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Fortaleza terá usina de dessalinização para atender 720 mil pessoas

A capital cearense construirá a maior usina de dessalinização de água do mar do Brasil

 

Com capacidade de produção de 1 m³/s, o empreendimento vai incrementar a oferta de água para consumo humano na região metropolitana em 12%. Para efeito de comparação, a capacidade de produção da usina de dessalinização de Fernando de Noronha é de 15 m3 /h—e a de Fortaleza produzirá 3600 m3/h.

De acordo com Silvano Porto, coordenador do projeto pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), “a planta de dessalinização de água marinha terá capacidade para atender cerca de 720 mil pessoas em Fortaleza e nos municípios vizinhos que são abastecidos pelo sistema integrado de abastecimento de água”.

A usina será instalada na Praia do Futuro, em Fortaleza, com linhas adutoras de água tratada que entregarão os volumes produzidos nos reservatórios do Morro Santa Terezinha e da Aldeota. As obras serão realizadas em uma área de 2,4 hectares, por meio de Parceria Público- -Privada (PPP) com o consórcio SPE Águas de Fortaleza, formado pelas empresas Marquise, PB Construções e Abegoa Água.

Com 30 anos de vigência, a concessão possibilita que o consórcio seja responsável pela construção, operação e manutenção das unidades integrantes dos sistemas físicos, operacionais e gerenciais de água potável, pelas ligações até os pontos de entrega, seus respectivos instrumentos de medição e a disposição final dos rejeitos gerados.

O investimento será de aproximadamente R$ 650 milhões, custeado com recursos próprios da concessionária Águas de Fortaleza e por meio de financiamento de bancos brasileiros de fomento. A concessionária entregará a água produzida nos reservatórios da Cagece, que tem o compromisso de distribuí-la à população. O total a ser pago pelo governo estadual é de R$ 3 bilhões em contraprestações, a partir de quando a usina entrar em operação.

A expectativa é que a usina comece a produzir água dessalinizada em três anos. O projeto envolve obras no mar (captação e emissário submarino) e obras em terra – adutora de água bruta, planta de dessalinização, adutoras de água tratada e de descarte de salmoura. Inclui, ainda, montagem eletromecânica de equipamento de alta tecnologia para processos de pré-tratamento, osmose, dessalinização e fluoração. Segundo o presidente da Águas de Fortaleza, Renan Carvalho, as obras serão executadas pela própria SPE.

“Já o fornecimento e supervisão da montagem da planta será feita pela empresa israelense IDE Technologies, que possui um amplo portfólio em projetos dessa envergadura em vários países”, afirma ele. Israel é líder mundial na tecnologia de dessalinização – cerca de 80% da água potável consumida pela sua população é proveniente do mar.

A IDE tem no currículo projetos, além do país sede, no Chile, EUA, Índia, Singapura e Taiwan. Atualmente, a usina teve concluídos os estudos preliminares e também o de impacto ambiental (EIA/RIMA), que está em análise para liberação de licenciamento. “A previsão para a conclusão da obra é primeiro semestre de 2026”, esclarece Carvalho, que é também diretor de infraestrutura do Grupo Marquise Infraestrutura, empresa majoritária na SPE, com participação de 60% na sociedade. De acordo com o executivo, o projeto da usina de dessalinização faz parte da estratégia de diversificar a matriz hídrica do Estado, “sendo uma alternativa mencionada no Plano Estratégico dos Recursos HídriFortaleza terá usina de dessalinização para atender 720 mil pessoas cos do Ceará, elaborado em 2009”, destaca.

Para minimizar os efeitos dos longos períodos cíclicos de escassez hídrica no Ceará, diversos reservatórios foram construídos ao longo de décadas, sendo os maiores Castanhão, Orós e o Banabuiú, além de canais e sistemas de transposição que conduzem água ao principal sistema de abastecimento (Jaguaribe Metropolitano). Contudo, num cenário em que novos desafios são postos, foi necessário buscar outras opções de abastecimento. O semiárido brasileiro, incluindo o Ceará, amargou uma forte seca entre 2012 e 2017.

Segundo a Cagece, desde o século 19, nunca havia acontecido um período de seis anos consecutivos com chuvas abaixo da média e estiagem prolongada na região, já conhecida por possuir um índice pluviométrico reduzido. Assim, a ideia da usina de dessalinização de água do mar surge a partir de iniciativas iniciadas ainda no difícil ano de 2015, quando a região enfrentava uma severa crise hídrica. Na ocasião, uma das estratégias traçadas foi justamente diversificar a matriz hídrica.

O projeto começou a ser trabalhado a partir de 2016, já com o objetivo de buscar recursos na iniciativa privada. A tecnologia de dessalinização é normalmente empregada em pequenos equipamentos de osmose e em soluções industriais, mas o projeto cearense será o primeiro no Brasil, segundo Carvalho, em que a osmose reversa será utilizada para produção de água para abastecimento humano em larga escala, utilizando uma fonte de água inesgotável e de fácil acesso, o mar. “Toda tecnologia será fornecida por uma empresa de Israel, país que vive problema similar ao nosso e que tem o sistema implantado, testado e comprovado há muitos anos.

A planta virá modularizada, pré- -montada em skids e pré-testada em fábrica, o que permitirá que as obras para receber os equipamentos possam ser executadas em paralelo à montagem e teste dos equipamentos, o que traz importante ganho de cronograma”, explica o presidente da Águas de Fortaleza. “Quanto aos equipamentos utilizados” – ele continua – “o diferencial é a adoção de recuperadores de energia, que são dispositivos específicos para reduzir o consumo energético da planta. Esses equipamentos fazem uma transferência mecânica da pressão residual existente no descarte do sistema de osmose e introduz a pressão na água de entrada, sem que haja mistura entre os fluídos.

Essa solução reduz drasticamente a potência das pontes de pressurização do sistema e consequentemente o consumo de energia total”. De acordo com especialistas, a usina trará mais segurança para o abastecimento humano e também para indústrias e agricultura, pois diminuirá a pressão sobre os reservatórios existentes. “Não é de hoje que o povo cearense implanta sistemas para melhoria de acesso à água, somos um dos estados onde mais se tem barragens de acumulação e sistemas de transposição.

Está no nosso DNA buscar meios de acessar água de qualidade. Ter uma grande planta de dessalinização para abastecimento humano é mais um dos feitos do nosso povo em busca de água de qualidade”, conclui Renan Carvalho.

Fonte: Revista OE


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