessexwater.co.uk
www.yorkshirewater.com www.scottishwater.co.uk
Steve abordou temas como custos, tarifas, faturamentos e investimentos desse setor, e que são muito interessantes para um exercício de comparação com o que temos hoje no Brasil.
O fechamento desse primeiro painel foi feito por Simon Robinson, Diretor de Águas da Mott MacDonald (www.mottmac.com), que é uma empresa global de engenharia e gestão de
contratos e obras. Simon abordou os temas “PPPs” e contratos “BOT” (Build, Operate and Transfer), apresentando estudos de caso como os de Amã, na Jordânia, e de Sófia, na Bulgária.
Ressaltou a importância de alguns aspectos como: alinhamento das expectativas públicas e privadas, limitações à transferência de risco (risco de demanda), conhecimento dos ativos de infraestrutura já existentes, regulação tarifária e garantia de uma seleção (concorrência) justa e transparente.
O segundo painel do primeiro dia foi uma sessão de debates e teve como tema central a atratividade de investimentos para projetos de saneamento. O moderador foi Paulo Dantas da empresa Demarest Advogados (www.demarest.com.br) e, nas discussões, estavam presentes: Luciana Capanema do BNDES, Sam Hoexter, chefe regional para a América Latina da UK Export Finance e Peter Vale, líder técnico de inovação da empresa Severn Trent Water (www.stwater.co.uk).
Na sequência, Marco Formicola, CEO da AQUAMEC ( www.aquamecbrasil.com.br ) fez uma apresentação do amplo portfolio da empresa, incluindo também a alBriggs (www.albriggs.com.br) que é a nova marca das empresas Alpina Ambiental e Alpina Briggs.
O terceiro painel tratou de aspectos regulatórios do setor e o moderador foi Charles Schramm, que é um dos sócios da KPMG (www.kpmg.com). Nas discussões, estavam Artur Ferreira da GO Associados (www.goassociados.com.br) e Steve Bungay da CIWEN.
Ferreira deu um panorama geral da regulação do saneamento no Brasil e enfatizou aspectos como a comparação dos investimentos em infraestrutura no Brasil em relação a outros países :
Abordou ainda aspectos como: queda de posição do Brasil no Ranking Global de Competitividade do Fórum Mundial de Economia, crescimento dos problemas de saneamento em regiões periféricas, de fundos de vales e de ocupações irregulares. Falou sobre as metas do PLANSAB para a universalização do saneamento, marcos legais e regulatórios e também sobre a Lei nº 13.329, de 01.08.16 que cria o Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento do Saneamento Básico – REISB, com o objetivo de estimular a pessoa jurídica prestadora de serviços públicos de saneamento básico a aumentar seu volume de investimentos.
Steve apresentou um quadro muito rico em informações sobre as regulamentações desse setor no Reino Unido a partir da segunda guerra, em 1945. Nessa época, havia mais de 1.000 organizações envolvidas com abastecimento de água e 1.400 responsáveis por coleta e disposição de esgotos. Apenas em 1963, a “Lei de Recursos Hídricos” reconheceu a importância de uma abordagem coordenada para o planejamento desses recursos e introduziu um sistema de licenças de captação. Dez anos depois, em 1973, a “Lei da Água” estabeleceu 10 novas autoridades regionais que iriam gerenciar os recursos hídricos e todos os serviços de água e esgoto de forma totalmente integrada. Alguns anos mais tarde, em 1983, começou o acesso do capital privado no setor.
O quarto e último painel do primeiro dia teve como tema os desafios e experiências em infraestrutura e como o Reino Unido pode ser parceiro do Brasil. O moderador foi Fernando Belloube da empresa Turner & Townsend (www.turnerandtownsend.com). Para os debates, tivemos Eduardo Castangari, diretor comercial da GS Inima Brasil (www.gsinimabrasil.com.br) e André Clark da Acciona Brasil (www.acciona.com.br).
No segundo dia, o primeiro painel foi justamente o lançamento do relatório do projeto “Gestão Sustentável de Efluentes”, colaboração entre o Governo Britânico e o Estado de Minas Gerais.
A primeira apresentação foi do Prof. Cesar Rossas Mota Filho, do Departamento de Engenharia Sanitária Ambiental da UFMG, dando a contextualização desse projeto e introduzindo o importante a atual conceito das ETEs Sustentáveis:
Escolheram duas áreas de estudo na região central do Estado (sub-bacias do Rio das Velhas e dos Rios Jequitaí e Pacuí) e, de forma muito inteligente, verificaram a questão do tratamento de esgotos levando em conta diversos aspectos como o aproveitamento e retrofitting de instalações existentes, geração de biogás e energia elétrica, aproveitamento da fase sólida (lodo seco) e da fase líquida (efluente tratado) na agricultura.
A segunda apresentação desse primeiro painel foi de Saulo Nonato de Souza e Valéria de Seixas Ferreira Araújo, ambos da COPASA. Deram uma visão geral da empresa e do atendimento dos serviços de água e esgoto em Minas Gerais e apresentaram estudos de casos sobre as estações:
- ETE Arrudas – cogeração;
- ETE Betim – secagem térmica do lodo;
- ETE Ibirité – tratamento terciário cogeração – geração de energia elétrica e secagem térmica do lodo ; Utilização do efluente tratado pela Petrobrás ;
- ETE Vieiras – secagem térmica do lodo.
Abaixo o fluxograma do processo de co-geração da ETE Ibirité:
Na sequência e ainda no primeiro painel, tivemos outra apresentação de Steve Bungay, da CIWEN, dessa vez abordando a utilização de lodo e biogás no Reino Unido, onde a digestão anaeróbia foi experimentada pela primeira vez em 1885. A aplicação em motores a gás foi pioneira em Birmingham em 1921 e a digestão anaeróbia para geração de energia começou em 1931. No início da década de 1990, após a privatização, houve um declínio na digestão anaeróbia, que ressurgiu no início dos anos 2000, com a introdução da “Renewables Obligation Credits” (ROC) para fornecedores de eletricidade para aumentar a proporção de fontes renováveis. Também surgiram outros incentivos como: “Feed-In Tariff” ( IT) e “Renewable Heat Incentive” (RHI). Tais incentivos abriram o mercado da digestão anaeróbia para diversas fábricas além das companhias concessionárias de água e esgoto.
Fechando o primeiro painel, tivemos Pete Vale da Severn Trent, que é a 2ª maior companhia de águas do Reino Unido e atende cerca de 7,4 milhões de consumidores. Sua apresentação também foi sobre as Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgotos, onde enfatizou que, hoje, 35% de toda a energia consumida em seus sistemas (tanto de água quanto de esgotos) vem de fontes renováveis que incluem, além da utilização do biogás, 6 turbinas eólicas com 22 MW de capacidade e 34 sistemas fotovoltaicos (painéis solares) com 16 MW.
Ainda pela manhã do segundo dia, tivemos o painel de debates com o tema “ESTRUTURANDO E MODELANDO GRANDES PROJETOS DE INFRAESTRUTURA DE SANEAMENTO: A EXPERIÊNCIA BRITÂNICA”. O moderador foi Paulo Dantas, da Demarest Advogados e, como debatedores, tivemos Jacquelina Dankfort, diretora da Turner & Townsend (www.turnerandtownsend.co), Chris Hughes, diretor na Amec Foster Wheeler (www.amecfw.com) e Simon Robinson, diretor na Mott MacDonald.
O terceiro painel do dia, já após o almoço, foi uma apresentação de estudos de casos. O primeiro deles foi de Keith Hilson, da i2O Water (www.i2owater.com), empresa especializada em desenvolvimento de instrumentos de gestão com foco na redução de custos operacionais e controle de perdas de sistemas de abastecimento de água. Na sequência, tivemos Gustavo Lamon da Primayer ( www.primayer.com ), que também é uma empresa focada em telemetria e controle de perdas. Também apresentou-se Sonia Mucciolo, diretora da Aquamec (www.aquamecbrasil.com.br), que apresentou as tecnologias da empresa Bactest.
O quarto painel foi dedicado a “INOVAÇÃO E MELHORIAS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SANEAMENTO” e teve sua abertura e moderação com Sonia Mucciolo, diretora da Aquamec. Como debatedores, tivemos a volta de Pete Vale da Severn Trent e Carlos Alberto Rosito, vice-presidente da ABES (www.abes-dn.org.br – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental ).
Entre este quarto painel e o seguinte, tivemos uma apresentação técnica de Phil Chandler da Ionex SG (www.ionexsg.com) sobre sistemas de resinas de troca iônica. As inovações em química e dinâmica dos fluidos desenvolvidas por eles têm melhorado drasticamente a eficiência e desempenho do leito de resina, estendendo o tempo entre regenerações. Ele apresentou um estudo de caso muito interessante com a aplicação de resinas seletivas para remoção de Nitratos na Califórnia (EUA). Também estiveram presentes Paulo Santos da ERM (http://www.erm.com/) e Daniel Zuliani da Aquamec, com uma apresentação sobre as tecnologias da empresa Oxford Flow.
O quinto e último painel do evento teve como tema central “CONSTRUINDO PARCERIAS DE LONGO-PRAZO ENTRE O BRASIL E O REINO UNIDO” e, como moderadora, Paulo Dantas, Sócio no Demarest Advogados. Os debatedores foram: Jacquelina Dankfort, diretora da Turner & Townsend, Ítalo Joffily, diretor de relações institucionais da ABCON e Chris Hughes, diretor de Amec Foster Wheeler.
O encerramento se deu por volta de 17:00 pela Primeira Secretária Britânica para Infraestrutura, NneNne Iwuji-Eme, que agradeceu a presença de todos e enfatizou a importância dessa aproximação entre Brasil e Reino Unido, deixando as portas abertas do Consulado para futuros contatos.
As apresentações podem ser baixadas pelo link abaixo: