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Flúor na água de Ribeirão Preto/SP está ‘abaixo do confiável’

É o que aponta relatório da Vigilância Sanitária do Estado anexado em processo movido pelo MP contra o Daerp

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Problemas: Das 1.647 amostras coletas pela Vigilância Sanitária, 40% não cumpria os parâmetros exigidos (foto: Matheus Urenha / A Cidade)

A Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo enviou ofício à Justiça “sugerindo fortemente” que o Daerp realize adequações nos “procedimentos operacionais de fluoretação da água”, pois os padrões de qualidade estão abaixo do que é considerado confiável.

O documento foi encaminhado à 2ª Vara da Fazenda Pública na última sexta-feira (26), quatro dias após determinação da juíza Lucilene Canela de Melo para que os órgãos sanitários municipal e estadual se manifestem sobre se a adição de flúor na água dos ribeirão-pretanos, essencial para a prevenção às cáries, estava regular.

Análises 

As análises da Vigilância Sanitária estadual apontam que uma em cada três amostras analisadas pelo Instituto Adolfo Lutz estava com flúor fora dos parâmetros ideais entre 0,6 mg/L e 0,8 mg/L. O nível confiável, segundo o órgão, é que ao menos 85% das coletas estejam dentro do padrão o Daerp teve 66%. Na terça-feira passada (23), A Cidade revelou que, em 2017, o Daerp teve a maior taxa de amostras com concentração irregular de flúor dos últimos dez anos.

A autarquia coletou 1.647 amostras, das quais 40% estavam fora dos padrões considerados adequados.
Em fevereiro de 2014, o Ministério Público Estadual moveu ação civil pública exigindo que o Daerp se adequasse aos parâmetros adequados de flúor na água o problema é histórico e assola o município há duas décadas. Transcorridos quatro anos, ainda não houve sentença judicial analisando o mérito do processo.

Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça, os recentes pedidos feitos pela juíza que já realizou audiências nos últimos anos com especialistas em odontologia e fluoretação serão levados em consideração em sua decisão, que deve ser publicada em 40 dias.

A Vigilância Sanitária municipal também se manifestou no processo. Em ofício anexado anteontem, o órgão diz que, das 62 coletas que fez, 21 estavam fora dos parâmetros adequados (40%).

Outro lado

O Daerp, em nota, ressaltou que a Vigilância Sanitária apontou que a água está dentro dos padrões técnicos de qualidade, sem colocar em risco a saúde da população. Diz que o relatório mostra que a média de concentração de flúor está dentro do previsto na legislação. A autarquia afirma que busca a “melhoria dos serviços de controle da água, inclusive do flúor”, para garantir qualidade à população.

Diferença nos bairros

Na média, a concentração de flúor do município como um todo atinge parâmetros adequados. Entretanto, ela esconde as irregularidades presentes nos bairros. A captação de água do Daerp é complexa, com 109 poços artesianos.

A maioria deles despeja água diretamente na rede, sem passar por reservatórios, exigindo regulagem automática da adição de flúor, levando em consideração a mudança constante de vazão.

Sem tecnologia adequada, a autarquia não consegue acompanhar as variações da rede. Enquanto alguns bairros recebem água com flúor ideal, outros têm concentração ineficaz no combate às cáries.   

Na edição de terça-feira passada, A Cidade mostrou que 34 bairros apresentaram em 2017 média de concentração de flúor abaixo do preconizado pelo Consenso Técnico promovido em 2011 pelo Centro Colaborador do Ministério da Saúde em Vigilância da Saúde Bucal (Cecol), que aponta 0,55 mg/L como o mínimo de eficácia máxima.

Naquele ano, o bairro Antonio Marincek, na zona Norte, teve a situação mais crítica: média de concentração de 0,43 mg/L. Das nove análises feitas pelo Daerp no bairro, cinco ficaram abaixo do parâmetro de eficácia mínima (0,45 mg/L) apontado pelo Cecol.

Cristiano Pavini

Fonte:  Jornal A Cidade

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