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Ensaios de toxicidade crônica com peixes, o que mudou?

Ensaios de Toxicidade com Peixes

No Brasil, as normas da ABNT definem as principais metodologias utilizadas no monitoramento da toxicidade de efluentes e águas superficiais.

Ensaios de Toxicidade com Peixes: No Brasil, as normas da ABNT definem as principais metodologias utilizadas no monitoramento da toxicidade de efluentes e águas superficiais. O monitoramento da toxicidade crônica de efluentes e amostras de águas superficiais/subterrâneas não pode mais ser realizado com D. rerio.

Ensaios de Toxicidade com Peixes – No Brasil, as normas da ABNT definem as principais metodologias utilizadas no monitoramento da toxicidade de efluentes e águas superficiais. Inclusive agências de fiscalização ambiental, como FEPAM (RS) e CETESB (SP), exigem que o monitoramento da toxicidade deste tipo de amostras seja realizado segundo estas metodologias.

As metodologias propostas pela ABNT são elaboradas, adaptadas e revisadas pela Comissão de Estudo Especial de Análises Ecotoxicológicas da ABNT (ABNT/CEE-106). Essa comissão, composta por um grupo de especialistas que incluem representantes das universidades, de laboratórios, industrias, agências ambientais e consultores, reúne-se há mais de 20 anos para este fim.

Dentre as metodologias elaboradas pela ABNT, a NBR 15499 – (Toxicidade crônica de curta duração – Método de ensaio com peixes) previa a possibilidade da utilização de duas espécies de peixes (Pimephales promelas e Danio rerio) para o monitoramento da toxicidade crônica de diferentes tipos de amostras.

Efluentes, águas superficiais/subterrâneas e substâncias químicas poderiam, até então, ter sua potencial toxicidade crônica para peixes avaliadas segundo esta metodologia, utilizando qualquer uma das duas espécies citadas na norma.

 


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A metodologia descrita  originalmente na norma apresentava, contudo, diferentes formas de avaliar os efeitos crônicos para cada uma destas espécies de peixes.

Para P. promelas a avaliação crônica considerava os efeitos sobre a sobrevivência e sobre o crescimento em peso dos peixes, expostos as amostras por 7 dias. Já para D. rerio eram considerados, exclusivamente, os efeitos sobre a sobrevivência no mesmo período. Cabe destacar aqui que, para que o método com D. rerio fosse utilizado era obrigatório que o ensaio fosse realizado com diferentes diluições das amostras, mesmo quando o monitoramento era realizado com amostras de águas superficiais (onde não faz sentido realizar diluições das amostras). Baseado nas mortalidades observadas nas diferentes concentrações da amostra seria calculada a CL15 (concentração que causa mortalidade a 15% dos organismos expostos) e, esta, utilizada para obter o valor crônico estimado. Não havendo mortalidade as amostras eram automaticamente consideradas não tóxicas. Assim, não eram considerados, como nos ensaios com P. promelas, os efeitos sobre o crescimento dos organismos.

Em 2022, ao revisar esta norma, a ABNT/CEE-106 realizou uma das alterações mais radicais em uma de suas normas técnicas. A partir desta revisão (ABNT NBR 15499/2022), o monitoramento da toxicidade crônica de efluentes e amostras de águas superficiais/subterrâneas não pode mais ser realizado com D. rerio.

Baseado em dados publicados em um artigo científico e das discussões durante as reuniões, a Comissão ABNT concluiu que, para efluentes, águas superficiais e/ou subterrâneas, o método poderia ser falho e gerar falsos negativos. Assim, o método utilizando D. rerio ficou restrito para amostras de substâncias químicas (nas quais sempre é possível observar alguma mortalidade), e para os demais tipos de amostras deve-se utilizar o método com o peixe P. promelas.

Considerando que, no Brasil, D. rerio é considerada a espécie de peixe mais utilizada no monitoramento da toxicidade, a alteração da norma vai exigir mudanças na estrutura dos laboratórios que desejarem realizar a análise.

Provedores comerciais para a outra espécie utilizada para esta análise, P. promelas, espécie norte americana utilizada pela USEPA para a avaliação da toxicidade, não são encontrados no Brasil. E, atualmente, apenas dois laboratórios comerciais brasileiros realizam os ensaios (agudos e crônicos) com P. promelas.

Assim, laboratório que desejarem realizar o monitoramento da toxicidade crônica de amostras de efluentes e/ou águas superficiais/subterrâneas deverão implantar o cultivo deste organismo.

Mas o que pode parecer um problema é, na realidade uma vantagem. Os cultivos de P. promelas no laboratório, além de permitir uma total rastreabilidade dos organismos utilizados nos ensaios, também fornece ao laboratório organismos-teste para a realização dos ensaios de toxicidade aguda com peixes.

Desta forma, a partir do fato de que as exigências para manutenção das certificações da qualidade dos laboratórios determina que estes utilizem as versões mais atuais das metodologias disponíveis, as empresas que contratam estas análises devem ficar atentas para os resultados que estão sendo fornecidos.

Por: Alexandre Arenzon
Fonte: Ecotox


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