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Falta de gestão de água ameaça sobrevivência das empresas

Francisco R. Ramires e Virgínia Dias de Azevedo Sodré*

A escassez de água em regiões urbanas traz sofrimento a grandes contingentes populacionais, limita a atividade econômica e retarda o avanço do progresso. Infelizmente, essa é a realidade atual em várias cidades brasileiras, cujo abastecimento se encontra ameaçado por problemas relacionados tanto com a quantidade quanto com a qualidade da água. Além da escassez física, há outros dois tipos de escassez: a escassez econômica, referente à incapacidade de se pagar os custos de acesso à água e a escassez política, com políticas públicas inadequadas.

Não se trata de um problema exclusivamente brasileiro. Uma de suas principais causas é o crescimento da população. A transição do século 20 para o século 21 é marcada por um crescimento demográfico sem precedentes: em 2011 a população mundial era de sete bilhões de pessoas e estima-se que chegará a 9,6 bilhões em 2050 (dados da ONU de 2013). O quadro de escassez é agravado nas bacias hidrográficas com maiores índices de urbanização, não só pelo crescimento rápido da demanda de água, mas também pela poluição causada pelo lançamento de águas residuais.

Para as empresas, água é um fator de produção de grande relevância em numerosos setores de atividade econômica. A racionalização do seu uso resulta em aumento de competitividade, através da redução dos custos operacionais e da minimização dos encargos.

A melhoria da gestão da água nas operações de uma empresa traz além do benefício do uso de maneira responsável, a redução dos impactos e conflitos relacionados à gestão da água nas regiões de sua atuação; visando garantir além da disponibilidade de água em suas operações, a redução dos custos relacionados a este insumo em seus negócios/operações.

A busca por um planejamento estratégico da água traz uma percepção da sua pegada hídrica e das expectativas em relação ao futuro, frente ao cenário de escassez, de forma a garantir:
• A prevenção e/ou reação para potenciais crises resultantes de disponibilidade, qualidade ou fornecimento de água (minimização de riscos e identificação de oportunidades);
• Vantagem competitiva devido à percepção das partes interessadas (stakeholders) de que a companhia usa os recursos naturais de maneira responsável e tem impacto mínimo nas comunidades e ecossistemas tanto em seus produtos quanto em seus serviços;
• Continuidade e lucratividade das operações aos acionistas através da garantia de disponibilidade de água e da redução dos custos relacionados à mesma.
• A licença legal e social para operar em determinadas regiões (preparação para atuar em cenários críticos futuros quanto à regulação sobre o tema devido escassez do recurso água nas regiões de adensamento demográfico).

Um planejamento estratégico de água visa aumentar a resiliência das empresas, de forma a prepará-la para o inevitável, promovendo sua atuação em cenários críticos através de uma abordagem mais ampla que englobe não apenas o seu site, mas também seu entorno. Compreendendo como as pressões pelos recursos hídricos podem deixar a empresa vulneráveis a riscos, mesmo que a empresa não cause impactos ambientais na bacia. Assim, o planejamento buscará minimizar estes riscos, com uma visão estratégica e buscando novas oportunidades.

Pesquisa realizada pelo CDP Water, em 2013, constatou que um quarto (23%) das empresas entrevistadas não sabia que a água representava um risco para sua cadeia de suprimentos. A falta de gestão adequada ameaça substancialmente a rentabilidade e segurança dos acionistas de uma empresa.

As organizações acreditam erroneamente que o uso da água é o seu principal risco. Estas empresas precisam ter em mente que a gestão da água trará sustentabilidade e perenidade para suas operações e seus novos negócios.

*Francisco R. Ramires e Virgínia Dias de Azevedo Sodré são gerentes de Projetos da Keyassociados Soluções Sustentáveis.

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