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Por falta de chuva, Amazônia está mais vulnerável do que se pensava

Amazônia vulnerável

Efeitos da seca podem ocasionar um desequilíbrio do ecossistema único da floresta e matar árvores que não estão localizadas em áreas de seca

Amazônia Vulnerável

Uma nova análise liderada pelo pesquisador Nico Wanderling, do Instituto Potsdam de Pesquisa em Ação Climática, revela a situação alarmante da Amazônia. Publicada na última terça-feira (2) no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), a pesquisa analisou os efeitos causados pelas secas no bioma.

Um dos maiores sumidouros de carbono do planeta, a Amazônia vem enfrentando períodos de seca mais frequentes e severos. A preocupação do time de pesquisadores vem do fato de que a respiração da floresta é feita à base da água, e a falta dela afeta todo o ecossistema da floresta.

Quando chove, o solo absorve uma quantidade grande de água e tanto ele quanto as plantas devolvem, por meio de evaporação ou transpiração, uma quantidade dessa água para a atmosfera. Após a evaporação, inicia-se a condensação e assim se cria um clima único da floresta, gerando metade das chuvas sobre a Bacia Amazônica.

Outro fator preocupante são as análises para o futuro conduzidas pela equipe. Cenários extraordinariamente secos, como em 2005 e 2010, podem se tornar frequentes a partir de 2050, com secas intensas ocorrendo a cada nove ou dez anos até 2060.

Portanto, para entender os impactos desses períodos na floresta, os pesquisadores utilizaram uma análise de rede com simulação de efeito dominó do período sem chuva. Por meio desse estudo, os pesquisadores conseguiram identificar que mesmo que a seca afetasse apenas uma parte específica da região, os danos podem se estender para outras áreas.

Amazônia Vulnerável – A pesquisa calcula que a cada três árvores que morrem por conta da seca na Amazônia, uma quarta árvore que não foi diretamente atingida também irá morrer. Isso ocorre porque a falta de chuva em um só local já contribui para a diminuição do volume de reciclagem de água, fazendo com que regiões vizinhas sejam afetadas.


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Mas essa proporção também pode ser aplicada em outros cenários.

“Embora tenhamos investigado o impacto da seca, essa regra também vale para o desmatamento. Isso significa essencialmente que, quando você derruba um acre de floresta, o que você realmente está destruindo é 1,3 acre”, explica, em nota, Wanderling.

Os autores chamam atenção para um outro fato. Na Amazônia, os sistemas florestais são adaptados de forma diferente aos períodos de seca e de abundância de água. Isso porque, por conta do território vasto, algumas áreas das florestas enfrentam mais secas do que as outras.

“Assim, descobrimos que mesmo as partes da Floresta Amazônica adaptadas à estação seca não sobreviverão necessariamente a um novo clima normal, e o risco virar uma savana ou nem haver árvores é alto”, acrescenta Boris Sakschewski, coautor do estudo do Instituto Potsdam.

Atualmente, o maior risco de se transformar em savana está localizado no sul da floresta. Esse local apresenta um desmatamento contínuo para pastagem ou soja. Em nota, Ricarda Winkelmann, coautora sênior do estudo e líder da pesquisa de elementos de tombamento no Instituto Potsdam, acredita que os efeitos da estiagem serão mais severos nessas regiões que já sofrem com a ação humana.

Entretanto, nem tudo está perdido. Para os pesquisadores ainda existem chances de salvar a Amazônia, cujos serviços ecológicos são de extrema importância, englobando questões climáticas locais, regionais e globais.

Uma das soluções é exposta pela coautora.

“Sabemos como podemos fazer isso: protegendo a floresta tropical da extração de madeira e reduzindo rapidamente as emissões de gases de efeito estufa para limitar ainda mais o aquecimento global”, resume a climatologista.

Fonte: Revista Galileu


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